BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Terça-feira, 10 de Julho de 2012.
LENDA URBANA?
Os funcionários públicos do Executivo, Legislativo e Judiciário são
unânimes em informar, pelo menos ao longo dos últimos anos, que
sobrevivem com salários indignos e sem reposição de acordo com a
inflação.
Nos últimos 30 anos a voz corrente identifica os
funcionários públicos como os grandes vilões da República! Os marajás da
era Collor construíram o perfil daqueles que de acordo com a tese vem
ao longo das décadas destruído com os fundamentos da sociedade perfeita,
na qual cidadãos de "qualidade especial", os quais alcançaram o padrão
através de concurso público, usurpam de forma permanente com os
"direitos adquiridos", merecendo um tratamento especial com detalhes de
perfeição calhorda.
Ser funcionário público hoje é sinônimo de
safadeza, falta de caráter e hipocrisia. A imagem deturpada não livra
ninguém. Daí que finalmente surge uma legislação segundo a qual os
salários dos "malditos" funcionários públicos sanguessugas da pátria
serão expostos a fim de desmistificar a imagem destorcida. Dizem os
líderes de quase todos os sindicatos e associações que representam o
funcionalismo público nos três Poderes que, ao contrário da propaganda
nefasta, seus associados convivem com salários ridículos, ignóbeis. As
greves consecutivas, que penalizam de forma absoluta os cidadãos dos
oito aos oitenta, sinalizam com holerites ridículos.
Para todos
os efeitos, os funcionários públicos percebem salários de fome muito
aquém da propaganda maldosa segundo a qual todos são detentores de
contracheques milionários. Pois para a surpresa do cidadão comum, os
líderes dos funcionários acusados de condição privilegiada são os
primeiros a questionar a primeira e única oportunidade de "calar a boca"
da patuleia. Foi publicado no Diário Oficial da União decreto que
regulamenta a nova Lei de Acesso à Informação. A lei obriga órgãos
públicos a prestarem informações sobre suas atividades a qualquer
cidadão interessado. O projeto é de iniciativa do Executivo e vale para
todo o serviço público do País.
Segundo o texto, os órgãos e as
entidades do Poder Executivo federal têm de "assegurar o direito de
acesso à informação, proporcionado mediante procedimentos objetivos e
ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil
compreensão". Os funcionários públicos do Executivo, Legislativo e
Judiciário são unânimes em informar, pelo menos ao longo dos últimos
anos, que sobrevivem com salários indignos e sem reposição de acordo com
a inflação. O povo, refém, convive com paralisações em todas as áreas
de forma constante e sem defesas. Considerando essa realidade denunciada
pelos funcionários públicos de modo geral, aparece como incompreensível
a luta dos sindicatos em recorrer ao Judiciário para proibir a
exposição de forma transparente dos salários de seus parceiros.
Alguém ao longo do tempo vem mentindo descaradamente para a população
que paga as contas de nosso Estado falido. Afinal, os funcionários
públicos são a fina flora da tragédia coletiva e vivem de forma
nababesca com salários fantásticos explorando a população, ou tudo não
passa de "lenda urbana?". Provavelmente, nunca saberemos. Se a maioria
dos funcionários públicos ganha uma merreca, chega a ser emocionante
vê-los através de seus sindicatos, protegendo os altos salários. Estão
mais uma vez aceitando o papel de inocentes úteis! Lamentável!
A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
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