A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

MUNICÍPIO DE BUTIÁ SE MOBILIZA POR SEGURANÇA


ZERO HORA 16 de janeiro de 2013 | N° 17314

ONDA DE VIOLÊNCIA

Butiá apela por mais segurança


Município da Região Carbonífera é alvo de série de ataques de assaltantes desde o final do ano, assustando a população

PEDRO MOREIRA, colaborou Carlos Wagner


O descontrole da violência tirou o sossego de uma pequena e histórica cidade da Região Carbonífera. Às margens da BR-290, Butiá se tornou alvo constante de assaltantes que estão agindo com violência desde o final do ano passado. Até mesmo sequestros relâmpagos já foram registrados no município de pouco mais de 20 mil habitantes, distante cerca de 80 quilômetros de Porto Alegre. Ontem, a população local protestou contra a insegurança.

Organizada por moradores e comerciantes locais – que fecharam a porta de seus estabelecimentos entre 14h e 16h30min –, a manifestação reuniu gente assustada com os crimes que vêm abalando a cidade. Um dos líderes do protesto, o dono de uma loja de eletrônicos e correspondente bancário e vereador Jefferson Vieira resume o sentimento dos butiaenses com a violência incomum:

– A situação está caótica. Comecei o movimento com os lojistas na segunda-feira passada (7 de janeiro) e na quinta-feira pela manhã entrei com um requerimento na Câmara para uma audiência pública. E daí, no final da tarde, fui assaltado à mão armada.

Há pouco mais de uma semana, o filho de um comerciante local foi vítima de sequestro relâmpago. Além de ter sido roubado pelos bandidos, o homem foi severamente agredido. No início da semana passada, assaltantes invadiram uma loja e renderam os funcionários. No interior do município, onde vivem pequenos agricultores, várias propriedades têm sido alvo de ladrões.

– O assalto ao correspondente bancário na quinta está esclarecido. Um homem foi preso em Guaíba ontem. É uma quadrilha de Guaíba com a participação de gente de Butiá – afirma o delegado Pedro Goldemir Urdangarin, da Delegacia da Polícia Civil de Arroio dos Ratos, que respondia até ontem pela DP de Butiá (a partir de hoje, a delegacia terá novo responsável).

De acordo com o delegado Carlos Miguel Amodeo, responsável pela Delegacia Regional, que responde por seis cidades da Região Carbonífera, as investigações apontam que a maior parte dos bandidos é de fora, alguns deles da Região Metropolitana. Em outros anos, nesta época, também houve aumento na criminalidade, recorda o delegado.

Comunidade reclama da falta de estrutura da polícia

Entre as principais reivindicações dos moradores de Butiá está a necessidade de reforço na estrutura das polícias Civil e Militar locais. No comando do 28º Batalhão de Polícia Militar (28º BPM), o major José Renato Romano dos Santos afirma que o policiamento ostensivo está reforçando os seus efetivos no município.

Segundo o major, o número de profissionais da área, que normalmente é de 20 policiais, foi acrescido de mais quatro homens. O pelotão local atualmente conta com duas viaturas.

– Não vamos medir esforços para que volte a tranquilidade a essa comunidade – afirmou o comandante.

Em reportagem publicada no último domingo, Zero Hora expôs o drama vivido por moradores de municípios da serra gaúcha, outra região do Estado que também tem sido alvo de um série de ataques criminosos.


Uma região esquecida

HUMBERTO TREZZI

Outrora um dos motores econômicos do Estado, a Região Carbonífera paga há tempos o preço da decadência econômica do ciclo do carvão. Com a paralisação dos projetos termoelétricos, ficaram as pessoas, mas não se criaram os empregos é possível que tenham inclusive minguado. É provável que não seja coincidência o fato de as taxas de alguns tipos de crime, como os assaltos, virem num crescendo. Marcada por descampados, a região também é próxima a Porto Alegre, o que atrai todo tipo de gente, inclusive a indesejável. Desde sempre as forças de segurança mantêm presença escassa em Butiá, Arroio dos Ratos e São Jerônimo, para ficar num trio de cidades representativas. A exceção é Charqueadas, que conta com muitos policiais, sobretudo PMs, por concentrar presídios. Quando fogem, muitos presos do regime semiaberto tratam de cometer crimes por ali mesmo. Não será de estranhar se os responsáveis pelos assaltos sejam oriundos do complexo prisional charqueadense. Até por isso, é de esperar que a Secretaria da Segurança Pública dê uma atenção especial a essa região, que já sofre com o desemprego.

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