A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

CONTRA A IMPUNIDADE NAS REDES E NA VIDA

 

ZERO HORA 17 de abril de 2015 | N° 18135


MANUELA DÁVILA*



Canais que levam as pessoas, de uma forma simples, a buscar soluções, como o Disque 100 (contra violação dos direitos humanos) e o Disque 180 (denúncia de violência contra a mulher), são grandes conquistas. Recentemente, temos mais uma opção, o Humaniza Redes, que vai acolher denúncia de ódio virtual. Ótimo. Mas precisamos vencer um desafio: fazer com que esse conjunto de leis seja incorporado à cultura das pessoas, sendo traduzido em seus cotidianos.

O número de pessoas que deixam de usar o potencial do mundo digital para construir cidadania e opta por disseminar o ódio e a intolerância é cada vez maior. A propagação do ódio em redes sociais é, num primeiro momento, abstrata e difusa, mas o dano decorrente da incitação e concretização da violência é real. Os desavisados (ou pessoas de má-fé mesmo) acreditam que a prática é exercício de liberdade de expressão. Longe disso. É, de fato, ódio, sempre permeado de uma essência discriminatória. Tem por objetivo a desvalorização ou aniquilação do outro, estimulando a violência em relação a um grupo social. É algo que ultrapassa os limites. A internet é aliada da democracia, do livre pensar, mas jamais deve ser território de crimes.

O Humaniza Redes vem justamente coibir essas incitações. Deve atuar não apenas no recebimento de denúncias, mas na proteção das vítimas e no encaminhamento de casos à polícia. Difamar, ofender, caluniar é crime, dentro e fora da internet. Ingenuidade pensar que não serão punidos por estarem atrás de um codinome, disseminando os mais perversos sentimentos de forma anônima. Quem entende o mínimo de tecnologia sabe que este anonimato é mera ilusão.

Nossa Constituição Federal diz que é livre a manifestação do pensar, sendo vedado o anonimato. Justamente para podermos responder pelo que dizemos. Ou seja, cada um é livre, mas deve responder por aquilo que diz. Esperamos que com o Humaniza Redes mais e mais pessoas respondam.

*Deputada estadual (PC do B)

segunda-feira, 13 de abril de 2015

EM PORTO ALEGRE, QUARENTA MIL PARTICIPARAM DO PROTESTO

ZERO HORA  12/04/2015 | 22h17


Em Porto Alegre, protesto reúne menos pessoas e se direciona contra Dilma e Lula. Cerca 40 mil pessoas participaram da manifestação na Capital gaúcha



Foto: Omar Freitas / Agencia RBS

Um mês depois do protesto que levou centenas de milhares de pessoas às ruas do país contra o governo Dilma Rousseff, o número de participantes era visivelmente menor nas manifestações convocadas para o último domingo. No entanto, segundo os organizadores, a adesão de cidades teria sido maior.

No domingo, participaram 500 municípios, enquanto em 15 de março foram cerca de 150 cidades, segundo Movimento Brasil Livre. Em Porto Alegre, 40 mil pessoas participaram do protesto, segundo estimativa da Brigada Militar e da própria organização do evento. A crítica, que em março era direcionada a várias bandeiras – entre elas, o Congresso, a corrupção e os desvios na Petrobras – desta vez tinha nome e endereço: era direcionada contra Dilma e Lula.


O nome do ex-presidente apareceu com mais força e os cânticos de "Fora PT" dividiram espaço com "Lula cachaceiro, devolve meu dinheiro." Os ideais do pensamento liberal estiveram mais claro nos protestos de abril. Os manifestantes defendiam o ajuste fiscal, "mas sem aumento de impostos." A média de idade do público também era outra. Menos jovens e mais pessoas de meia-idade participaram da caminhada, que foi encurtada. Começou no Parcão e seguiu pelas avenidas Mariante, Protásio Alves, Ramiro Barcelos e 24 de Outubro. Não se viu também mobilização organizada pedindo intervenção militar como ocorreu em março.

No carro de som, os organizadores fizeram questão de ressaltar que defendem a democracia e elogiaram a presença da Brigada Militar no evento. Também afirmaram que mais de "30 academias de artes marciais estavam presentes para garantir a segurança." Não foi suficiente, no entanto, para garantir a segurança de duas jovens que estavam na esquina das avenidas Cabral e Mariante.

Uma delas, que vestia uma camiseta com os dizeres "GAY OK" e defendia a presidente Dilma foi atacada e teve a blusa rasgada por um dos manifestantes. A namorada dela também foi abusada. A BM interveio, mas elas não quiseram registrar ocorrência. Fábio Ostermann, um dos representantes do Movimento Brasil Livre (MBL) no Estado avaliou que o protesto de domingo foi um passo importante para mostrar que um mês depois ainda existe uma grande insatisfação da população e que apesar do número menor de pessoas (um terço em relação a março) é normal já que houve uma "consolidação da pauta" a favor do impeachmeant.

— Sempre foi nosso objetivo (do MBL) pedir a saída da presidente, mas o clamor popular foi muito forte e a manifestação de março acabou incluindo outras bandeiras — disse Ostermann. O próximo passo é uma manifestação concentrada em Brasília no dia 20 de maio.


Diferente do que aconteceu nas manifestações de 15 de Março, havia uma expectativa crescente em torno do evento marcado para começar às 15h. Não apenas daqueles que iriam expressar sua indignação, mas também daqueles que enxergaram ali uma oportunidade de ganhar uma remuneração extra.

André Riffel, 43, chegou às 11h na Avenida Goethe e encontrou diversos pontos já ocupados com outros, a exemplo dele, que buscavam seu lugar desde às 6h. Depois de dividir o carro com mais quatro companheiros, da cidade de Alvorada até o Parcão, organizar suas bebidas e produtos e gritar o mais alto que podia para anunciar suas ofertas, André constata aquilo que seria um fato rotineiro: "não estou vendendo nada". O mesmo afirma o casal Rejane Silva, 55, e Edson Pedroso, 60.

— Vendemos só uma bandeirinha até agora — diz Edson.

Ela é prestadora de serviços gerais. Ele é porteiro. O hábito de buscar em eventos públicos, como shows e partidas de futebol, uma maneira de reforçar o orçamento familiar esbarrou em alguns fatores, como o preço que, inevitavelmente, tiveram que cobrar para angariar alguma margem de lucro. Além disso, havia algo em comum entre eles: o apoio aos protestos.

— Eu votei na Dilma, mas hoje me arrependo. Não votaria nela de novo — garante Edson.

Rejane endossa a afirmação do marido, mas afirma que não se arrepende de sua escolha na urna:

— Votei em branco. Eu sempre faço isso. Não confio neles.

GOVERNISTAS E OAB REJEITAM IMPEACHMENT E INTERVENÇÃO MILITAR

G1 FANTÁSTICO Edição do dia 12/04/2015

Políticos governistas e OAB rejeitam impeachment e intervenção militar. Impeachment da presidente Dilma Rousseff e a intervenção militar foram algumas das principais reivindicações dos protestos deste domingo (12).




Políticos da base do governo e a Ordem dos Advogados do Brasil rejeitaram algumas das principais reivindicações dos protestos deste domingo (12): o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a intervenção militar - uma ilegalidade que foi defendida em alguns locais.

Em meio a bandeiras, pedidos vieram estampados em camisetas, cartazes e faixas. Foi assim em Brasília e em outras manifestações pelo país.

O líder do governo na Câmara disse que as manifestações são legítimas, mas ele criticou os pedidos de impeachment. “A presidenta Dilma está calcada em 54 milhões de brasileiros que a reelegeram para governar o Brasil por quatro anos. Essa ideia de impeachment não encontra legitimidade e nem elementos jurídicos para a sua concretização”, afirmou o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara.

Para o líder do PT, Sibá Machado, não há nada que incrimine a presidente Dilma. Ele lembra que ela nem foi incluída na lista de investigados do procurador-geral da República, decisão que foi referendada pelo Supremo Tribunal Federal. “É ilegal e nem tem ambiente na política, na conjuntura, na economia, em absolutamente, nenhum tipo de amparo. Acho que tem pessoas se aproveitando das manifestações e de um setor da sociedade, especialmente da classe média, que tem anseios sobre essas coisas todas. E que alguns, se aproveitando disso, tem falado desses temas”, disse o deputado Sibá Machado (PT-AC), líder do PT na Câmara.

Também para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, não há razão para o impeachment. “O pedido de impeachment deve se basear em provas concretas de participação da presidente da República. A OAB não deliberou sobre o tema, porque não tomamos conhecimento da existência de participação pessoal da presidente em atos de corrupção”, disse o presidente da OAB, Marcus Vinícius Coelho.

Ele criticou, enfaticamente, a defesa de uma intervenção militar. Uma afronta à Constituição. “O Brasil vive o maior período de estabilidade democrática. Para os males da democracia, só há um remédio: mais democracia, mais liberdade. Queremos o Brasil próspero. Um Brasil de todos os brasileiros, e não apenas de alguns que ocupam o poder em uma ditadura. Nunca mais a voz única do autoritarismo”, apontou o presidente da OAB.

Agora há pouco, em Porto Alegre, onde estava para acompanhar o velório do ex-ministro da Justiça Paulo Brossard, o vice-presidente da República, Michel Temer, comentou as manifestações deste domingo (12).

“O governo está prestando atenção nessas manifestações. Elas revelam, em primeiro lugar, vou dizer o óbvio, uma democracia poderosa. Mas, em segundo lugar, o governo precisa verificar exatamente quais são as reivindicações e atender essas reivindicações. É isso que o governo está fazendo”, afirmou o vice-presidente.

A presidente Dilma chegou nesta madrugada de uma viagem ao Panamá. Ela passou o dia no Palácio da Alvorada. E foi informada sobre os protestos pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência da República. Os dois estiveram com ela. O governo avaliou que as manifestações foram tranquilas, pacíficas, próprias do ambiente democrático.

O presidente do PSDB, o senador Áecio Neves, divulgou uma nota. Nela, Aécio afirma que se solidariza com os milhares de brasileiros que foram às ruas para manifestar seu repúdio e indignação contra o que Aécio chama de corrupção sistêmica - que envergonha o país - e cobrar saídas para o agravamento da crise econômica.

Sobre as manifestações, a ex-candidata à presidência Marina Silva publicou um artigo, numa rede social da internet. Marina afirmou que menos gente nas ruas não significa menor insatisfação. Segundo Marina, isso pode ser sinal de aumento da desesperança.

MILHARES PROSTESTAM CONTRA A CORRUPÇÃO, O PT E A PRESIDENTE

G1 FANTÁSTICO Edição do dia 12/04/2015


Protestos reúnem milhares contra a corrupção, o PT e a presidente Dilma. Em relação ao primeiro ato contra o governo Dilma, número de manifestantes caiu para um terço, segundo a PM, ou para a metade, segundo organizadores.





Milhares de pessoas voltaram às ruas e praças das cidades em muitos estados neste domingo (12) em protesto contra a corrupção, o PT e a presidente Dilma.

A maior manifestação aconteceu em São Paulo, onde os dois lados da Avenida Paulista foram ocupados em boa parte de sua extensão.

Em relação ao primeiro ato contra o governo Dilma, no último dia 15 de março, o número de manifestantes em todo o país neste domingo caiu para um terço, segundo a PM, ou para a metade, segundo os organizadores. Também foi menor desta vez o número de cidades em que houve manifestações.

Verde e amarelo nas roupas. Clima pacífico nas ruas. Em todo o país, manifestantes foram chegando aos pontos de encontro - praças, avenidas, na orla das cidades litorâneas.

As palavras de ordem eram as mesmas do dia 15 de março. Pelo impeachment, contra a corrupção, o governo e o PT.

“A gente mostrar que o Brasil está acordando e que tem que lutar pelo que é bom para todos nós" diz um participante.

Os organizadores não deram importância ao número menor de manifestantes em relação ao dia 15 de março:

“A gente confia na Polícia Militar. Se eles disserem que foi menos, a gente vai confiar. O importante é que a gente conseguiu mandar o recado”, comentou Dênis Abreu, organizador - Mov. Cariocas Direitos.

Em Brasília, os manifestantes foram cedo para a rua. A concentração foi na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Museu da República e seguiu até o Congresso Nacional. Segundo os organizadores, eram 40 mil pessoas. E 25 mil, segundo a PM. Em março, foram 100 mil participantes, segundo os organizadores e 50 mil, segundo a PM. "Temos que lutar pelo nosso país”, afirma uma mulher.

O clima da manifestação na capital do país foi pacífico. Com calor e sol, algumas pessoas entraram no espelho d’água em frente ao Congresso. Elas carregavam a bandeira do Brasil. Faixas e cartazes pediam o impeachment da presidente e a defesa da Petrobras.

No Rio de Janeiro, o protesto foi na orla de Copacabana. O batalhão de grandes eventos da PM chegou a informar que eram 10 mil manifestantes por volta do meio dia. Mas à tarde, o comandado do polícia disse que não ia dar uma estimativa do número de participantes.

Três entidades organizaram o evento. Duas, calcularam que 25 mil pessoas participaram do protesto. No dia 15 de março, a PM também não divulgou um número oficial. Segundo os organizadores, eram 100 mil manifestantes.

Em alguns momentos, a PM teve que intervir para evitar confusão. Manifestantes hostilizaram pessoas que defendiam o governo. Cartazes e faixas pediam um basta à corrupção. “Estamos aqui lutando por um futuro melhor, principalmente para os nossos filhos”, comentou um manifestante.

No meio da passeata, um grupo de manifestantes destoava dos outros, pedindo intervenção militar, o que é ilegal e contra a Constituição. “A gente viveu um momento muito ruim da nossa história com o regime de exceção. E isso não nos representa”, defendeu um homem.

A Praça da Liberdade foi o palco das manifestações deste domingo em Belo Horizonte. As cores da bandeira do Brasil eram as preferidas dos manifestantes. Eram 8,5 mil pessoas, segundo os organizadores. Seis mil segundo a PM. No dia 15 de março eram 25 mil, segundo os organizadores e 24 mil, segundo a PM.

O Hino Nacional foi tocado várias vezes enquanto os manifestantes pediam o impeachment da presidente Dilma, a reforma política e o fim da corrupção.

As manifestações aconteceram também nas outras capitais e em várias cidades do interior do país, mas também com participação menor do que no dia 15 de março.

Há pouco mais de um mês os protestos aconteceram em 252 cidades. No total, foram 3 milhões de participantes, segundo os organizadores. Dois milhões e quatrocentos mil, segundo a PM.

Neste domingo (12), os protestos ocorrem em menos cidades: 195. E com menos participantes: 1,5 milhão, segundo os organizadores ou 682 mil manifestantes, de acordo com as polícias militares. Considerando que em algumas cidades, como Recife, por exemplo, a polícia não divulgou o número de manifestantes.

Em Uberlândia, interior de Minas, a manifestação aconteceu na Praça Tubal Vilela no centro da cidade. Dez mil pessoas, segundo os organizadores. Seis mil, segundo a PM.

Em Belém, 5 mil pessoas foram para as ruas, segundo os organizadores e a PM. Dez mil pessoas foram para as ruas de Salvador, segundo os organizadores. Quatro mil, segundo a PM. A manifestação pacífica passou pela orla da capital baiana. “Nós queremos menos corrupção e maior investimento na saúde pública do Brasil”, disse uma mulher.

As palavras de ordem contra a corrupção também tomaram conta de uma das principais avenidas do centro de Manaus. Foram 900 manifestantes, segundo os organizadores e a PM.

No Recife, os protestos contra a corrupção e o governo reuniram 40 mil pessoas, segundo os organizadores. A PM não fez a estimativa. Na areia da praia e nas ruas, os manifestantes pediram o fim da corrupção.

Uma caminhada pelas ruas do centro de Porto Alegre reuniu entre 35 mil e 40 mil pessoas, segundo os organizadores.

Doze cidades de Mato Grosso tiveram manifestações neste domingo. A maior foi na capital Cuiabá, que reuniu 25 mil pessoas, segundo os organizadores. A PM calcula que eram 8 mil. As principais reivindicações eram contra a corrupção.

No interior de São Paulo, também houve protestos em várias cidades. Em Ribeirão Preto, 25 mil pessoas segundo a PM e 35 mil, de acordo com os organizadores, participaram da manifestação, que começou ao som da Aquarela do Brasil.

Abaixo-assinados circularam entre os manifestantes em Campinas pedindo a saída da presidente Dilma, do Ministro do Supremo, Dias Toffoli e a redução de ministérios. Os organizadores disseram que 25 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar contabilizou 10 mil.

O impeachment também foi o pedido dos manifestantes em São José do Rio Preto. O protesto reuniu 8 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Os organizadores contaram 9 mil. Houve discussão entre manifestantes e um homem que levou uma bandeira vermelha.

Agricultores fizeram um ‘tratoraço’ em Presidente Prudente. “País sem agricultura não existe. O país sem liberdade não existe. Sem paz e sem amor e sem progresso, o país realmente não existe”, afirmou um homem.

Na capital, dois grupos de caminhoneiros se encontraram na Marginal Pinheiros. Pouco depois de meio-dia. Com bandeiras do Brasil e cartazes pedindo a saída de Dilma e do PT, eles protestavam contra o preço do frete e do óleo diesel. Eles seguiram rumo à região da Paulista.

Os movimentos que organizaram o protesto meio que dividiram a Paulista em setores demarcados pelos carros de som. Tinha gente ocupando toda a Avenida. E as ruas que dão acesso à paulista estão do mesmo jeito.

O verde e amarelo coloriu a multidão. Muitas pessoas levavam cartazes e faixas, pedindo a saída do PT e o impeachment da presidente. Outros pediam o fim da corrupção.

“O povo tem que mostrar que ele está, está ali e ele tem força, sabe? Se ele se unir, uma hora ou outra ele consegue e vai conseguir acabar com essa corrupção”, comentou uma jovem.

“Eu estou aqui exatamente porque eu espero mais dos políticos. Eu quero uma política melhor, com lisura com o dinheiro público”, declarou uma participante.

Em São Paulo, foram divulgados três números diferentes. A PM calculou em 275 mil manifestantes. O Datafolha, 100 mil. E os organizadores, 800 mil manifestantes. No mês passado, PM e organizadores concordaram quanto ao número de 1 milhão de participantes. Já o instituto, tinha calculado 210 mil.

“Nós estamos muito contentes, não apenas com o número de pessoas que está aqui, mas com o mesmo espírito que elas estão trazendo das outras vezes”, disse Rogério Chequer, líder do Vem Pra Rua.

Em vários momentos os carros de som tocaram o Hino Nacional.

Também houve queda no número de participantes quando se comparam os atos públicos realizados pela CUT e pelo MST, com apoio do PT. Em março, em defesa da Petrobras, da democracia e de uma reforma política e agora em abril, quando o foco foi o protesto contra a terceirização do emprego. Organizadores e polícias militares concordam em suas estimativas que o número de manifestantes caiu para menos de um quarto de uma data para outra.

sábado, 11 de abril de 2015

DEMOCRACIA E REJEIÇÃO AO AUTORITARISMO



ZERO HORA 1 de abril de 2015 | N° 18129


EDITORIAIS





Os organizadores do protesto programado para este domingo em centenas de cidades brasileiras prometem mobilizar os defensores de uma pauta um tanto confusa e de uma bandeira extemporânea: o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar das dificuldades políticas e econômicas que a mandatária vem enfrentando neste início de segundo mandato, o pedido de afastamento é precipitado e, pelo menos até o momento, injustificável. Mas possível numa democracia, principalmente quando os próprios ativistas acrescentam a ele, como vem fazendo as principais lideranças do movimento, a rejeição inequívoca ao autoritarismo e a qualquer tipo de intervenção que fira a democracia. Esta visão, certamente, traduz o pensamento da maioria dos brasileiros.

Diferentemente das manifestações de junho de 2013, que levaram às ruas segmentos da sociedade civil organizada, as iniciadas em março deste ano e que se repetem agora, menos de um mês depois, não contam com a presença de sindicatos, associações e partidos políticos. Essa característica ajuda a entender a dispersão da pauta, que inclui tanto o afastamento da presidente Dilma Rousseff quanto a retirada do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), do julgamento da Lava-Jato.

No vácuo de uma preocupante crise de credibilidade do governo federal, em boa parte devido à deterioração política e econômica, é natural que parcelas inconformadas se sintam impelidas a manifestar seu inconformismo. Nesse contexto, é imprescindível que o Planalto e as lideranças políticas do país ouçam a voz das ruas, empenhando-se com ações concretas naquilo que pode ser feito para atender às reivindicações procedentes e reduzir tensões.



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Antes de pedir o impeachment da presidente Dilma, os protestos deveria ser direcionados para pedir o fim da leniência da justiça, o fim das leis permissivas e o fim do Senado, de forma a fortalecer a justiça, melhorar as leis e acabar com um poder perdulário, aristocrático e inoperante. Pedir o impeachment sem provas concretas e condenação pela justiça é um gesto autoritário, impróprio neste momento. Antes dele, o povo clama por justiça ágil e coativa, por leis duras contra o crime e pelo fim das imunidades dos altos cargos que estimulam a omissão e a corrupção no poder.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O BRASIL DE QUE AS ELITES TÊM NOJO



ZERO HORA 10 de abril de 2015 | N° 18128


CLAUDIR NESPOLO*




Com altos e baixos, o Brasil passa por um gradual e sofrido processo de combate à desigualdade. Prova disso é a inclusão de mais de 20 milhões de trabalhadores no mundo do trabalho; a expansão de políticas públicas que elevam milhares de brasileiros à condição de cidadãos e o aperfeiçoamento de políticas sociais, como educação e saúde. É digna de nota a extraordinária ampliação do ensino universitário, técnico e tecnológico, cujos resultados já estão sendo percebidos. Outro fenômeno importante é o combate à desigualdade territorial, que leva as condições de crescimento econômico para regiões até então relegadas ao esquecimento.

Vivemos a emergência de uma nova classe trabalhadora jovem e batalhadora, mais escolarizada e sedenta por mais e melhores empregos. É perceptível o protagonismo das mulheres, dia a dia mais decididas a ocupar o seu lugar na sociedade. Emerge também uma juventude que não tolera preconceitos, racismo e discriminações comportamentais. As elites sabem que a consolidação de um Brasil progressista, democrático, inteiro, confiante e que sabe lutar por seus direitos é a maior ameaça aos seus privilégios.

É desse novo Brasil que as elites têm nojo e temor, por isso querem contaminá-lo com ideologias conservadoras e mobilizá- lo na direção do retrocesso.

Nenhum país diminuiu a desigualdade sem enfrentar os detentores de privilégios. O Brasil não será diferente. Para nós, a emergência de uma direita mais organizada, intolerante e disputando uma agenda de retrocesso é sintoma do nosso avanço na democracia e na conquista de direitos. Nós, da CUT, fazemos parte desse grande processo de enfrentamento da desigualdade, que é superior à presidenta e ao partido que representa. Hoje, temos melhores condições, daí o nosso apoio, mas não é um apoio ingênuo e alienado. O nosso DNA é lutar pela melhoria das condições de vida e de trabalho. Por isso estaremos no dia 15 de abril protestando contra a aprovação do PL 4.330 (terceirização) e no 1º de Maio lutando por mais democracia, desenvolvimento e direitos com a pauta da reforma política, taxação das grandes fortunas, democratização dos meios de comunicação e fortalecimento das instituições do Estado para coibir a corrupção etc.

*Presidente da CUT-RS


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Argumento comum usado pelos regimes socialistas é jogar a culpa na tal de "elite", como se um país pudesse sobreviver sem esta "elite", a que investe no país, a que garante empregos ao povo e a que gera progresso, desenvolvimento, qualidade de vida e paz social. Foi justamente a "exclusão"destas "elites" que fez o regime socialista falir em todo o mundo. A China sobrevive justamente por apoiar as tais "elites", garantindo investimentos e recursos para prover toda a nação. Portanto, ao tratar as "elites" como inimiga do povo, os ideólogos socialistas acabam sacrificando o povo que tanto dizem defender.

A PAUTA QUE ANIMA O BRASIL



ZERO HORA 10 de abril de 2015 | N° 18128


RAFA BANDEIRA*


Dia 15 de março foi um dia histórico. Em todo o país, milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra os desmandos de um governo que perdeu a confiança do povo de uma maneira poucas vezes vista na história do Brasil.


O Movimento Brasil Livre tem orgulho de fazer parte dessa história. Nunca pretendemos posar de “donos” dessas manifestações, que foram a maior mobilização popular da história do Brasil. Somos estudantes, trabalhadores assalariados, empresários, profissionais liberais, funcionários públicos – somos brasileiros indignados com os rumos da política nacional e dispostos a gastar nosso tempo e energia para que possamos viver em um país melhor. Nosso objetivo foi e segue sendo o de atuar como um grupo que influencie positivamente a pauta dos protestos, defendendo sempre a democracia, as liberdades individuais e o Estado democrático de direito. Somos contra qualquer ditadura, seja de cunho político ou econômico.

Fomos às ruas no dia 15 de março e voltaremos no dia 12 de abril. Nossa pauta seguirá sendo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Trata-se de um mecanismo democrático garantido por nosso ordenamento jurídico e visa a resguardar a instituição da Presidência da República em situações extremas envolvendo o ocupante do cargo.

Foi utilizado para remover Collor por seu envolvimento em um escândalo de corrupção. Os baixíssimos índices de popularidade da presidente Dilma também lembram os de Collor na antevéspera do impeachment e são um reflexo da justificada insatisfação popular que vem tomando conta do Brasil.

Em Porto Alegre, foram 120 mil pessoas saindo às ruas por um Brasil melhor, mais justo e verdadeiramente livre e democrático. E hoje entendemos que a construção do país em que queremos viver passa pela abertura do processo. O povo brasileiro não permitiu que fosse feito de bobo em 1992, e certamente não permitirá em 2015. Essa é a pauta que nos anima, movimenta o Brasil e que está nas ruas.

*Porta-voz do Movimento Brasil Livre no RS

quarta-feira, 8 de abril de 2015

POR MAIS CIVILIDADE NA REDE



ZERO HORA 08 de abril de 2015 | N° 18126


EDITORIAIS



Ao lançar um programa visando à prevenção e ao enfrentamento de violação de direitos humanos na internet, o governo faz um esforço importante e delicado para conciliar dois princípios inegociáveis: liberdade de expressão e de informação e a garantia dos direitos individuais. A intenção é relevante pela necessidade de conter abusos de quem se vale da rede como veículo para a disseminação de intolerância e preconceito. Mas são procedentes os alertas de que um gesto bem-intencionado como esse não pode se transformar em pretexto para a imposição de qualquer espécie de mordaça nos internautas.

Não por acaso, a própria presidente Dilma Rousseff fez questão de destacar ontem, na cerimônia de lançamento do programa – que inclui uma ouvidoria para receber denúncias online – o seu “compromisso inabalável” com a liberdade de expressão. Como extensão da vida real, a internet não pode se submeter a restrições oficiais, tão ao gosto de países de pouca ou nenhuma tradição democrática. Da mesma forma, não tem como ser usada como veículo de propagação de mensagens que atentam contra a dignidade humana, como as de cunho racista.

Assim como as ruas, as redes sociais exigem o cumprimento de regras mínimas para que possam propiciar benefícios aos usuários. Mas é importante que o poder público aposte também na prometida campanha de orientação sobre o comportamento social na internet. Quanto mais os internautas forem educados e bem informados, maiores serão as suas chances de observarem preceitos mínimos de convivência.