MOBILIZAÇÃO VIRTUAL
Para garantir apoios, ação precisa ter foco
Potencializada pelas redes sociais, a insurgência em países do Oriente Médio e norte da África resultou na deposição de regimes autoritários em países como o Egito e a Líbia, entre 2011 e 2012, e em mudanças políticas em outras nações, como Jordânia, Iêmen e Bahrein.
Os movimentos alimentados pela falta de liberdade de expressão e pelas más condições de vida, além de problemas socioeconômicos, tornaram-se exemplo de uso eficaz da rede para mobilizações sociais e políticas e se reproduziram, em menor intensidade, em outros episódios espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.
– Essas mobilizações raramente são de indivíduo para indivíduo, são de grupos sociais. Na Primavera Árabe, isso ficou muito claro. Havia grupos sociais, alguns religiosos, alguns laicos, alguns de orientação política, outros de orientações bem diversificadas, mas eram sempre grupos sociais que ajudavam a mobilizar – explica o sociólogo e professor da PUCRS Emil Sobottka.
No Brasil, os protestos anticorrupção têm sido os principais exemplos de mobilizações sociais. No entanto, os brasileiros demonstram um comportamento diferente na esfera online, onde são incisivos e participativos, enquanto nas ruas os movimentos perdem força e reúnem poucas pessoas. Para o sociólogo Cândido Grzybowski, esse comportamento sinaliza uma mudança no perfil dos eleitores e na forma como eles expressam opinião. Mas o pesquisador pondera que esses grupos não podem prescindir do protesto presencial.
– Qualquer mobilização tem como objetivo incluir o assunto na pauta do debate público. O resultado das mobilizações pela internet é exatamente o mesmo, de influir, de criar agenda, de gerar mídia. Mas, a participação na rua continua sendo fundamental, ela é o grande ato cidadão por excelência. Na Tunísia, os protestos reuniram quase 15% da população do país – lembra.
Sobottka acredita que a principal diferença entre os movimentos que ocorrem em outros países e no Brasil é o nível de indignação das pessoas diante de situação que as incomode. Além disso, destaca que as características de Brasília, onde deveriam ocorrer os protestos com maior intensidade, amenizam as mobilizações.
Para garantir apoios, ação precisa ter foco
Potencializada pelas redes sociais, a insurgência em países do Oriente Médio e norte da África resultou na deposição de regimes autoritários em países como o Egito e a Líbia, entre 2011 e 2012, e em mudanças políticas em outras nações, como Jordânia, Iêmen e Bahrein.
Os movimentos alimentados pela falta de liberdade de expressão e pelas más condições de vida, além de problemas socioeconômicos, tornaram-se exemplo de uso eficaz da rede para mobilizações sociais e políticas e se reproduziram, em menor intensidade, em outros episódios espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.
– Essas mobilizações raramente são de indivíduo para indivíduo, são de grupos sociais. Na Primavera Árabe, isso ficou muito claro. Havia grupos sociais, alguns religiosos, alguns laicos, alguns de orientação política, outros de orientações bem diversificadas, mas eram sempre grupos sociais que ajudavam a mobilizar – explica o sociólogo e professor da PUCRS Emil Sobottka.
No Brasil, os protestos anticorrupção têm sido os principais exemplos de mobilizações sociais. No entanto, os brasileiros demonstram um comportamento diferente na esfera online, onde são incisivos e participativos, enquanto nas ruas os movimentos perdem força e reúnem poucas pessoas. Para o sociólogo Cândido Grzybowski, esse comportamento sinaliza uma mudança no perfil dos eleitores e na forma como eles expressam opinião. Mas o pesquisador pondera que esses grupos não podem prescindir do protesto presencial.
– Qualquer mobilização tem como objetivo incluir o assunto na pauta do debate público. O resultado das mobilizações pela internet é exatamente o mesmo, de influir, de criar agenda, de gerar mídia. Mas, a participação na rua continua sendo fundamental, ela é o grande ato cidadão por excelência. Na Tunísia, os protestos reuniram quase 15% da população do país – lembra.
Sobottka acredita que a principal diferença entre os movimentos que ocorrem em outros países e no Brasil é o nível de indignação das pessoas diante de situação que as incomode. Além disso, destaca que as características de Brasília, onde deveriam ocorrer os protestos com maior intensidade, amenizam as mobilizações.
– Fora do Brasil, os movimentos não têm sido muito descolados entre o que se apresenta na internet e o protesto na rua. Até na China tem havido mobilizações. Há uma outra questão: Brasília continua sendo fora de centro. Queira ou não, as pessoas que vivem em Brasília têm uma outra cultura política, mais próxima do poder, do que as pessoas de outras regiões – aponta.
Grzybowski avalia que o ponto chave para que as mobilizações atinjam os seus objetivos na migração da internet para as ruas é o uso da criatividade por parte dos manifestantes:
– Para essas mobilizações terem efeito, têm de ser cada vez mais diferentes e criativas.
Grzybowski avalia que o ponto chave para que as mobilizações atinjam os seus objetivos na migração da internet para as ruas é o uso da criatividade por parte dos manifestantes:
– Para essas mobilizações terem efeito, têm de ser cada vez mais diferentes e criativas.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Eu ainda acredito que temos no Brasil uma geração amordaçada, adormecida e comodista que só a esquerda brasileira conseguiu até agora mobilizar. Tanto a direita como os conservadores e independentes não sabem lidar com a mobilização de massa apesar do uso das redes, por não se disporem a enfrentar as adversidades e perderem tempo com o que julgam "caso perdido". As redes sociais estão usando de toda criatividade possível, interesses sociais e formas diferenciadas de comunicação e crítica, mas o resultado é pífio diante da falta de engajamento da sociedade organizada (comunidades religiosas, associações, sindicatos, comunidade escolar, clubes de serviço, partidos políticos, lideranças, expoentes sociais, etc..)
Os EUA só conseguiram sair da violência e corrupção dos anos 20 e 30 após uma reação contundente das comunidades religiosas que tiverem o respaldo da sociedade organizada. A Itália iniciou uma forte repressão à Máfia quando um padre católico mobilizou a comunidade religiosa e a sociedade organizada para exigir do Estado leis mais duras e uma justiça mais próxima e coativa. No Brasil, há exemplos de mobilização de massa envolvendo a atuação direta das comunidades religiosas que garantiram propostas e revoltas vitoriosas, com apoio de grande parte da sociedade organizada.
Os EUA só conseguiram sair da violência e corrupção dos anos 20 e 30 após uma reação contundente das comunidades religiosas que tiverem o respaldo da sociedade organizada. A Itália iniciou uma forte repressão à Máfia quando um padre católico mobilizou a comunidade religiosa e a sociedade organizada para exigir do Estado leis mais duras e uma justiça mais próxima e coativa. No Brasil, há exemplos de mobilização de massa envolvendo a atuação direta das comunidades religiosas que garantiram propostas e revoltas vitoriosas, com apoio de grande parte da sociedade organizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário