Comunidade planeja criar associação na Felipe Neri
- Texto enviado pela leitora Luciane Ramos da Silva (Fonte: Zero Hora de 27/11/2008
“Sou moradora da Rua Felipe Neri, e, mais uma vez, um crime abala os moradores do bairro, mas nada é feito pela segurança pública. No mínimo, um assalto por dia acontece nessa rua, o que não é divulgado. Quinta-feira (dia 19 de novembro), os moradores se reuniram em um restaurante para decidir providências.
Primeiramente, optamos por formar uma associação dos moradores da rua. Serão feitas 30 faixas de protesto para colocarmos em frente às residências, conforme autorizados pelos síndicos, e na entrada das ruas que cruzam a Felipe Neri.
Ontem (domingo), um carro de um vizinho foi arrombado aqui na rua. Hoje (segunda-feira), na minha frente e de mais duas vizinhas, um rapaz branco, de boné, com cerca de 25 anos, levou um carro da vizinha do prédio ao lado. Ele estava armado e obrigou ela a entregar a chave do veículo. Isso aconteceu às 19h, dia claro, na frente das pessoas, como se fosse algo normal. Talvez se ela tivesse reagido, seria mais uma a morrer no mesmo local, em um intervalo de sete dias.”
A aparente tranqüilidade da Rua Felipe Neri foi rompida no dia 18 de novembro pelo tiro que atingiu o advogado e engenheiro civil Eduardo José Baum Salomon, 54 anos. Morto em circunstâncias ainda investigadas pela Delegacia de Homicídios, Salomon tinha um escritório naquela rua, para onde se dirigia no momento do crime.
Após o episódio, a comunidade do bairro Auxiliadora, transtornada, resolveu se unir contra a violência. O primeiro passo foi a realização de um encontro para discutir os problemas de segurança da região, e o segundo, a criação de uma associação de moradores, ainda em fase de planejamento.
Presidente interino da nova entidade, Alexandre Favero afirma que a proposta de uma associação existe há mais de dois anos. Segundo ele, o recente acontecimento fez com que as pessoas se mobilizassem. Agora, a comunidade deve iniciar uma série de reuniões para discutir questões pertinentes e “tentar melhorar a rua”.
– Estamos tentando resolver a questão da segurança, que é um problema não só da Auxiliadora, mas do Moinhos e da Bela Vista também – afirma.
Ainda para Favero, que há nove anos está ligado à região, esse é apenas o início de um caminho a ser traçado. Com a associação, os principais problemas a ser combatidos são roubo de carro, furto de estepe e pichação. A possibilidade de contratação de segurança privada também é estudada pelo grupo que participou da reunião.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Mais uma comunidade se levanta contra a insegurança na rua e no bairro onde vivem cidadãos reféns do medo. Preocupa a todos o desrespeito às leis, a total ausência do policiamento ostensivo, o enfraquecimento da polícia judiciária, a liberalidade do judiciário, as prisões caóticas, a inoperância do ministério público na defesa da cidadania, a inércia dos legisladores e a negligência do Executivo. O crime está tomando conta das ruas e os moradores estão acuados. Só um amplo levante de reação popular poderá tirar os governantes da cegueira e da omissão. Vamos "torpedear" de abaixo-assinado os Poderes de Estado e no período 2009-2010 vamos angariar assinaturas para mudar o sistema e as leis, ou então entrar com uma ação popular pedindo a redução drástica do númemo de parlamentares e corte na cota orçamentária prevista para os poderes legislativos em todos os níveis federativos.
A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
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