A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A INCAPACIDADE DE REAÇÃO DO POVO

PRIORIDADES - BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL.21 de Julho de 2011.

O Brasil daria uma lição ao mundo se desistisse de sediar a Copa de 2014 para priorizar o bem-estar de todos os seus cidadãos, abrindo mão, por imperativo social, de gastar bilhões apenas para agradar alguns milhares de torcedores ao redor do planeta.

É chocante e insuportável ver de perto a situação das emergências nos hospitais!

Escondida em corredores apertados e com pouca iluminação, uma verdadeira procissão invisível de desvalidos cidadãos implora atendimento. Homens, mulheres, velhos, jovens e crianças com o olhar perdido no horizonte esperam passivamente pelo milagre de um leito hospitalar, mantido pelos impostos pagos pelos próprios pedintes humilhados. Nenhuma justificativa governamental poderá explicar a situação de mendicância na rede do SUS, considerando a escandalosa decisão de gastar bilhões de reais na construção de estádios de futebol, os quais não irão acrescentar nada, nem mesmo aos moradores dos bairros onde serão erguidos com o dinheiro público que faz falta na rede de saúde em todo o território nacional.

É incrível a incapacidade de reação do povo. O mesmo povo que comparece em massa nas passeatas contra a homofobia em defesa do movimento GLBT, ou mesmo a favor da liberação da maconha, apanha como bicho sarnento nas filas dos postos de saúde, nas emergências dos hospitais, em ônibus superlotados, nos fantásticos gargalos do trânsito, vê o lixo espalhado por suas calçadas esburacadas, suporta bovinamente a falta crônica de professores nas salas de aula onde estão seus próprios filhos, enfrenta ruas de medo sem policiamento preventivo e ostensivo, paga juros galácticos e sequer esboça alguma reação de contrariedade. Baixam a cabeça, amaldiçoam os políticos, torcem pelas humilhações da Norma contra o Leo, aguardam ansiosos a futura galinhagem da fazenda enquanto catam moedas para pagar o busão!

Ontem chegamos ao fundo do poço quando, segundo reportagem local, fontes do Palácio Piratini admitiram que os 70 delegados e os 500 policiais civis que brindaram os cidadãos de bem deste Estado com a Operação Cartola cometeram excessos e que, em próximas ações do tipo, os agentes da lei deverão agir com "discrição". Com todo o respeito, mas na qualidade de apenas um dos milhões de palhaços deste circo de horrores, faço questão de ações "espetaculosas" sempre que supostamente o alvo seja combater a corrupção. Os milhões de reais, que políticos nefastos desviam através de discretíssimas operações nas mais variadas fórmulas de corrupção, fazem absoluta falta nos serviços essenciais que deixam de ser prestados à população que paga toda a conta de forma pacífica e ordeira, mesmo sendo submetida a todo o tipo de privação no dia a dia.

O Brasil daria uma lição ao mundo se desistisse de sediar a Copa de 2014 para priorizar o bem-estar de todos os seus cidadãos, abrindo mão, por imperativo social, de gastar bilhões apenas para agradar alguns milhares de torcedores ao redor do planeta. Combater de forma radical e implacável a corrupção, impondo humilhação pública aos corruptos e priorizar o povão que sofre com a precariedade nas áreas de saúde, educação, justiça e segurança pública deveria ser a meta de qualquer governante desta nação. Sediar jogos da Copa do Mundo? Já tentou pegar um táxi em Porto Alegre a partir das 17h? Em dia de chuva? Nossos comediantes estão perdendo espaço para os políticos. Viramos o País da piada pronta. Estou exagerando? A conferir!

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