Gisele Oliveira
Ao mesmo tempo em que nos distanciamos com a comoção da tragédia, é imprescindível que nos aproximemos da análise racional dos fatos que levaram à morte de tantos jovens. A sociedade clama por leis rigorosas. No caso de Santa Maria, as leis existiam. Os proprietários não cumpriram a lei. O Corpo de Bombeiros fez sua vistoria de acordo com as informações recebidas e emitiu um laudo. Os proprietários excederam a lotação. E tantos outros fatos que não deveriam ter acontecido aconteceram, e os jovens morreram.
A casa estava superlotada, mas não era novidade. Uma menina relatou que houve ocasiões em que era impossível as pessoas se mexerem. Por que nunca denunciaram? Não é incoerente esperar que o Poder Público fiscalize todos os estabelecimentos todos os dias? Quem são as únicas pessoas que podem fazer isso? Os jovens denunciam tantos fatos pelas redes sociais, por que não denunciam os estabelecimentos que colocam em perigo suas próprias vidas? Boicotem os ambientes inseguros e irresponsáveis.
A boate Kiss estava nas redes sociais com quase 12 mil “curtidores”. Nunca notaram que era inseguro? Que permitiam a entrada acima do limite? Que só existia uma porta? Que os banheiros não tinham janelas? No pânico não raciocinamos. Mas não vivemos sempre em pânico, e espera-se que jovens com mais de 18 anos possam raciocinar quando planejam ir a uma festa. Pessoas não andam de avião e barco por medo de acidentes. Mas parece que ninguém tem medo de acidentes em locais de festas.
Precisamos parar de repassar a nossa parte da culpa nas grandes tragédias. Hoje existe tecnologia nacional para, através de softwares, simular o tempo necessário para evacuação de um ambiente. Precisamos exigir que ambientes públicos coloquem em seus sites os materiais utilizados em revestimentos, normas de segurança e esquemas para saída em caso de acidentes. Mas de nada adiantará esse volume de informação se os maiores interessados, os jovens, não agirem como fiscais e defensores de suas próprias vidas.
Mãe
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Sim, Mãe. Precisamos ser também fiscais dos locais onde frequentamos, mas é também é importante que o Estado cumpra a sua parte já que cobra por isto em forma de impostos em tudo o que compramos e consumimos. Este é o momento oportuno de exigir justiça para este caso e mudanças nas leis, na justiça, nos setores de prevenção e fiscalização e no comportamento das pessoas.
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