ZERO HORA 21 de março de 2016 | N° 18478
ARTIGOS
MATHEUS AYRES*
Deixe eu lhe dizer uma coisa: você encontrará o ódio nos dois lados. Infelizmente, através de uma brevíssima pesquisa, você encontrará imagens de agressões àqueles que se vestem de verde e amarelo e também àqueles que se vestem de vermelho, você encontrará xingamentos recheados de “tomara que o meu opositor morra, ou suma” (como preferir traduzir...), você encontrará familiares, vizinhos, colegas e amigos digladiando atrás de uma tela comandada pelos dedões das mãos...
Isto não é democracia, não é debate, troca de opiniões e muito menos diálogo. Isto é ódio, uma das desvirtudes do ser humano e, ao mesmo tempo, virtude daqueles que ainda estão muito longe de ser o que, dizem, os outros deveriam ser.
As ideologias passam, as palavras passam, até os sentimentos passam, mas uma coisa não passa: as pessoas. Um fato: nós temos ideologias diferentes, e isso é bom, não recordo de momentos históricos em que a uniformidade fez bem à humanidade. Devemos sim debater, lutar por aquilo em que acreditamos, zelar pelos nossos acordos de convivência (leis e instituições, por exemplo), mas sempre, na minha opinião, enxergando do outro lado nós mesmos, ou seja, pessoas.
Devemos, sim, se cremos, ir às ruas, trocar posts nas redes sociais, conversar tomando um bom café em casa ou no intervalo do trabalho, mas não – desculpem-me a sinceridade – querendo deletar o outro. Isso não faz bem. Isso só nos faz repetidores daquilo que criticamos. Em última instância: um distanciamento do ódio e dos “ismos” nos fará mais democráticos.
Meus amigos e amigas: não tenham medo de dar um passo atrás, verificar onde vocês estão e, se preciso, reconhecer que podem ser muito melhores do que são. Estamos juntos.
E que continuem as investigações, seja feita a justiça, e justiça que gerará paz. Isso, tenho certeza, todos igualmente o querem.
Professor de Sociologia*
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