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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ELEITORES REJEITAM DIVISÃO DO PARÁ E FARRA POLÍTICA


PLEBISCITO DO NÃO. Eleitores rejeitam divisão do Pará. Na prática, consulta sobre criação de dois novos territórios foi decidida por maioria antisseparatista da região de Belém - ZERO HORA 12/12/2011

A incerteza sobre os benefícios de uma divisão do Pará levou a maioria dos eleitores a dizer “não” à formação de dois novos Estados no plebiscito de ontem. Com 87,16% dos votos apurados até as 20h38min, mais de 60% se declaravam contra a criação de Carajás e Tapajós. No resultado, pesou o fato de que população do que seria o novo Pará, majoritariamente antidivisão, é muito superior à soma dos moradores das áreas separatistas – 4,6 milhões, ante 2,9 milhões.

Apesar da vitória da frente que defende a manutenção do atual território, o fato é que o Pará votou dividido. A proposta de divisão foi abraçada com entusiasmo pelos eleitores das regiões que poderiam se separar. Em Santarém, principal cidade da região oeste, a criação de Tapajós recebia 98% dos votos no início da noite. Em Marabá, a frente pró-Carajás colhia quase 94% dos votos.

Mas Santarém, Marabá e as demais cidades das regiões separatistas concentram apenas 35% do eleitorado – na prática, a consulta foi decidida pelos 65% que estão em Belém ou áreas próximas e que, na campanha, demonstraram contrariedade com a perda de território e recursos naturais resultante de uma eventual divisão.

Na capital, o “não” conquistou 95% do eleitorado. Para complicar ainda mais a situação dos separatistas, as principais cidades do interior apresentavam taxas de abstenção superiores às da capital.

Na tentativa de contornar o problema da escassez de eleitores, os separatistas recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que o plebiscito ocorresse apenas em Tapajós e Carajás. No final de agosto, porém, o tribunal decidiu que todo o Pará deveria ser consultado.

Para os defensores do “sim”, foi uma derrota judicial e política. Segundo o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), coordenador da campanha do “não”, a tentativa de alijar Belém e cidades próximas unificou esse eleitorado contra a proposta separatista.

– Quiseram fazer tudo na surdina, nós nos sentimos traídos – afirmou Coutinho.

Com o início do horário de propaganda na TV, há um mês, as frentes pró-Tapajós e pró-Carajás fizeram programas voltados à conquista do eleitorado da capital e arredores, mas a resistência ao discurso separatista só aumentou, conforme pesquisas.

Do lado oposto, não foi difícil para os defensores da manutenção do atual território difundir as teses de que a divisão deixaria o Pará mais fraco, pois o Estado perderia o controle dos recursos naturais – principalmente minério – abundantes no sul.

Contrário à criação dos Estados de Carajás e Tapajós, o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), admitiu ontem que ficarão mágoas no lado derrotado na disputa.

Agora, uma nova proposta de consulta pela divisão do Estado só poderá ser apresentada na próxima legislatura, a partir de 2015.


O resultado: O que pesou na decisão dos eleitores

- O temor de que a separação deixasse o Estado ainda mais fraco;

- A larga margem da população do que seria o novo Pará: formada, na maioria, por eleitores contrários à separação, supera a dos moradores das áreas separatistas;

- A insuficiente abstenção (25%) da população. A frente pró-divisão apostava no baixo comparecimento dos eleitores no entorno de Belém, majoritariamente contrários à divisão, para aprovar a separação.

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