BEATRIZ FAGUNDES - O SUL
Porto Alegre, Segunda-feira, 09 de Abril de 2012.
Dizem que meu título é minha arma, inclusive a ideia é convencer meninos e meninas que seguramente nem estão interessados no jogo a decidir tirar o tal documento para poder participar desta luta que a propaganda sugere que enfrentamos quando, a cada dois anos, vamos, obrigados, cumprir com a lei e votar.
Confesso que estou incomodada com o título de "guerreira" que recebi a partir da última e criativa propaganda de responsabilidade da Justiça Eleitoral brasileira. Dizem que meu título é minha arma, inclusive a ideia é convencer meninos e meninas que seguramente nem estão interessados no jogo a decidir tirar o tal documento para poder participar desta luta que a propaganda sugere que enfrentamos quando, a cada dois anos, vamos, obrigados, cumprir com a lei e votar.
Cabe lembrar que, na última eleição, o título foi desmoralizado, pois não traz a foto do titular e por isso votamos com a apresentação de outro documento no qual consta a dita foto. Agora fiquei confusa. Estão emitindo um novo título com foto, e eu não fui informada, ou na próxima eleição ainda será dispensável o uso do agora apresentado como nossa única arma? Deu para entender? Então é assim, você pega sua "arma", o título, mas, não se esqueça de levar algum outro "trabuco" com foto se não pode acabar pagando multa por não conseguir votar em outubro quando vamos escolher um novo, ou confirmar o velho prefeito de nossos municípios. "Cada povo tem os políticos que merece", frase surrada quando alguém está querendo livrar a cara dos partidos. "O eleitor é culpado por que não escolhe direito, vota em qualquer um", frase repetida por muitos especialistas.
O que devem estar dizendo os eleitores do senador Demóstenes? Acaso são os eleitores os responsáveis pelas escolhas dos candidatos? A existência em quantidade inesgotável de políticos, candidatos ou já exercendo mandatos, gananciosos, inescrupulosos e corruptos pode ser creditada aos manezinhos guerreiros cuja única arma sequer é considerada suficiente para seu ato de bravura? Na verdade o pobre "guerreiro" desarmado é obrigado a escolher entre aqueles que já foram "escolhidos" pelos próceres de partidos, muitos destes que jamais participaram de qualquer campanha como candidatos.
São os senhores dos partidos, que escolhem os que serão eleitos. Aos eleitores, mesmo os que têm ficha e militância partidária, recebem o prato feito. Os candidatos são eleitos anteriormente por um grupo em reuniões fechadas. E, quando um deles aparece em manchetes acusado de corrupção, formação de quadrilha, enriquecimento ilícito, chantagista ou até mesmo como assassino, aqueles que o escolheram simplesmente se calam, ou pior, se mostram surpresos e traídos.
O que dizer daqueles que sequer puderam analisar minimamente a vida do sujeito a ser escalado para exercer os quadros dos legislativos. Como se formam as direções partidárias? Considerando a miscelânea ideológica das coligações que já estão sendo articuladas aqui mesmo em Porto Alegre, como o PCdoB com o PP herdeiro da velha Arena, os candidatos escolhidos não defendem nenhuma ideologia. É possível supor que, ou defendem interesses de grupos, ou vaidades pessoais. O Brasil ostenta hoje a marca de 42 partidos. Em meio ao futebol, reality shows, rinhas humanas (MMA), novelas e uma incrível proliferação de popozudas, da para imaginar a importância que os "guerreiros" e "guerreiras" conseguem dar a epopeia insana de escolher o melhor candidato a prefeito e vereador na próxima eleição. Não, é sério! Pior é sentir que tem alguém decidido a zombar de nossa deplorável condição de eleitores com essa prática política que não é democrática. Guerreira? Só se for a vó de quem pensou nessa tola denominação.
A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
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