A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

REBELIÃO CONTRA SERVIÇO INEFICIENTE


ZERO HORA 09 de abril de 2014 | N° 17758

CAIO CIGANA

FÓRUM DA LIBERDADE

Gerdau sugere rebelião contra serviço ineficiente

Para o empresário, atendimento à população tem baixa qualidade no país



Insatisfeito com o baixo crescimento do Brasil e com a qualidade dos serviços públicos, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter pregou ontem que o Brasil aumente a poupança para elevar o nível de investimentos.

Com essa receita associada ao aperfeiçoamento da gestão pública, traçando metas de longo prazo, será possível melhorar a competividade e ao mesmo tempo prestar melhores serviços à população, destacou o empresário em sua palestra ontem, no 27º Fórum da Liberdade, na Capital.

Embora tenha poupado de críticas mais duras o governo federal, onde contribui à frente da Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade, Gerdau mostrou contrariedade com a preferência brasileira em negociações comerciais com o Mercosul, enquanto os países da região do Pacífico fazem acordos bilaterais com os Estados Unidos e o bloco europeu.

O empresário citou a mobilidade urbana como exemplo de serviço de baixa qualidade e ilustrou citando a Central do Brasil, no Rio:

– Quem tem esposa e filha e tem que enfiar naquele trem, não dá para aceitar. Tem que ter uma rebelião.

Na segunda-feira, Gerdau teve, no fórum, encontro reservado com o pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Revelou que foi questionado sobre o número de ministérios ideal para o Brasil – hoje são 39.

– Disse que uns seis – contou.

Apesar da lista de entraves, o encerramento de Gerdau foi otimista:

– Não achei lugar melhor para trabalhar e investir do que o Brasil.


ENTREVISTA > JORGE GERDAU - EMPRESÁRIO


“É indiscutível que existe um conflito de estratégias”




Depois da palestra ontem à tarde, o presidente do conselho de administração da Gerdau, Jorge Gerdau, concedeu entrevista a ZH com a condição de que falaria somente sobre sua participação no Fórum da Liberdade. O empresário respondeu algumas perguntas sobre a Petrobras, da qual foi conselheiro até a semana passada, mas encerrou a conversa após ser perguntado sobre as CPIs que estão sendo propostas no Congresso.

Zero Hora – Uma das críticas recorrentes no fórum é o intervencionismo do governo federal. O senhor vê este intervencionismo no caso da Petrobras, que perdeu valor de mercado de forma muito acelerada nos últimos anos?

Jorge Gerdau – É indiscutível que existe um conflito de estratégias. Há dois interesses. Um é a política de combate à inflação e o outro é a política de preços da Petrobras. É um tema complexo e que o governo tem tentado manter equilibrado. Indiscutivelmente, é uma política de definições estratégicas para atender o não crescimento da inflação e significa intervencionismo em regras do mercado.

ZH – Mas o senhor considera correto, visto que o senhor também construiu uma grande companhia de capital aberto?

Gerdau – Se eu olhar sob o ponto de vista do mercado, acho que tem de fazer política de mercado. Se estou do outro lado, a política de combater a inflação também é correta. Isso é uma definição macropolítica de governança que o governo tem que tomar.

ZH – Mas a prioridade de uma companhia de capital aberto não seria entregar resultado para seus acionistas?

Gerdau – Se olhar como acionista, sim. Uma das coisas que o acionista tem de fazer é olhar quem é o controlador da empresa. Quando o controlador é o Estado, se corre esse risco.

ZH – O senhor acha válida a criação de uma CPI da Petrobras?

Gerdau – Não tomo posição sobre isso.