A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

domingo, 26 de junho de 2011

UNIDOS CONTRA O CRIME


UNIDOS CONTRA O CRIME. Rede virtual desafia os cartéis no México - LAURA SCHENKEL, ZERO HORA 26/06/2011

Mexicanos se mobilizam contra a escalada da violência ligada ao narcotráfico. Em Monterrey, criaram uma rede via Twitter e Facebook em que trocam informações sobre crimes e fazem denúncias às autoridades.

Desde 2006, quando o governo do México lançou uma ofensiva contra os cartéis de drogas, mais de 35 mil pessoas foram mortas pela violência ligada ao narcotráfico no país. No Norte, diversas cidades foram se convertendo em campos de batalha, até a violência chegar a Monterrey, capital do Estado de Nuevo León, outrora símbolo de um México moderno. Hoje, uma cidade assombrada pelo crime organizado.

Os moradores, no entanto, decidiram reagir. Para escapar das represálias que têm atingido os jornalistas, que vão desde ameaças para que não noticiem crimes até assassinatos, a população faz denúncias via internet, anonimamente. No ano passado, um grupo passou a organizar os interessados em denunciar a violência e evitar que outras pessoas se tornem também vítimas do crime organizado. A responsável é uma mexicana de 32 anos, conhecida pelo nome fictício, Melissa Lotzer, uma moradora de Monterrey que considera ineficazes as iniciativas do setor público para conter a violência. Ela percebeu que a população necessitava um meio anônimo e eletrônico para reportar em tempo real o que acontecia nas ruas e alertar outros moradores. Em março de 2010, 800 pessoas aderiram à comunidade criada por Melissa no Facebook, um grupo onde só entram pessoas com fotos e nomes falsos, sem amigos reais vinculados ao perfil. Atualmente, mais de 40 mil pessoas seguem seu perfil no Twitter, @TrackMty.

– O problema do narcotráfico é responsabilidade de todos os cidadãos. Estivemos adormecidos frente à questão e deixamos a criminalidade penetrar na sociedade – afirma Melissa.

Luis Espino, 25 anos, é um dos moradores que recebem os tuítes de @TrackMty ou com #Mtyfollow – hashtag criada pela mexicana para uniformizar a transmissão de recados como atividades suspeitas e crimes ocorridos em Monterrey. A família Espino ficou mais atenta à internet após a tentativa de sequestro de um irmão de Luis:

– É muito efetivo. Quando vamos sair de casa, damos uma olhada no Twitter e vemos se está perigoso.

Melissa serviu de exemplo para outros tantos usuários, que hoje denunciam e retuitam alertas. Enquanto mantém seus esforços para despertar a reação em outros mexicanos, ela festeja os resultados parciais e a resposta cada vez mais rápida das autoridades:

– Prefeituras, secretaria da Defesa Nacional e secretaria da marinha nos monitoram via Twitter e Facebook.


“Precisamos despertar”. Melissa Lotzer, ativista online

Para 40 mil seguidores no Twitter e centenas de amigos via Facebook, ela se chama Melissa Lotzer e tem o rosto de Angelina Jolie. A moradora de Monterrey adotou essa estratégia para não se tornar mais uma vítima do crime organizado, enquanto estimula a população a fazer denuncias anônimas pelas redes sociais. Via microblog, moradores repassam informações sobre crimes e fatos suspeitos.

– Graças a todos os relatos cidadãos, conseguimos que as autoridades locais e nacionais reajam de maneira mais rápida nas situações de risco – afirma a ativista.

Zero Hora – Quais são os princípios do seu grupo?

Melissa Lotzer – O México Nova Revolução é contra o uso de armas. Simplesmente informamos para cuidar de nós mesmos e incentivamos a denúncia anônima a soldados e fuzileiros navais.

ZH – Alguém próximo à sra. foi vítima da violência ligada ao tráfico de drogas?

Melissa – Hoje em dia, se vives em Monterrey, há no mínimo cinco pessoas próximas a ti que foram vítimas do crime organizado.

ZH – O que a motiva a se dedicar diariamente a esse projeto?

Melissa – Estou convencida de que a solução não está numa pessoa só, mas sim em todos. Precisamos despertar. Trabalho para que fiquemos atentos ao nosso entorno. O crime organizado quer nos dividir, nos assustando. Se permanecemos unidos e atentos, podemos detectar criminosos e veículos suspeitos e evitar que sigam circulando por nossas ruas impunemente. Coloco conselhos ao alcance de todos, para que possamos denunciar sem sofrer represálias.

ZH – Em média, quanto tempo a sra. dedica por dia a esse trabalho via redes sociais?

Melissa – Prefiro não dizer.

ZH – É difícil convencer as pessoas a contribuírem?

Melissa – Para mim, não tem sido difícil. No início, porém, me chamavam de louca, mas continuei. Todos os que se aproximam de mim pelo Twitter ou pelo Facebook o fazem para ajudar na construção de uma sociedade melhor.

PACTO PELA PAZ

A Marcha pela Paz com Justiça e Dignidade, liderada pelo poeta Javier Sicilia, que teve um filho assassinado, percorreu parte do México para alertar sobre a violência. O ativista se encontrou com o presidente Felipe Calderón para discutir o problema. Confira o pacto proposto pelo movimento:

1. Exigimos esclarecer assassinatos e desaparições e dar nomes às vítimas.

2. Exigimos pôr fim à estratégia de guerra e assumir um enfoque de segurança cidadã. Devem-se mudar o enfoque militarista e a estratégia de guerra de segurança pública e
assumir uma nova estratégia de segurança cidadã, com enfoque nos direitos humanos.

3. Exigimos o combate à corrupção e à impunidade.

4. Exigimos combater a raiz econômica e os lucros do crime.

5. Exigimos a atenção emergencial à juventude e ações efetivas de recuperação do tecido social.

6. Exigimos democracia participativa.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta na hora, dos brasileiros também despertarem, seguindo o exemplo do sofrido povo do México. As Redes e Portais Sociais poderiam fazer exigências aos governantes e organizar uma a MARCHA PELA PROBIDADE NA GOVERNANÇA E PELA PAZ SOCIAL NO BRASIL.

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