A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 15 de agosto de 2015

O DIREITO E O RESPEITO


ZERO HORA 16 de agosto de 2015 | N° 18263


EDITORIAL



As manifestações contra e pró governo devem ser vistas no contexto da normalidade democrática e da aceitação da pluralidade política.

Duas grandes manifestações populares estão programadas para os próximos dias no país. Para este domingo, partidos de oposição e organizações da sociedade civil prometem uma megademonstração de repúdio ao governo Dilma Rousseff, respaldada pela baixa popularidade da presidente, pela crise econômica e pelas investigações da corrupção na Petrobras. Para o dia 20, próxima quinta-feira, movimentos sociais aglutinados em torno de CUT, UNE, MST, Levante Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, entre outras entidades, pretendem protestar contra o ajuste fiscal, mas apoiar a presidente. Ambas as manifestações podem ser um exercício de democracia, se os seus organizadores e as autoridades cuidarem para que não descambem para a violência.

As passeatas previstas para domingo dão sequência a uma série de protestos iniciados no inverno de 2013, quando multidões saíram às ruas motivadas por demandas variadas, como as deficiências e as tarifas do transporte coletivo e os gastos com a Copa. Em 2015, duas mobilizações, em março e abril, focaram em dois temas centrais – a corrupção e a incapacidade do governo de reagir à crise. Ficou evidente, em abril, o crescimento do descontentamento com o governo e a ampliação dos apelos pelo impeachment. A evolução do cenário econômico, político e social, nesses quatro meses, é de agravamento das tensões em todas as áreas, com a fragilização da base de apoio ao governo e a queda a níveis recordes da confiança na presidente da República.

Quem sair às ruas para defender posições críticas ou de apoio ao governo tem, como referência, as manifestações deste ano, quando o que prevaleceu foi o bom senso. É o que se espera mais uma vez, considerando-se que atos públicos são a expressão da normalidade democrática, desde que submetidos às leis e à ordem. Os dois atos, o deste domingo e o do próximo dia 20, devem corresponder à expectativa de que os brasileiros amadurecem, a cada evento, a compreensão de direitos e deveres, especialmente em momentos de insegurança e de incerteza, como o que o país vive hoje.

Espera-se que o quadro de confronto de posições, explicitado pelos organizadores das passeatas, fique restrito ao campo das ideias, com respeito mútuo pela pluralidade. O Brasil, e não só os que se envolverem diretamente nos atos, continuará aprendendo com as manifestações. O exercício pleno e permanente da cidadania é a melhor contribuição ao aperfeiçoamento da democracia e das instituições.



Editorial publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários para a edição impressa foram selecionados até as 18h de sexta-feira. A questão: Editorial diz que protestos fortalecem a democracia. Você concorda?

O LEITOR CONCORDA

Eu concordo que deve, sim, haver manifestações de forma pacífica, mas também devemos ter o devido respeito por parte de nossos governantes, sejam de que partido for, o que não acontece hoje, pois o que se vê é a corrupção alastrada por todos os cantos do país e a falta de respeito com o povo brasileiro, porque estamos vendo só falácias e impunidade e cada vez mais a incredulidade nas leis que regem nosso país e que propiciam cada vez mais a corrupção e os corruptos, destruindo nosso Brasil por completo.

ADRIANO REVELANTE, CANDIOTA (RS)

Vivemos em uma época de excesso de informação, mas muito pouco de participação ativa da população. É fundamental a demonstração de insatisfação e de que queremos mudar o rumo da nação. O futuro depende de nossas ações e tenho esperança de que juntos podemos fazer a diferença sem medo da mudança.

DENIS CATELANPORTO ALEGRE (RS)

Todo e qualquer protesto é salutar em uma democracia, faz parte dela inclusive. Desde que mantido o respeito às ideias de outros.

RONALDO OLIVEIRA MORAIS, PORTO ALEGRE (RS)



O LEITOR DISCORDA


Não é um exercício de democracia e, sim, de intolerância às urnas, já que temos um governo recém eleito e recém empossado. Como pode um governo nessas condições ser repudiado? Querem anular o resultado da maioria votante, ainda que por pequena margem? Decididamente isso não é amadurecimento democrático e, sim, amadurecimento golpista!!

MANOEL HENRIQUE DA SILVA, CANOAS (RS)

Discordo de protestos promovidos por mídia virtual de grupos que não se identificam de onde vêm, como “pátria livre”, “revoltados net”, e quem os financia. Têm postura xenófoba e antidemocrática, não discutem o Legislativo e o Judiciário, e são mantidos por partidos de direita.

CLAUDIA FRANCESCHINI, PORTO ALEGRE (RS)

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