A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

VALE-TUDO IDEOLÓGICO

O GLOBO, 25/07/2011 às 17h08m

Entidades com longa história de vigilância sobre governos, como a UNE, se mantêm em silêncio diante da enxurrada de casos de corrupção ocorridos desde 2003, quando Lula assumiu o primeiro mandato. Dois anos depois estourou o mensalão, em que há crimes de lavagem de dinheiro e também de desvio de recursos públicos, entre outros. Silêncio total. E assim tem sido até agora, na sucessão de escândalos nestes quase sete meses de governo Dilma. Sequer apoio à presidente, petista, é dado.

Forja-se, agora, uma curiosa desculpa para essa imobilização: tudo seria fruto do "udenismo" da oposição e, claro, da imprensa independente e profissional. Quer-se, com isso, importar das décadas de 50 e 60 uma luta ideológica entre a UDN de Carlos Lacerda e o PTB de Getúlio, Jango e Brizola, um anacronismo. Além de se considerar que havia mesmo corrupção no Palácio do Catete daqueles tempos, hoje a conjuntura é muito diferente. Não há qualquer campanha ideológica orquestrada contra qualquer governo, apenas -- o que não é pouco -- fatos concretos, substantivos, de malfeitos na esfera do poder.

O mensalão, de tão substantivo, virou peça de acusação do Ministério Público Federal aceita pelo Supremo, que se prepara para julgar o histórico processo em 2012, salvo chicanas advocatícias. Nele estão figuras estreladas do PT, como José Dirceu, Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares - recebido de volta pelo partido sem pudores -, João Paulo Cunha etc. Talvez isto iniba a UNE, sindicatos e movimentos ditos sociais, também dependentes de verbas públicas. Fica evidente que, na ótica de algumas organizações, há corrupções e corrupções. Se o escândalo envolve o governo Collor de Mello, a postura é uma; caso atinja o PT, o silêncio impera. (Não se deve mesmo esquecer que existe um mensalão tucano mineiro no Supremo, à frente dele o ex-governador Eduardo Azeredo). Não há como ressuscitar no século XXI os embates ideológicos do início da metade do século passado. Não está em questão a tomada do poder, mas a lisura no manejo do dinheiro do contribuinte, o que não pode ser considerado desimportante. Mas, em nome da manutenção do poder, faz-se vista grossa a escabrosos assaltos ao Tesouro, cometidos à vista de todos.

Há o perigo de UNE, MST e entidades sindicais reeditarem algo também tão carcomido quanto o embate de "udenismo" versus "trabalhismo/getulismo": o "rouba mas faz" do populismo de Adhemar de Barros da política paulista daqueles mesmos tempos. Uma ideologia distorcida que se manteve na vida pública de São Paulo até Paulo Maluf.

Recoloca-se a também antiga questão dos "fins que justificam os meios", cacoete de movimentos de esquerda que terminou desaguando no mensalão e em outras impropriedades em certas empresas estatais. O fato de a UNE fazer um congresso patrocinado pelo dinheiro público é apenas um aspecto, seja uma caneta petista ou tucana que libere as verbas. Há mesmo eventos de organizações da sociedade que precisam e devem contar com apoio do poder público.

O ponto é outro: o que UNE, sindicatos, MST e similares dão em troca do acesso ao dinheiro do contribuinte. O silêncio diante da enxurrada de casos de desvio de dinheiro do Tesouro é grave. Inevitável que se faça ligação entre uma coisa e outra. Há - ou deveria haver - preceitos éticos que pairam sobre partidos e ideologias, bem como o compromisso inegociável com eles. Se não, a vida pública se resume a um vale-tudo de quinta categoria, sem aprimorar a sociedade.

domingo, 24 de julho de 2011

MOBILIZAÇÃO

BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL, Porto Alegre, Domingo, 24 de Julho de 2011.

O histórico de escândalos de corrupção desautorizam os recentes editoriais que cobram do "povo" uma atitude radical contra atos de corrupção.

Por que os brasileiros não fazem passeatas contra a corrupção?

Essa tem sido a mais nova e radical preocupação, inclusive desta coluna, passando a nítida impressão de uma novidade - corrupção - na vida do miserável e extorquido povo brasileiro. Ledo engano, miserável mentira sociológica.

O histórico de escândalos de corrupção registrado nos anais da República desde e antes de sua fundação, quando ainda éramos uma monarquia, desautorizam os recentes editoriais que cobram do "povo" uma atitude radical contra atos de corrupção.

Dilma Rousseff para alguns medíocres deve ser permanentemente comparada com o ex-presidente Lula, condição que permite as mais levianas e inúteis considerações políticas.

No dia 28/08/2010 o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não faria o sucessor, apesar da alta popularidade. Na ocasião, o responsável por um dos mais tradicionais institutos de pesquisas do País assegurava que o presidente não conseguiria transferir seu prestígio pessoal para um "poste", como tratava a ex-ministra Dilma Rousseff. A um mês das eleições e respaldado por números apresentados em pesquisas diárias, Montenegro fez um mea-culpa. "Errei e peço desculpas.

Na vida, às vezes, você se engana", afirmou em entrevista aos repórteres Octávio Costa e Sérgio Pardellas, da IstoÉ. "O Brasil já tem uma presidente. É Dilma Rousseff. Eu nunca vi, em quase 40 anos de Ibope, uma mudança na curva, como aconteceu nesta eleição, reverter de novo. Por mais que ainda faltem 30 e poucos dias para a eleição, o Brasil já tem uma presidente. É Dilma Rousseff." O poderoso presidente do Ibope na ocasião destacou o preparo da candidata Dilma: "Ela tem mostrado capacidade de gestão, equilíbrio, tranquilidade e firmeza. Outra razão é seu bom desempenho na televisão, inclusive nos debates e entrevistas. Lula acertou ao dizer, em entrevista à IstoÉ, que ela era um animal político. Está mostrando muito mais capacidade que os adversários e mostra que tem preparo para ser presidente". Segundo manchetes deste dia 23/07/2011 do jornal O Globo: "Analistas: Dilma cresce na opinião pública". ou: "Especialistas e políticos alertam, porém, que presidente pode ter problemas no Congresso".

Outro, analista do mesmo jornal foi taxativo: "A presidenta não terá apoio só da classe média, terá apoio de todo cidadão honesto que quer o fim da impunidade". A presidenta Dilma não deve perder tempo com entrevistas exclusivas a determinados grupos de mídia.

Talvez, a próxima grande indagação dos cidadãos, não seja mais sobre a incompetência do executivo - Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e outras - para combater a corrupção, nepotismo, e outros tais que transformam qualquer cidadão consciente em um revoltado, mas sim na morosidade do Judiciário. Salvo melhor juízo, Dilma está com a faca e o queijo nas mãos. O povo apoia incondicionalmente uma "faxina" no Estado. Tomara que a presidenta não deixe passar batido o cavalo encilhado! A conferir!

NÃO ACEITO A DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

José Roberto Doubek Lopes, Jornalista - JORNAL ACORDA BRASIL, MATÉRIA 1220

Há muito tempo pressiono os prefeitos de minha cidade, Piedade, SP pelas nomeações irregulares para cargos comissionados. A Prefeitura local sempre foi um grande cabide de empregos. A cada prefeito que toma posse, um monte de apadrinhados políticos é nomeado sem concurso público para ocupar cargos considerados – em sua maioria e indevidamente - como comissionados. Nomeações sem concurso para órgãos públicos só podem ser feitas para cargos com atribuições de direção, chefia e assessoramento e, assim mesmo, obedecendo legislação específica. De nada tem valido minha pressão junto aos prefeitos. Apelei para o Ministério Público. Também de nada valeu minha providência. Até o Conselho Superior da instituição homologou a solicitação de arquivamento de minha denúncia feita pelo promotor da cidade. O Inquérito Civil aberto pelo MinistérioPúblico, a rigor, não fez investigação alguma. Antes que esse arquivamento fosse decidido e a conselho de um promotor-plantonista do próprio Ministério Público em São Paulo, movi Ação Popular contra o prefeito responsabilizando-o pelas irregularidades. A Ação ainda está tramitando. Para reforçar minha briga, apresentei, também, denúncia ao Tribunal de Contas do Estado.

Na tramitação da Ação Popular, a Justiça solicitou do prefeito a descrição das atribuições de todos os comissionados. O prefeito apresentou e, com isso, praticamente, confessou os ilícitos. As atribuições de quase 90% dos 156 comissionados existentes à época não eram nem de direção, nem de chefia nem de assessoramento. As descrições das atribuições estão documentadas nos autos, da folha 583 à 605. Incontinenti, encaminhei ao Tribunal de Contas cópias delas como provas indiscutíveis para subsidiar minha denúncia.

Dias atrás, fui informado pelo mesmo Tribunal da decisão de aprovação das contas do município. O Relatório do exame das contas faz referência expressa à minha denúncia mas acaba registrando o seguinte:

“A auditoria evidenciou que, não obstante o número considerável de servidores admitidos no período (76 servidores), as contratações foram feitas para cargos com atribuições de direção, chefia e assessoramento. Por amostragem, verificou a formalização dessas contratações e não encontrou irregularidades.”

A simples leitura das atribuições descritas pela Prefeitura indica as irregularidades das nomeações. Com a descrição delas comissionado por comissionado não caberia ao Tribunal um exame por amostragem conforme citado no Relatório. O critério de amostragem pode ser válido para exames de rotina. Nunca para apurar casos de irregularidades especificamente denunciadas. A cada uma deveria corresponder um levantamento.

Convém esclarecer que a quantidade de nomeados indicada no Relatório refere-se somente às nomeações feitas no ano de 2009. A diferença entre essa quantidade e a indicada em minha denúncia corresponde aos nomeados em administrações anteriores que permaneceram nos cargos.

A decisão que tomei foi encaminhar questionamento ao Conselheiro Robson Marinho, Relator do Parecer, com solicitação de sua revisão. Tribunais de Contas existem para garantir a lisura das finanças públicas. Brigarei para que essa função seja cumprida. Manterei os leitores informados sobre o andamento de meu pleito.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este fato é mais um que demonstra a incapacidade do cidadão contra o poder político. Nos parece que os instrumentos de Estado são criados para defender os integrantes do Estado e não o cidadão do povo que paga impostos e detém o mandato dos políticos (diretamente) e dos detentores de cargos públicos (indiretamente), já que "todo o poder emana do povo" (artigo primeiro,parágrafo único). Já está na hora de uma revolução moral no Brasil com os Tribunais de Contas saindo das mãos de políticos escolhidos por seus pares, para a escolha por sufrágio universal entre magistrados e técnicos da área fiscal. Só assim, as ilicitudes no poder poderão ser coibidas e responsabilizadas de forma exemplar, resgatando a confiança do Povo no Estado brasileiro.

REAÇÃO DAS COMUNIDADE CONTRA O AUMENTO DO NÚMERO DE VEREADORES



FESTA DOS CANDIDATOS. A reação da comunidade

Os defensores do aumento no número de vereadores argumentam que Câmaras maiores representam melhor a população, permitem maior oxigenação e intensificam a fiscalização do Executivo.

– Quanto mais olhos, mais cuidado, quanto menor o grupo, mais fácil de manipular – defende o presidente da União de Vereadores (Uvergs), Antônio Inácio Baccarin.

Raciocínios como esse não empolgam moradores de boa parte dos municípios que discutem o aumento de vagas. Em Cachoeira do Sul, a Câmara aprovou a criação de cinco vagas mesmo com uma emenda de iniciativa popular para manter o número em 10. A Câmara de Agronegócio, Comércio, Indústria e Serviços coletou mais de 5 mil assinaturas a favor das 10 cadeiras, segundo a presidente Cecília Chaves Machado.

– Se os 10 vereadores forem qualificados, o número é suficiente – diz ela.

Em Santa Cruz, o contador Cláudio Cariboni encabeça uma movimentação por meio das redes sociais, telefone e adesivos em carros. Fez uma vaquinha e instalou até um outdoor com a inscrição “11 tá bom!”.

Ele acredita que a reação poderá fazer recuar o projeto que fixa 17 cadeiras:

– Vereadores só carimbam o que vem do governo, e isso não irá mudar porque o governo formará uma maioria, nada será criticado e fiscalizado.

Reações começam a fervilhar em outros municípios. Em Novo Hamburgo, moradores coletaram 10 mil assinaturas contra a mudança. Em Igrejinha, os vereadores retiraram o projeto por conta da reação da população e optaram por deixar tudo como está.

Lei fiscal barra ampliações

Todos os anos sobra dinheiro em quase todas as Câmaras gaúchas, e o aumento no número de vereadores não irá modificar o valor que os municípios têm de repassar a seus legislativos. O risco, porém, é de extrapolar o limite com gasto em pessoal.

Para respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, os vereadores não podem gastar mais de 70% de seu orçamento com pessoal. Em Porto Alegre, a presidente Sofia Cavedon (PT) teme pela criação de uma única vaga. Em 2011, consumiu 64,49% com pessoal, mas em 2010, devido à oscilação na receita, segundo Sofia, a folha extrapolou o teto de 70%. Uma vaga a mais na Capital, se estivesse valendo em 2011, geraria gastos de R$ 400 mil a R$ 500 mil ao ano, o que representaria 0,89% no gasto com pessoal.

– Este ano tem folga, mas se fosse no ano passado, seria dramático – avalia Sofia.

Em Alvorada, que decidiu aumentar de 13 para 17 cadeiras, será necessário cortar três assessores por vereador, calcula o presidente Neto Girelli (PTB). É também o caso de Cachoeirinha, que ampliou de 11 para 17 e já bate no limite. Devem ser cortados três assessores de cada vereador. Em Passo Fundo – onde haverá o maior aumento de cadeiras –, o presidente Luiz Miguel Scheis (PDT) pretende conter o aumento de CCs.

Presidente da CNM, Paulo Ziulkoski afirma que as Câmaras gaúchas gastam metade do que poderiam por lei. A sobra orçamentária que volta para os cofres dos municípios, no entanto, se aumentar o número de vereadores, será menor, acredita. Ziulkoski acrescenta que em 2012, os vereadores também deverão reajustar seus salários.

De acordo com o diretor-geral do Tribunal de Contas do Estado, Valtuir Nunes, os gestores que ultrapassarem o limite com pessoal poderão ter as contas julgadas irregulares e ficar inelegíveis. Autor da emenda que mudou as regras, Pompeo de Mattos é um defensor do maior número possível de representantes do povo:

– Os vereadores contra o aumento no número de cadeiras fazem proselitismo. Dizem que não querem mais gastos, mas no fundo, querem mais estrutura para eles próprios.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É muita cara-de-pau! Convivendo com promessas vãs e eleitoreiras e com o completo abandono estatal da saúde, da educação e da segurança, a sociedade organizada não deveria tolerar mais esta farra que saqueia os cofres públicos e reduz investimentos em direitos sociais. É mais uma demonstração que o poder político não está nem aí para as áreas prioritárias, pois prioriza o interesse político e militante, e despreza de forma contundente o sacrifício do povo brasileiro na busca do atendimento médico, de leitos para tratamento, de melhor educação para seus filhos e de segurança para sair às ruas e permanecer nos seus lares.

Esta na hora do povo acordar e impedir mais este abuso ocupando o plenário e a tribuna nas câmaras de vereadores exigindo a redução do número e salários, transformando o mandato de vereador em serviço comunitário pago com ajuda de custo por comparecimento em sessão legislativa. O efeito cascata oriundo das farras salariais promovidas pelo Congresso Nacional saqueia os cofres municipais e reduz investimentos que deveriam beneficiar o bem estar e a paz social dos munícipes.


Sem reação social, será mais achaque impune que abrirá as portas para outras farras.

sábado, 23 de julho de 2011

A FORÇA DAS RUAS


Na maior onda de protestos em duas décadas, estudantes chilenos obrigam o governo a mudar o sistema educacional. Mariana Queiroz Barboza - REVISTA ISTO É, N° Edição: 2176, 23.Jul.11 - 11:07

Era fim de tarde da segunda-feira 18 quando super-homens, batmans e mulheres-maravilha começaram a dançar na Plaza de Armas, em Santiago, a poucas quadras do Palácio La Moneda, sede do governo do Chile. O ato durou só seis minutos, mas se tornou um marco da luta dos estudantes chilenos por mudanças no sistema de ensino do país. Desde maio, milhares de secundaristas e universitários têm ido às ruas protestar – e as manifestações quase sempre são marcadas por elevadas doses de humor.

Os jovens já criaram uma praia artificial, ficaram seminus, organizaram uma maratona, um baile de carnaval e até promoveram um ousado “besatón” (algo como “beijaço” coletivo). Tudo combinado pela internet, a exemplo das passeatas que tomaram o mundo árabe e a Espanha no primeiro semestre. Trata-se da maior onda de protestos realizada no Chile desde a redemocratização, em 1990.

“Esses movimentos são espontâneos, parecidos com os dos anos 60”, diz o cientista político Bruno Konder Comparato. No caso chileno, as manifestações encontraram na estudante de geografia Camila Vallejo, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), um símbolo.

O rosto delicado e os olhos azuis alçaram Camila à condição de musa nacional, presente diariamente nos telejornais e seguida por 42 mil pessoas no Twitter. “Nosso país precisa avançar para um novo modelo educativo público, gratuito e de qualidade”, disse ela em carta aberta.

Primeiro país da América Latina a implementar reformas de cunho neoliberal, o Chile sustenta bons níveis de crescimento econômico (5,2% em 2010 e previsão de 6,6% em 2011), mas sofre com a desigualdade social. Durante seu governo de quase duas décadas, o general Augusto Pinochet reduziu o repasse do Produto Interno Bruto (PIB) à educação de 7% para 2,3%. Segundo os dados mais recentes da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), o aporte público na educação chilena foi de 3,7% no biênio 2007/2008. Para efeito de comparação, Brasil e Argentina investiram mais de 5% no mesmo período.

O barulho já começou a causar estragos. Nas pesquisas de opinião mais recentes, a popularidade do presidente Sebastián Piñera, que em outubro do ano passado chegou a 63% após o resgate dos 33 operários da mina San José, caiu para 30%. Piñera reagiu.

No início do mês, anunciou a criação de um fundo de US$ 4 bilhões para a educação, que prevê, entre outras medidas, a ampliação de bolsas estudantis e a redução nos juros do crédito educativo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

REAGE BRASÍLIA

ENCONTRO DA CIDADANIA – Reage Brasília

Ajudem a divulgar e vamos participar ...

A população brasiliense vivencia uma das suas piores crises político/administrativas, sem precedentes, que assusta até mesmo alguns dos seus atores, diante de tantos escândalos envolvendo os três poderes.

Deparamos no nosso dia a dia com uma população assustada, preocupada e desnorteada, mesmo sabendo que o país e Brasília, especialmente, precisam de mudanças.

Mas, mudar o quê? Onde? Como? Se todas as nossas instituições, respeitadas as exceções, estão envolvidas?

Estamos na Capital do país, a cidade política, a capital da administração pública, o centro das decisões nacionais e hoje considerado o centro da corrupção e dos maus exemplos.

Em todos os anos eleitorais os TREs gastam fortunas com propaganda apelando para que os eleitores não deixem de votar, que votem no melhor candidato. Mas quem é o melhor? Qual critério o eleitor deve utilizar para escolher o melhor? É o médico? O Advogado? O engenheiro? O empresário? O palhaço? O cantor? O analfabeto? Ou o político “profissional” que usa o nosso dinheiro para enriquecimento ilícito e para sustentar os seus currais eleitorais e se perpetuar no poder, juntamente com sua família e seus laranjas?

Enquanto isto a saúde está na UTI, a educação não educa, o transporte é caótico, os nossos representantes não nos representam e, para completar, as cidades do entorno de Brasília viraram refúgios de bandidos, o que tende a agravar ainda mais a nossa insegurança.

Por quê então tantos descalabros político/administrativos e tanta falta de seriedade com a “coisa pública” que se acumula há décadas, visto que, persistindo a situação todo mundo só tem a perder?

É evidente que numa linha de pensamento positivo, quando temos um problema em qualquer circunstância, o recomendável é reunir as pessoas envolvidas e prejudicadas para discutir a situação e buscar soluções.

Desta forma, nós, moradores de Brasília, convidamos você, estudante, profissional liberal, empresário, professor(a), donas de casa e etc., para um encontro que denominamos de Encontro da Cidadania, que acontecerá na CLDF no dia 23 de Agosto, a partir da 9:00 horas, estaremos recebendo visitantes em nossa tenda, a fim de discutirmos as propostas de mudanças e iniciando uma reação pacífica a todos esses desmandos, através da Marcha Pela Moralidade, que acontecerá às 16:00 horas.

Não temos intenção de buscar culpados, mas sim, de ter consciência sobre o porquê de tantos desastres que estão destruindo nosso valores éticos e morais e degradando a nossa sociedade, a fim de tentarmos encontrar o caminho que possa resgatar a nossa dignidade e o nosso orgulho de ser brasilienses, que nos foi legado por JUSCELINO KUBSTCHEK.

OS NOSSOS OBJETIVOS ESTÃO FOCADOS NA CORREÇÃO E NO IMPEDIMENTO DE ATOS ILEGAIS, SEM BANDEIRA POLÍTICO/PARTIDÁRIA.

Tema: Reage Brasília Local: Buriti-TJDFT-CLDF Hora: Tenda a partir das 09:00 - Marcha às 16:00 – Momento Cultutual 18:00
Ato: Vestir Preto ou Colocar Fita preta
Confirme sua presença no facebook do Adote Um Distrital
Contato: adoteumdistrital@uol.com.br
Fone: 9935 0348 - 8491 6653

A LETARGIA DE UM POVO

CAUSAS DA LETARGIA DIANTE DA CORRUPÇÃO. EDITORIAL O GLOBO, 20/07/2011 às 16h47m

Em artigo publicado no GLOBO, o correspondente do jornal espanhol "El País", Juan Arias, expôs sua perplexidade diante da letargia cívica que acomete a sociedade brasileira enquanto se multiplicam casos de corrupção. O afastamento de dois ministros, Antonio Palocci e Alfredo Nascimento, em poucos meses de governo Dilma, seria motivo para alguma manifestação. Até porque, antes de serem fatos isolados, constam de um longo ciclo de malfeitos na esfera pública.

É ainda mais estranha a passividade quando se considera - como levou em conta Arias - que este mesmo país já ocupou ruas e praças em defesa da volta das eleições diretas e pelo impeachment, por corrupção, do presidente Fernando Collor. Nos últimos tempos, apenas atraem multidões, observou o jornalista, a defesa da liberalização da maconha, a luta contra a homofobia e igrejas evangélicas. "Por que não reagem os brasileiros?" - é o título do artigo de Arias.

O fenômeno da inapetência política diante de assaltos aos cofres abastecidos com pesados impostos pelo contribuinte tem múltiplas raízes. A mais profunda deriva da bem-sucedida execução de um projeto de cooptação - com dinheiro público, claro - dos sindicatos, organizações da sociedade civil, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), e movimentos ditos sociais. Todos convertidos em correias de transmissão do lulopetismo.

Repartida a máquina pública dentro da filosofia do toma lá dá cá do fisiologismo, couberam ao MST e satélites, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento e o Incra; e aos sindicatos, o Ministério do Trabalho, e por óbvio, respectivas verbas. Assim, soube o lulopetismo desativar os motores de ignição clássicos de manifestações políticas. Até o 1º de Maio, data de reivindicações sindicais, foi convertido num dia de quermesses.

Afinal, as agremiações sindicais estão no poder. Na reedição sem retoques de uma política getulista, o governo Lula oficializou a existência das centrais, dando-lhes a chave do cofre do imposto sindical, um dinheiro de acesso fácil, recolhido compulsoriamente dos assalariados, e sem a necessidade de comprovação de gastos. Tudo ao contrário do que defendia o "novo sindicalismo" nascido sob a liderança de Lula no final da década de 70.

Também não pode ser desprezado o efeito hipnótico do crescimento econômico com inflação sob relativo controle, embora alta. Acrescente-se o crédito farto - caro, mas com prestações a perder de vista - e estará pronto o cenário de tranquilidade para os inquilinos do poder.

Não é inédito. Guardadas as devidas diferenças históricas, também no auge do "milagre brasileiro" a classe média não se opôs à ditadura militar, enquanto conseguia comprar no crédito direto o primeiro carro do filho recém-aprovado no vestibular.

Outro aspecto a ser considerado é que, com Lula, a partir de 2003, passou a ser aplicado um projeto de poder, não de governo. Em nome dele, tudo é válido - mensalões, aloprados, getulização do Estado, doação do Ministério dos Transportes ao PR e a Valdemar Costa Neto. O silêncio literalmente vale ouro.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Muito bom este editorial. Parabéns. Poderia afirmar também que uma das causas desta letargia é a impotência do povo brasileiro diante da falta de alternativas de reação social diante de leis fracas, de parlamentares comprometidos e de uma justiça burocrata, benevolente e dependente do gerenciamento político. Para derrubar um Estado ganancioso e omisso, uma revolução precisa de um motivo contundente capaz de captar lideranças confiáveis e levantar uma forte massa de indignados. Infelizmente, a pesada carga de impostos, as arrecadações recordes de tributos, os salários abusivos dos integrantes do Poder, os atos secretos no parlamento, as farras com dinheiro público, a corrupção e o desrespeito à constituição e às leis brasileiras ainda não foram suficientes para levantar o cidadão, os clubes de serviço, as associações e as comunidades para uma forte "mobilização" cívica nas ruas.

A INCAPACIDADE DE REAÇÃO DO POVO

PRIORIDADES - BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL.21 de Julho de 2011.

O Brasil daria uma lição ao mundo se desistisse de sediar a Copa de 2014 para priorizar o bem-estar de todos os seus cidadãos, abrindo mão, por imperativo social, de gastar bilhões apenas para agradar alguns milhares de torcedores ao redor do planeta.

É chocante e insuportável ver de perto a situação das emergências nos hospitais!

Escondida em corredores apertados e com pouca iluminação, uma verdadeira procissão invisível de desvalidos cidadãos implora atendimento. Homens, mulheres, velhos, jovens e crianças com o olhar perdido no horizonte esperam passivamente pelo milagre de um leito hospitalar, mantido pelos impostos pagos pelos próprios pedintes humilhados. Nenhuma justificativa governamental poderá explicar a situação de mendicância na rede do SUS, considerando a escandalosa decisão de gastar bilhões de reais na construção de estádios de futebol, os quais não irão acrescentar nada, nem mesmo aos moradores dos bairros onde serão erguidos com o dinheiro público que faz falta na rede de saúde em todo o território nacional.

É incrível a incapacidade de reação do povo. O mesmo povo que comparece em massa nas passeatas contra a homofobia em defesa do movimento GLBT, ou mesmo a favor da liberação da maconha, apanha como bicho sarnento nas filas dos postos de saúde, nas emergências dos hospitais, em ônibus superlotados, nos fantásticos gargalos do trânsito, vê o lixo espalhado por suas calçadas esburacadas, suporta bovinamente a falta crônica de professores nas salas de aula onde estão seus próprios filhos, enfrenta ruas de medo sem policiamento preventivo e ostensivo, paga juros galácticos e sequer esboça alguma reação de contrariedade. Baixam a cabeça, amaldiçoam os políticos, torcem pelas humilhações da Norma contra o Leo, aguardam ansiosos a futura galinhagem da fazenda enquanto catam moedas para pagar o busão!

Ontem chegamos ao fundo do poço quando, segundo reportagem local, fontes do Palácio Piratini admitiram que os 70 delegados e os 500 policiais civis que brindaram os cidadãos de bem deste Estado com a Operação Cartola cometeram excessos e que, em próximas ações do tipo, os agentes da lei deverão agir com "discrição". Com todo o respeito, mas na qualidade de apenas um dos milhões de palhaços deste circo de horrores, faço questão de ações "espetaculosas" sempre que supostamente o alvo seja combater a corrupção. Os milhões de reais, que políticos nefastos desviam através de discretíssimas operações nas mais variadas fórmulas de corrupção, fazem absoluta falta nos serviços essenciais que deixam de ser prestados à população que paga toda a conta de forma pacífica e ordeira, mesmo sendo submetida a todo o tipo de privação no dia a dia.

O Brasil daria uma lição ao mundo se desistisse de sediar a Copa de 2014 para priorizar o bem-estar de todos os seus cidadãos, abrindo mão, por imperativo social, de gastar bilhões apenas para agradar alguns milhares de torcedores ao redor do planeta. Combater de forma radical e implacável a corrupção, impondo humilhação pública aos corruptos e priorizar o povão que sofre com a precariedade nas áreas de saúde, educação, justiça e segurança pública deveria ser a meta de qualquer governante desta nação. Sediar jogos da Copa do Mundo? Já tentou pegar um táxi em Porto Alegre a partir das 17h? Em dia de chuva? Nossos comediantes estão perdendo espaço para os políticos. Viramos o País da piada pronta. Estou exagerando? A conferir!

terça-feira, 19 de julho de 2011

REAÇÃO CONTRA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E DESCASO DO ESTADO

MOVIMENTEM-SE A SOCIEDADE ESPERA MAIS DA NOSSA ORGANIZAÇÃO

CONVOCAÇÃO - O POVO BRASILEIRO ESTÁ CONVOCADO PARA GRANDE MANIFESTAÇÃO

PARALISAÇÃO

DIA 1º DE AGOSTO DE 2011, SEGUNDA-FEIRA

EM PORTO ALEGRE TODOS NA ESQUINA DEMOCRÁTICA AO MEIO-DIA,


VENHA APOIAR ESTE MOVIMENTO

SEGUINDO O EXEMPLO DO POVO ÁRABE, QUE SE CANSOU DO GOVERNO, OS BRASILEIROS NÃO PODEM MAIS SUPORTAR / ACEITAR QUE SEUS GOVERNANTES FAÇAM DESTE PAÍS UM NEGÓCIO DE ENRIQUECIMENTO PRÓPRIO E NOS DEIXEM AO DESCASO DA IRRESPONSABILIDADE DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS.

PRESTEM ATENÇÃO:

- auxílio-reclusão = média de R$ 586,51;

- salário-mínimo = relutantemente R$ 545,00;

- custo médio do presidiário = R$ 1,7 mil;

- custo médio do estudante de Ensino Fundamental e Médio = R$ 149,05.

É O "PAÍS DO TUDO PODE"! REFORMA POLÍTICA JÁ:

- Redução do número de senadores, deputados federais e estaduais e vereadores

REFORMA JUDICIÁRIA JÁ !! REFORMA TRIBUTÁRIA JÁ !!

SOMENTE DESSA FORMA, FICAREMOS COMPETITIVOS COM O MUNDO AÍ FORA

JÁ NÃO TEREMOS AS REFORMAS NOS AEROPORTOS E ESTÁDIOS DE QUE PRECISARÍAMOS - A COPA E AS OLIMPÍADAS ESTÃO SE APROXIMANDO, E POUCA COISA NOS FICARÁ COMO ESTRUTURA. SERÃO DADOS ''JEITINHOS'', E PAGAREMOS ALTO, TENHA CERTEZA!

LEMBREM-SE QUE TUDO ISSO, SEREMOS NÓS QUE PAGAREMOS, UM ALTO CUSTO EM IMPOSTOS E AJUSTES FISCAIS.

OS ADMINISTRADORES DE BRASILIA, NÃO ESTÃO NEM AÍ PRA QUEM VAI PAGAR A CONTA.

ALEM DO GENOCIDIO DOS APOSENTADOS, ACHACANDO OS IDOSOS, DESTRUINDO FUNDOS DE PENSOES , REAJUSTANDO SEUS PROPRIOS SALARIOS, PARA VALORES ALTISSIMOS, E ENGABELANDO OS MAIS POBRES, COM SALARIOS FAMILIA E OUTRAS MISERIAS.

CARAS-PINTADAS EM AÇÃO: OS POLÍTICOS PRECISAM ESTAR SOB O NOSSO CONTROLE, SEREM NOSSOS FUNCIONÁRIOS, NOSSOS REAIS REPRESENTANTES.

NÃO À IMUNIDADE PARLAMENTAR! NÃO À CORRUPÇÃO! NÃO À POUCA VERGONHA PÚBLICA!

O BRASIL PRECISA MUDAR E VOCÊ PRECISA ESTAR CONOSCO. SOMENTE UNIDOS, IREMOS MUDAR O NOSSO PAÍS.

NOSSO POVO ESTÁ MORRENDO NAS FILAS DOS HOSPITAIS PÚBLICOS, AMBULÂNCIAS E EQUIPAMENTOS COMPRADOS JÁ DERAM A ALGUM POLÍTICO OU AUTORIDADE SUA COMISSÃO, NO ENTANTO ESTÃO PARADOS, ESTRAGANDO-SE, POIS NÃO DARÃO MAIS LUCRO, SOMENTE DESPESAS. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL E ATENDIMENTO DA POPULAÇÃO NÃO ERAM OS SEUS PENSAMENTOS.

REFORMA PRISIONAL JÁ !!

SOMENTE NO BRASIL, EXISTE TANTO BENEFÍCIO PARA QUEM ESTÁ PRESO. ESTRUTURA E TRABALHO ÚTIL PARA RECUPERAÇÃO DO PRESO AO INVÉS DE VISITAS ÍNTIMAS E OUTRAS FACILIDADES!

MOVIMENTE-SE, CRIE GRUPOS DE DIÁLOGOS, UNA-SE A OUTROS GRUPOS E ENTIDADES, PROCURE A COMUNIDADE, SUA ASSOCIAÇÃO DE BAIRRO, SEUS AMIGOS, A IMPRENSA E EMPRESÁRIOS.

SOMOS UM POVO PACÍFICO, SIM, E NÃO PRECISAMOS DA VIOLÊNCIA PARA FAZER VALER OS NOSSOS DIREITOS, MAS NÃO PODEMOS FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS ESPERANDO PELOS POLÍTICOS, FORMADOS PELOS SEUS PRÓPRIOS INTERESSES SE INTERESSAREM POR NÓS. PRECISAMOS AGIR E MOSTRAR QUE NÓS OS ELEGEMOS E QUE É POR NÓS QUE ELES ESTÃO NO GOVERNO E QUE, POR MENOR QUE SEJA O DESLIZE, NÓS TEMOS O DIREITO DE CAÇAR O SEU MANDATO.

PRECISAMOS DE UMA POLÍTICA LIMPA, ABOLIDA DA CORRUPÇAÕ, DE CARÁTER E SERIEDADE.
FORTALECER OS PODERES LOCAIS, COMUNIDADES E BAIRROS NO CONTROLE DE SUAS FINANÇAS E PRIORIDADES.

O BRASIL TEM-SE MOSTRADO UM PAÍS RICO - RICO EM PETRÓLEO, MINERAIS, TURISMO, CULTURA ETC. AGORA PRECISA APRENDER A DIVIDIR ESSA RIQUEZA COM SEU POVO, ATRAVÉS DE UMA MELHOR EDUCAÇÃO, SAÚDE PÚBLICA, SEGURANÇA E ESTRUTURA INDUSTRIAL E PRODUTIVA, PARA QUE ASSIM POSSAMOS TER UM PAÍS JUSTO E FORTE.

PROGRAME-SE, SEGUNDA FEIRA, DIA 1º DE AGOSTO, TODO O BRASIL NAS RUAS, PROTESTANDO E EXIGINDO MUDANÇAS, OU NUNCA SEREMOS LEVADOS A SÉRIO E FICAREMOS SEMPRE NO TERCEIRO MUNDO. E OS POLÍTICOS CONTINUARÃO SE ENRIQUECENDO E DESFRUTANDO OS BENEFÍCIOS DA VIDA PÚBLICA CORRUPTA.

OS MINISTROS DO STF E DO STJ NÃO DEVERÃO MAIS SER NOMEADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. DEVERÃO SER NOMEADOS POR UM COLEGIADO DE MAGISTRADOS, LEVANDO EM CONTA SUA NOTORIEDADE, CONHECIMENTO JURÍDICO E, SOBRETUDO, SUA HONESTIDADE.

NOTA: Contribuição de Gastão Gal que afirma ser um movimento que começou em Santa Cruz do Sul com Claudio Cariboni e está se expalhando pelo pais todo.

sábado, 16 de julho de 2011

NA ESPANHA, UM APITO CORAJOSO CONTRA LADRÕES

SOPRO CORAJOSO. Apito é arma contra ladrões em Barcelona. Sozinha, Eliana Guerrero assusta batedores de carteira no metrô da capital da Catalunha - THE GUARDIAN, ZERO HORA 16/07/2011

Solitária e armada apenas com um apito e muita coragem, uma mulher incumbiu a si própria da tarefa de defender turistas de uma epidemia em Barcelona, na Espanha: os batedores de carteira. Eliana Guerrero ficou tão irritada com a maneira como os grupos de ladrões atuam livremente que passou a patrulhar o metrô por sua conta.

Ela sopra seu apito sempre que vê os ladrões, que atuam sobretudo em estações de metrô de grande movimento, incluindo a da Sagrada Família e a da Praça Catalunha. Também entrega panfletos advertindo sobre os criminosos.

– Eles normalmente correm quando escutam o apito. Às vezes me ameaçam e, na semana passada, um deles me agarrou e torceu meu dedo depois que impedi um furto – conta Eliana, que não tem treinamento ou autorização para a função, mas chegou a ser elogiada pela polícia espanhola.

Colombiana de 38 anos, ela mora na capital da Catalunha há 12. Começou sua campanha há três anos, depois de presenciar um ladrão roubar a bolsa de uma turista alemã, olhar dentro e jogá-la longe, quebrando vidros de insulina, apesar do apelo da vítima.

– Eu não podia acreditar no que ele fez. Por que alguém jogaria longe um remédio para diabetes? – pergunta ela.

Inicialmente, ela simplesmente seguia os batedores de carteira e gritava alto enquanto distribuía panfletos, impressos por ela mesma. Viu que não era suficiente para que a escutassem – e, então, comprou o apito:

– É o que realmente os afugenta. E também uma placa que eu seguro, para avisar, em quatro idiomas diferentes, que há batedores de carteira “trabalhando”.

Os ladrões se organizam em gangues, organizadas por turnos. Para Eliana, a lei espanhola é a responsável pela impunidade que desfrutam:

– Se eles roubam menos de 400 euros (R$ 891,1), recebem apenas uma pequena multa. E apenas se a vítima presta queixa. Por isso, escolhem roubar turistas – diz.

Colombiana se transformou em celebridade em Barcelona

Famílias com crianças pequenas, carrinhos de bebês ou malas são os alvos preferidos, diz Eliana. Os ladrões não apenas a ameaçaram, mas também tentaram comprar seu silêncio.

– Tenho muito cuidado com minha segurança e não falo para ninguém onde moro – afirma.

Eliana se transformou em uma celebridade em Barcelona e convidou o prefeito, Xavier Trias, para andar de metrô com ela:

– Políticos e juízes não usam o metrô, por isso não entendem o que acontece. Precisamos de mais policiais à paisana. Mas o que nós realmente precisamos mudar é a lei.

CHILENOS COBRAM MEDIDAS NA ÁREA SOCIAL E NA EDUCAÇÃO


FIM DA TRÉGUA. Por que os chilenos protestam. Presidente Sebastián Piñera enfrenta manifestações de estudantes, servidores e ambientalistas, que cobram medidas na área social. - LÉO GERCHMANN, ZERO HORA 16/07/2011

Em meio a protestos de ambientalistas, funcionários públicos e estudantes que pedem a repartição do bolo fermentado por uma economia pujante, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, teve invertidos os índices da alta popularidade adquirida com o resgate dos 33 mineiros soterrados na mina San José, em outubro do ano passado. De festejado como o gestor ideal, tornou-se impopular, em um espelho que mostra índices semelhante, só que invertidos.

Apenas 31% dos pesquisados aprovam a gestão de Piñera, o percentual mais baixo de apoio que recebeu um presidente desde que o Chile recuperou a democracia, em 1990. Depois do resgate dos mineiros, apenas 26% rejeitavam o governo. O número subiu agora para 60%, segundo o instituto Adimark.

No momento de fazer o “retrato” do presidente, 62% dos chilenos reconhecem que Piñera é “ativo e enérgico”. Em compensação, só 37% creem que ele é “querido”. O único consolo para o governo é que a oposição também não tem bons resultados: 68% reprovam a Concertación, a coalizão de centro-esquerda que estava antes no poder.

A estimativa é de que a economia chilena cresça 6% em 2011 – por isso, a impopularidade intriga os analistas. O governo busca explicações. Um funcionário disse a Zero Hora que há uma forte crítica à divulgação falha das realizações do governo. Outro ponto de reflexão: Piñera estaria se limitando a dar continuidade ao que fez a Concertación.

– A economia vai bem, mas há questões sociais pendentes. Há um vácuo a ser resolvido. E a população mostra sua contrariedade em relação a isso – explica Luis Larraín, diretor do instituto Libertad y Desarrollo, uma organização privada.

Os níveis de criminalidade são semelhantes aos registrados no governo anterior, e a reconstrução após o terremoto de fevereiro de 2010 teria sido lenta – o que não é pouco: são milhares de chilenos que perderam suas casas, amargando o segundo inverno em casas de emergência feitas de madeira. Nas pesquisas qualitativas, a saúde, a educação – três grandes protestos estudantis ocorreram nos últimos dias, pedindo investimentos públicos – e o transporte aparecem como setores duramente criticados pela população.

Também sobram críticas às políticas ambientais – em 9 de maio último, foi aprovada a construção de cinco represas na Patagônia. Para piorar a situação, na última segunda-feira, os trabalhadores da estatal Codelco, a maior produtora de cobre do mundo, fizeram uma paralisação de 24 horas para rejeitar sua privatização.


ENTREVISTA: “Não há vontade de avançar”. Camila Vallejo, líder estudantil chilena

Ela é bela e sabe disso. Sabe também que a beleza, a inteligência e a combatividade a tornam referência nos protestos em que os chilenos pedem mais sensibilidade social a Sebastián Piñera. A comunista Camila Vallejo, 23 anos, estudante de Geografia e presidente da Federação Estudantil da Universidade do Chile (Fech), já é vista como alternativa em um país que pede novos rostos na política. Olhos azuis, traços delicados, piercing no nariz, chegou a ser tema de música. Confira trechos de sua entrevista:

Zero Hora – Você é considerada uma espécie de musa? Isso ajuda ou atrapalha?

Camila Vallejo – Sim, sou bonita e não tenho problemas em dizer isso abertamente. Certamente, isso me ajudou na minha atividade política, fez a imprensa se aproximar de mim, o que não é ruim, evidentemente. Mas não coube a mim decidir sobre qual seria a minha aparência. O que pude decidir é o meu projeto político, e meu foco é a educação do país, é por ela que tenho trabalhado e é por esse trabalho que quero ser reconhecida.

ZH – Há uma carência de novos nomes na política chilena. Você pode preencher esse vácuo?

Camila – Estamos em meio a uma mobilização, e esse é o meu foco neste momento. Temos uma luta.

ZH – Onde erra o governo Piñera?

Camila – O governo é conservador na sua essência. Começa por aí. Não cede, para não mexer com interesses não só da classe política, mas dos grupos econômicos. Não há vontade de avançar.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A VOZ DAS IGREJAS

DILAN CAMARGO, ESCRITOR, CIENTISTA POLÍTICO - ZERO HORA 15/07/2011

As igrejas, e particularmente a Igreja Católica, deveriam exercer um certo conservadorismo ilustrado e esclarecido sobre a sociedade contemporânea, de modo militante, menos acanhado, sem precisar pedir licença e, muito menos, desculpas, baseado em suas doutrinas e ideias, que remontam a séculos, e que estão fundamentadas em suas práticas rituais, em seus mitos e em alentados estudos e tratados sobre a natureza e a condição humana. Por ilustrado e esclarecido, levo em conta a cultura e a erudição, não só religiosa, da Igreja Católica, mas as suas culturas antropológica e filosófica, o seu papel caridoso e filantrópico e a sua inestimável contribuição para a educação e a civilização.

Alguns “formadores de opinião”, condicionados a um jornalismo minimalista, junto com alguns intelectuais maneiros, não demonstram o mínimo constrangimento em expressar e pregar, com uma imprudente loquacidade, as suas incipientes e malformadas “opiniões”, somente porque as consideram transgressivas, alternativas, avançadas, críticas, libertárias, e por aí vai. Por que instituições milenares, como as igrejas, universidades e até “velhos intelectuais”, com uma história de pensamento, arte e ciência, não podem exercer também o seu ensinamento e o seu direito de discutir, questionar, aprovar ou reprovar ideias, comportamentos, instituições, políticas públicas e privadas, valores, práticas individuais e coletivas, enfim, enfim?

Esse direito de também exercer o seu papel magistral na sociedade tem faltado principalmente à Igreja Católica, já que a sua representação, na América Latina e no Brasil, assumiu um messianismo ideológico e político, através da Teologia da Libertação, do que efetivamente a missão de “mãe e mestra” dos povos.

A sociedade contemporânea, essa sociedade de massas e tecnológica, saudavelmente heterogênea e plural, com o seu secularismo libertário e o seu mundanismo pop, libertada dos estábulos, do obscurantismo e das superstições da Idade Média pelos filósofos do Iluminismo, parece que, embora navegando na mais profunda e alta pós-modernidade, dá mais ouvidos às “vozes” da irracionalidade. Embalada em seu arrogante narcisismo consumista de uma “felicidade infeliz”, que celebra um individualismo aético, num trânsito e num transe moral vertiginoso, com uma “atitude” preconceituosa em relação às leis e à civilidade, parece cultivar com ingênuo entusiasmo a fronteira conflitada e movediça entre a “suspensão da consciência” e a anomia social.

Em nossa época, a existência humana parece mostrar-se ainda mais insatisfatória. É o que vemos no cotidiano dos noticiários e lemos nas recomendações dos manuais de performance individual. E o que buscamos e fazemos para preenchê-la de significado? Religião? Arte? Filosofia? Dinheiro? Prazeres? Às vezes, loucuras. Afinal, somos “humanos, demasiadamente humanos”, disse Nietzsche, embora os guaranis já tivessem identificado e vivido essa angustiante consciência do humano na sua interminável busca metafísica e religiosa da Terra Sem Males.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

POR QUE O BRASILEIRO NÃO SE INDIGNA E NÃO VAI À PRAÇA PROTESTAR CONTRA A CORRUPÇÃO?

Ensaio uma resposta antes de alguns dias de folga. Blog Reinaldo Azevedo, REVISTA VEJA, 13/07/2011 às 5:18

Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País no Brasil, escreveu no dia 7 um artigo indagando onde estão os indignados do Brasil. Por que não ocupam as praças para protestar contra a corrupção e os desmandos? Não saberiam os brasileiros reagir à hipocrisia e à falta de ética dos políticos? Será mesmo este um país cujo povo tem uma índole de tal sorte pacífica que se contentaria com tão pouco? Publiquei, posts abaixo, a íntegra de seu texto. Afirmei que ensaiaria uma resposta, até porque a indagação de Arias, um excelente jornalista, é procedente e toca, entendo, numa questão essencial dos dias que correm. A resposta não é simples nem linear. Há vários fatores distintos que se conjugam. Vamos lá.

Povo privatizado

O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan, porque foi privatizado pelo PT. Note que recorro àquele expediente detestável de pôr aspas na palavra “povo” para indicar que o sentido não é bem o usual, o corriqueiro, aquele de dicionário. Até porque este escriba não acredita no “povo” como ente de valor abstrato, que se materializa na massa na rua. Eu acredito em “povos” dentro de um povo, em correntes de opinião, em militância, em grupos organizados — e pouco importa se o que os mobiliza é o Facebook, o Twitter, o megafone ou o sino de uma igreja. Não existe movimento popular espontâneo. Essa é uma das tolices da esquerda de matriz anarquista, que o bolchevismo e o fascismo se encarregaram de desmoralizar a seu tempo. O “povo na rua” será sempre o “povo na rua mobilizado por alguém”. Numa anotação à margem: é isso o que me faz ver com reserva crítica — o que não quer dizer necessariamente “desagrado” — a dita “Primavera Árabe”. Alguém convoca os “povos”.

No Brasil, as esquerdas, os petistas em particular, desde a redemocratização, têm uma espécie de monopólio da praça. Disse Castro Alves: “A praça é do povo como o céu é do condor”. Disse Caetano Veloso: “A praça é do povo como o céu é do avião” (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão). Disse Lula: “A praça é do povo como o povo é do PT”. Sim, responderei ao longo do texto por que os não-petistas não vão às ruas quase nunca. Um minutinho. Seguindo.

O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan Arias, porque o PT compra, por exemplo, o MST com o dinheiro que repassa a suas entidades não exatamente para fazer reforma agrária, mas para manter ativo o próprio aparelho político — às vezes crítico ao governo, mas sempre unido numa disputa eleitoral. Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, ministro da Educação e candidato in pectore do Apedeuta à Prefeitura de São Paulo, estarão neste 13 de julho no 52º Congresso da UNE. Os míticos estudantes não estão nas ruas porque empenhados em seus protestos a favor. Você tem ciência, meu caro Juan, de algum outro país do mundo em que se fazem protestos a favor do governo? Talvez na Espanha fascista que seus pais conheceram, felizmente vencida pela democracia. Certamente na Cuba comuno-fascistóide dos irmãos Castro e na tirania síria. E no Brasil. Por quê?

Porque a UNE é hoje uma repartição pública alimentada com milhões de reais pelo lulo-petismo. Foi comprada pelo governo por quase R$ 50 milhões. Nesse período, esses patriotas, meu caro Juan, se mobilizaram, por exemplo, contra o “Provão”, depois chamado de Enade, o exame que avalia a qualidade das universidades, mas não moveram um palha contra o esbulho que significa, NA FORMA COMO EXISTE, o ProUni, um programa que já transferiu bilhões às mantenedoras privadas de ensino, sem que exista a exigência da qualidade. Não se esqueça de que a UNE, durante o mensalão, foi uma das entidades que protestaram contra o que a canalha chamou “golpe da mídia”. Vale dizer: a entidade saiu em defesa de Delúbio Soares, de José Dirceu, de Marcos Valério e companhia. Um de seus ex-presidentes e então um dos líderes das manifestações que resultaram na queda de Fernando Collor é hoje senador pelo PT do Rio e defensor estridente dos malfeitos do PT. Apontá-los, segundo o agora conservador Lindbergh Farias, é coisa de conspiração da “elites”. Os antigos caras-pintadas têm hoje é a cara suja; os antigos caras-pintadas se converteram em verdadeiros caras-de-pau.

Centrais sindicais

O que alguns chamam “povo”, Juan, chegaram, sim, a protestar em passado nem tão distante, no governo FHC. Lá estava, por exemplo, a sempre vigilante CUT. Foi à rua contra o Plano Real. E o Plano Real era uma coisa boa. Foi à rua contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. E a Lei de Responsabilidade Fiscal era uma coisa boa. Foi à rua contra as privatizações. E as privatizações eram uma coisa boa. Saiba, Juan, que o PT votou contra até o Fundef, que era um fundo que destinava mais recursos ao ensino fundamental. E onde estão hoje a CUT e as demais centrais sindicais?

Penduradas no poder. Boa parte dos quadros dos governos Lula e Dilma vem do sindicalismo — inclusive o ministro que é âncora dupla da atual gestão: Paulo Bernardo (Comunicações), casado com Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O indecoroso Imposto Sindical, cobrado compulsoriamente dos trabalhadores, sejam sindicalizados ou não, alimenta as entidades sindicais e as centrais, que não são obrigadas a prestar contas dos milhões que recebem por ano. Lula vetou o expediente legal que as obrigava a submeter esses gastos ao Tribunal de Contas da União. Os valentes afirmaram, e o Apedeuta concordou, que isso feria a autonomia das entidades, que não se lembraram, no entanto, de serem autônomas na hora de receber dinheiro de um imposto.

Há um pouco mais, Juan. Nas centrais, especialmente na CUT, os sindicatos dos empregados das estatais têm um peso fundamental, e eles são hoje os donos e gestores dos bilionários fundos de pensão manipulados pelo governo para encabrestar o capital privado ou se associar a ele — sempre depende do grau de rebeldia ou de “bonomia”do empresariado.

O MST, A UNE E OS SINDICATOS NÃO ESTÃO NAS RUAS CONTRA A CORRUPÇÃO, MEU CARO JUAN, PORQUE SÃO SÓCIOS MUITO BEM-REMUNERADOS DESSA CORRUPÇÃO. E fornecem, se necessário, a mão-de-obra para o serviço sujo em favor do governo e do PT. NÃO SE ESQUEÇA DE QUE A CÚPULA DOS ALOPRADOS PERTENCIA TODA ELA À CUT. Não se esqueça de que Delúbio Soares, o próprio, veio da… CUT!

Isso explica tudo? Ou: “Os Valores”

Ainda não!

Ao longo dos quase nove anos de poder petista, Juan, a sociedade brasileira ficou mais fraca, e o estado ficou mais forte; não foi ela que o tornou mais transparente; foi ele que a tornou mais opaca. Em vez de se aperfeiçoarem os mecanismos de controle desse estado, foi esse estado que encabrestou entidades da sociedade civil, engajando-as em sua pauta. Até a antes sempre vigilante Ordem dos Advogados do Brasil flerta freqüentemente com o mau direito — e o STF não menos — em nome do “progresso”. O petismo fez das agências reguladoras meras repartições partidárias, destruindo-lhes o caráter.

Enfraqueceram-se enormemente os fundamentos de uma sociedade aberta, democrática, plural. Em nome da diversidade, da igualdade e do pluralismo, busca-se liquidar o debate. A Marcha para Jesus, citada por você, à diferença do que querem muitos, é uma das poucas expressões do país plural que existe de fato, mas que parece não existir, por exemplo, na imprensa. À diferença do que pretendem muitos, os evangélicos são um fator de progresso do Brasil — se aceitarmos, então, que a diversidade é um valor a ser preservado.

Por que digo isso? Olhe para a sua Espanha, Juan, tão saudavelmente dividida, vá lá, entre “progressistas” e “conservadores” — para usar duas palavras bastante genéricas —, entre aqueles mais à esquerda e aqueles mais à direita, entre os que falam em nome de uma herança socialista e mais intervencionista, e os que se pronunciam em favor do liberalismo e do individualismo. Assim é, você há de convir, em todo o mundo democrático.

Veja que coisa, meu caro: você conhece alguma grande democracia do mundo que, à moda brasileira, só congregue partidos que falam uma linguagem de esquerda? Pouco importa, Juan, se sabem direito o que dizem e são ou não sinceros em sua convicção. O que é relevante é o fato de que, no fim das contas, todos convergem com uma mesma escolha: mais estado e menos indivíduo; mais controle e menos liberdade individual. Como pode, meu caro Juan, o principal partido de oposição no Brasil pensar, no fim das contas, que o problema do PT é de gestão, não de valores? Você consegue se lembrar, insisto, de alguma grande democracia do mundo em que a palavra “direita” virou sinônimo de palavrão? Nem na Espanha que superou décadas de franquismo.

Imprensa

Se você não conhece democracia como a nossa, Juan, sabe que, com as exceções que confirmam a regra, também não há imprensa como a nossa no mundo democrático no que concerne aos valores ideológicos. Vivemos sob uma quase ditadura de opinião. Não que ela deixe de noticiar os desmandos — dois ministros do governo Dilma caíram, é bom deixar claro, porque o jornalismo fez o seu trabalho. Mas lembre-se: nesta parte do texto, trato de valores.

Tome como exemplo o Código Florestal. Um dia você conte em seu jornal que o Brasil tem 851 milhões de hectares. Apenas 27% são ocupados pela agricultura e pela pecuária; 0,2% estão com as cidades e com as obras de infra-estrutura. A agricultura ocupa 59,8 milhões (7% do total); as terras indígenas, 107,6 milhões (12,6%). Que país construiu a agropecuária mais competitiva do mundo e abrigou 200 milhões de pessoas em apenas 27,2% de seu território, incluindo aí todas as obras de infra-estrutura? Tais números, no entanto — do IBGE, do Ibama, do Incra e da Funai — são omitidos dos leitores (e do mundo) em nome da causa!

A crítica na imprensa foi esmagada pelo engajamento; não se formam nem se alimentam valores de contestação ao statu quo — que hoje, ora veja!, é petista. Por quê? Porque a imprensa de viés realmente liberal é minoritária no Brasil. Dá-se enorme visibilidade aos movimentos de esquerdistas, mas se ignoram as manifestações em favor do estado de direito e da legalidade. Curiosamente, somos, sim, um dos países mais desiguais do mundo, que está se tornando especialista em formar líderes que lutam… contra a desigualdade. Entendeu a ironia?

Quem vai à rua?

Ora, Juan, quem vai, então, à rua? Os esquerdistas estão se fartando na lambança do governismo, e aqueles que não comungam de suas idéias e que lastimam a corrupção e os desmandos praticamente inexistem para a opinião pública. Quando se manifestam, são tratados como párias. Ou não é verdade que a imprensa trata com entusiasmo os milhões da parada gay, mas com evidente descaso a marcha dos evangélicos? A simples movimentação de algumas lideranças de um bairro de classe média para discutir a localização de uma estação de metro é tratada por boa parte da imprensa como um movimento contra o… “povo”.

As esquerdas dos chamados movimentos sociais estão, sim, engajadas, mas em defender o governo e seus malfeitos. Afirmam abertamente que tudo não passa de uma conspiração contra os movimentos populares. As esquerdas infiltradas na imprensa demonizam toda e qualquer reação de caráter legalista — ou que não comungue de seus valores ditos “progressistas” — como expressão não de um pensamento diferente, divergente, mas como manifestação de atraso.

Descrevi, meu caro Juan, o que vejo. Isso tem de ser necessariamente assim? Acho que não! A quem cabe, então, organizar a reação contra a passividade e a naturalização do escândalo, na qual se empenha hoje o PT? Essa indagação merecerá resposta num outro texto, que este já vai longe. Fica para depois do meu descanso.

Do seu colega brasileiro Reinaldo Azevedo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

SERVIDORES DO DNIT PROTESTAM CONTRA A CORRUPÇÃO

Manifestação. Servidores do Dnit fazem protesto em Brasília contra corrupção - O GLOBO, 13/07/2011 às 11h27m; Roberto Maltchik

BRASÍLIA - Um grupo de servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) faz nesta quarta-feira um protesto na sede do órgão. Eles seguirão até o Congresso Nacional, para pedir a apuração imediata de denúncia de corrupção e a punição dos envolvidos. O grupo afirma em nota que será "inócua" a substituição de dirigentes se não forem adotadas medidas para reestruturar e profissionalizar a gestão do departamento responsável pelas obras viárias federais no país.

De acordo com o dirigente do sindicato dos servidores do Dnit, João Bosco de Oliveira, os manifestantes não defendem ou acusam o diretor-geral afastado Luiz Antônio Pagot, que está em férias e presta depoimento na Câmara dos Deputados. Apesar de o diretor afastado ter negado as denúncias de corrupção, durante depoimento na terça-feira ao Senado , o governo já deixou claro que Pagot não deve retornar à função. Pagot foi um dos quatro afastados por Dilma , após a denúncia da revista "Veja" sobre um esquema de corrupção que incluía superfaturamento de obras e recebimento de propina por alguns funcionários do Ministério dos Transportes e de órgãos vinculados à Pasta. A denúncia culminou com a demissão do então ministro Alfredo Nascimento . A presidente nomeou na noite de segunda-feira o secretário-executivo Paulo Sérgio Passos para o lugar de Nascimento .

- Não somos contra nem a favor do Pagot. Pagot menos, Pagot mais, não muda nada. O que eu digo é que o Pagot tem uma dívida conosco. Há quatro anos, ele disse que faria um choque de gestão. Cadê o choque de gestão? Eu o questionei, e o Pagot me disse que não tem autonomia para fazer o choque de gestão - disse Bosco.

'Principal foco de corrupção está no preenchimento de postos estratégicos', diz nota
De acordo com o grupo, o principal foco de corrupção está no preenchimento dos postos estratégicos do órgão "por pessoas estranhas aos quadros da administração pública, sem concurso, por livre nomeação dos partidos que comandam o Ministério dos Transportes".

"Este DNA gerencial é sensível a várias enfermidades do caráter humano de todos os lugares e tempos, dentre eles o mais danoso: a corrupção!", afirma nota divulgada.

Além da reestrutura de gestão, os manifestantes reivindicam a realização de novos concursos públicos, nomeação dos aprovados, nomeação de servidores públicos para cargos de comando e aumento salarial aos servidores de carreira.

Na nota que foi encaminhada à direção do órgão, os manifestantes também criticaram a falta de recursos materiais para atender as crescentes demandas de trabalho e a falta de estrutura nas unidades locais em todo o território brasileiro. De acordo com Bosco, um dos maiores problemas é a forma pouco transparente como agem dentro do órgão os servidores terceirizados e os indicados pelas empreiteiras.

O grupo que se deslocará para o Congresso Nacional é formado por aproximadamente 50 pessoas. Elas devem fazer uma caminhada no Congresso, visitar comissões e depois farão uma avaliação dos resultados em reunião na sede do Dnit.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

TUCANADA DO BEM - JOVENS PARTIDÁRIOS PROTESTAM CONTRA A CORRUPÇÃO

Jovens tucanos lavam calçada do Dnit em protesto contra a corrupção em Cuiaba - O GLOBO, 11/07/2011 às 18h43m; Anselmo Carvalho Pinto, especial para O Globo


CUIABÁ. Organizada pela ala jovem do PSDB, a lavagem da calçada do Departamento Nacional da Dnit em Mato Grosso reuniu um grupo de 15 pessoas, a maioria estudantes, nesta segunda-feira à tarde, em Cuiabá. Apesar da baixa adesão, os idealizadores avaliam que o ato conseguiu repercussão na internet.

- Isso aqui é um ato simbólico. A grande mobilização está acontecendo pelas mídias sociais - disse o vice-presidente do PSDB Jovem, Alexandre Santaella.

Com vassouras, sabão em pó e desinfetante, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, que foi afastado do cargo após denúncias de corrupção.

Os tucanos exibiram faixas com dizeres que faziam trocadilho com o nome do diretor-geral. "Sou pobre, mas meu dinheiro pagot o mensalão do PR", dizia uma delas. Dois vereadores do PSDB também participaram do ato.

Segundo o presidente do PSDB Jovem, Wladmir Colman, esta é apenas a primeira de uma série de mobilizações contra a corrupção.

- Já convidamos membros de outros partidos. Haverá outros atos", prometeu. O movimento foi intitulado "Tucanada do Bem".

Para impedir que manifestantes entrassem no órgão, o superintendente do Dnit, Nilton de Britto, homem de confiança de Pagot, ordenou que a entrada principal fosse trancada. Em entrevista coletiva, ele preferiu não polemizar com os manifestantes.

- Estamos em uma democracia. Protestar é um direito do cidadão. Todos são contra a corrupção. Eu também sou. Mas posso garantir que, aqui no Dnit de Mato Grosso, não existe corrupção - disse.

Britto afirmou não ter certeza de que Pagot será mesmo demitido ao final de suas férias, mas garantiu que, caso haja mudança, deixará o cargo à disposição do diretor-geral que vier a assumir.

Britto avaliou que as denúncias contra Pagot podem ter sido publicadas na imprensa por "interesses políticos", em razão da importância do cargo.

- É muito cobiçado - disse.

Por determinação do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, o Dnit suspendeu uma licitação de R$ 357 milhões para obras viárias em Cuiabá, que compõem o projeto de Mobilidade Urbana da Copa do Mundo de 2014. Licitações de outras sete obras menores, totalizando R$ 100 milhões, também foram suspensas.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

LONDRINA CONTRA A CORRUPÇÃO E IRREGULARIDADES NA SAÚDE

Manifestantes fazem buzinaço contra a corrupção em Londrina. PARANÁ TV LONDRINA, Sexta-feira, 17/06/2011

Movimento foi organizado em redes sociais na internet.

CAMPO GRANDE CONTRA A CORRUPÇÃO

Campo-grandense faz protesto contra corrupção - MS TV CAMPO GRANDE, Sábado, 02/07/2011

Movimento iniciado na Internet ganhou as ruas em um protesto, em Campo Grande, contra corrupção.

terça-feira, 5 de julho de 2011

OUTDOOR DE APELO PARA OS LADRÕES


Revoltados com assaltos, moradores de bairro na Grande Curitiba fazem outdoor de apelo a ladrões - 05/07/2011 às 20h16m - O Globo. Globo.com/Paraná TV 2ª Edição

CURITIBA - Moradores do bairro Ouro Verde, em Campo Largo, na Grande Curitiba, com medo de sair de casa e dar de cara com um assaltante armado resolveram apelar, para o bandido. Mandaram fazer um outdoor com uma mensagem direta aos criminosos: "Srs. assaltantes. Mudem de bairro. Aqui todos já foram assaltados".

A iniciativa partiu da revolta de 12 moradores, todos vítimas da violência.

- Foi um ato de desespero. Foi uma solução que encontramos para tentar melhorar o que está acontecendo aqui no bairro - diz Danielle Pessoa, presidente da associação de moradores e comerciantes do bairro.

A mensagem com letras gigantes foi colocada perto de uma loja onde um comerciante foi assaltado.

- (Eles) subiram na calçada e nisso já desceram sete "elementos" do carro. Um deles colocou a arma no meu peito. Levaram quase tudo o que eu tinha - diz a vítima.
No último dia sábado, no meio da tarde, imagens mostram dois motoqueiros armados invadindo uma loja e ameaçando clientes e funcionários. Em seguida, a dupla foge com o dinheiro do caixa.

A polícia informou que prendeu nesta terça-feira um homem suspeito de integrar a quadrilha que age no bairro.