A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

segunda-feira, 5 de março de 2012

CAXIENSES PEDEM MAIS RIGOR DA LEI


PASSEATA DA PAZ. Familiares de pessoas mortas de forma violenta fizeram manifestação por mudanças na legislação - SILIANE VIEIRA | CAXIAS DO SUL, ZERO HORA 05/03/2012

Unidos pelo objetivo de chamar a atenção da população e das autoridades para o problema da violência, centenas de pessoas participaram de uma passeata em favor da paz e contra a violência, em Caxias do Sul, no sábado. Vestindo roupas brancas e empunhando balões, flores e cartazes, os manifestantes – a maior parte familiar ou amigo de pessoas mortas de forma violenta na Serra – pediram mudanças na legislação e mais rigor na punição a criminosos.

Na caminhada, que percorreu ruas centrais da cidade por cerca de uma hora e meia, o rosto e os nomes de pelo menos oito vítimas de violência em Caxias estavam expostos em cartazes e camisetas. Um deles era o da empresária Rosmeri Giazzon, morta em um assalto em dezembro de 2011, no bairro Santa Catarina. A filha dela, Mônica Giazzon Cavalli, 19 anos, segurava um cartaz com uma foto de Rosmeri e a frase: “Ela não vai voltar, mas o assassino merece cadeia!”:

– Os assassinos da minha mãe ainda não foram presos, viemos protestar por isso.

Um carro de som puxava a passeata com mensagens gravadas por amigos do adolescente Germano Ioris de Oliveira, 13 anos, uma das vítimas do triplo assassinato que chocou o Estado em janeiro. Na outra extremidade do grupo de participantes, um caminhão também participava da ato. Dentro dele, Dionísio Carlos Nunes, 43 anos, foi às ruas lembrar da morte do filho Willian Vieira Nunes, ocorrida em 2010. Ele foi assassinado com 15 tiros, na porta de casa, no bairro Santa Fé.

– O que foi feito não tem como desfazer, mas podemos, juntos, mudar o futuro – justificou.


Dor de mãe que se transforma em luta

Uma das organizadoras da caminhada, Paula Ioris de Oliveira recebe um abraço de uma pessoa que ela não conhece, mas que deseja força. Cenas como essa se repetiram dezenas de vezes na manhã de sábado. Ainda chorando a morte do filho Germano – morto em janeiro com o amigo Vinicius, 14 anos, e o pai do garoto, o empresário Gilson Fernandes, 44 anos, por dois homens em razão de um desentendimento sobre um acerto trabalhista –, Paula quer lutar para que as autoridades entendam que o Código Penal, muitas vezes, beneficia criminosos, o que incentiva a ocorrência cada vez mais frequente de outros crimes.

– O motivo aqui é nobre: sensibilizar as autoridades para cuidar melhor da nossa cidade. Não pode continuar como está. Precisa de projetos, um sistema carcerário melhor – disse ela.

Muitas pessoas que estavam na caminhada nunca sofreram uma perda dessas, mas se preocupam com a violência, como Noeli Libardi, 62 anos:

– Tenho um neto com a mesma idade dos garotos mortos (Germano e Vinicius), fico lembrando dele. Por que fazer uma coisa dessas com um inocente?

Paula diz que o engajamento dela por mudanças no Código Penal não vai ficar restrito à caminhada.

– Existe a ONG Brasil Sem Grades, da qual estamos distribuindo material, inclusive em escolas. Não vou criar uma nova ONG, estou me juntando a eles – garantiu.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A sociedade organizada precisa se mobilizar para exigir com urgência uma nova e enxuta constituição federal para poder organizar um Sistema de Justiça Criminal amparado por leis rigorosas, punições temidas, processo ágeis e instrumentos de coação, justiça e cidadania fortes, comprometidos e integrados na consecução da paz social em todo o Brasil.

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