A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

segunda-feira, 16 de março de 2015

BRASILEIROS CONTRA CORRUPÇÃO E GOVERNO

G1 FANTÁSTICO Edição do dia 15/03/2015


Brasileiros manifestam em vários estados contra corrupção e governo. Atos lotaram ruas e praças pelo país. Maiores manifestações aconteceram em Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belém e São Paulo.




Quinze de março de 2015, domingo de ruas e praças cheias em cidades de 26 estados e do Distrito Federal para manifestações contra a corrupção e contra o governo Dilma. Os maiores atos públicos aconteceram em Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belém e São Paulo.

Foi em São Paulo que se viu neste domingo (15) uma das maiores manifestações públicas dos últimos tempos, na Avenida Paulista e arredores. Os repórteres acompanharam este dia de protestos em todo o país desde cedo.

Na parte da manhã, a concentração de manifestantes começou às 9 horas. Vestidos de verde e amarelo e empunhando bandeiras do Brasil eles foram chegando aos pontos de encontro, nas capitais e em cidades do interior de pelo menos 15 estados.

Às 10 horas, ruas e praças já reuniam uma multidão de milhares de pessoas, de maneira pacífica. As faixas e cartazes mostravam palavras de ordem contra o governo, a presidente Dilma e o PT. Os atos pediram apoio ao Ministério Público, à Operação Lava Jato, e, em muitos deles, pediam também o impeachment da presidente Dilma.

A manifestação foi convocada por movimentos sociais que se dizem apartidários, como o “vem pra rua” e o “movimento Brasil livre”.

No Rio de Janeiro, aconteceu na Avenida Atlântica, com início na altura do posto cinco e seguiu até o hotel Copacabana Palace, um trecho de pouco mais de dois quilômetros.

O batalhão da polícia militar de Copacabana chegou a anunciar que 15 mil pessoas participavam do protesto. Mas, à tarde, o comando da PM anunciou que essa era uma estimativa inicial e que não haveria um número oficial. Líderes do movimento “vem pra rua” disseram que foram 100 mil pessoas. Os manifestantes carregavam uma enorme bandeira do Brasil.

“Manifestação pacífica, maravilhosa. Queremos Brasil, Brasil, só Brasil”, disse uma mulher.

Havia cartazes e faixas pedindo um basta na corrupção e contra a presidente Dilma Rousseff. Até na água, houve protesto. Das janelas e varandas, teve morador acenando em apoio à manifestação.

“A gente que um Brasil melhor, né? A gente quer de fato o progresso do país”, disse outra mulher.

No meio da multidão, um cartaz destoava pedindo a volta da ditadura militar, uma atitude ilegal e contra a constituição.

Em Brasília, 1600 policiais foram convocados para garantir a segurança dos manifestantes e evitar invasão a prédios públicos. A concentração foi em frente ao Museu da República, mas a multidão caminhou até o Congresso Nacional, onde os manifestantes sentaram-se no gramado. Segundo a Polícia Militar, eram entre 45 e 50 mil pessoas. Para os organizadores, entre 80 e 100 mil pessoas participaram do protesto.

Em Salvador, os manifestantes se concentraram no Farol da Barra, cartão postal da cidade. Bateram frigideira, carregaram cartazes contra o PT e ao som de uma banda cantaram o hino nacional. Foram 8 mil manifestantes, segundo os organizadores. E seis mil para a PM.

No Recife, o protesto foi na praia da Boa Viagem. As pessoas em verde e amarelo pediam o fim da corrupção. Havia faixas e cartazes pelo impeachment da presidente Dilma e exigindo cadeia para os corruptos. Os organizadores não estimaram o número de participantes. Segundo a PM, foram 8 mil.

Em Belo Horizonte, a Praça da Liberdade foi tomada por uma multidão que exigia justiça, ética e punição para os corruptos. Algumas pessoas usaram nariz de palhaço e apitos. E em vários momentos, a manifestação gritava em coro "fora Dilma". Os organizadores também não calcularam o número de participantes. Segundo a PM, 20 mil pessoas.

Sessenta mil pessoas, segundo os organizadores, foram para as ruas em Belém. Segundo a PM, eram 30 mil caminhando da Avenida Visconde de Souza Franco, no centro da cidade até o Teatro da Paz. A manifestação terminou por volta de meio dia sem nenhuma ocorrência de tumulto.

Em Aracaju o protesto foi em frete aos arcos da orla da Atalaia. Cinco mil pessoas participaram, de acordo com os organizadores. Segundo a PM, eram 900 pessoas. O início da passeata atrasou por conta de uma forte chuva, mas depois seguiu tranquilamente pelas ruas da cidade.

Em Fortaleza tanto a PM quanto os organizadores calculam que 20 mil pessoas ocuparam a Praça Portugal. Como no resto do país, os manifestantes usavam roupas com as cores da bandeira brasileira.

Em Goiânia a concentração foi na Praça Tamandaré. Um balcão foi instalado para que as pessoas assinassem um manifesto pró-impeachment. Os organizadores não estimaram o número de participantes, segundo a PM eram 60 mil.

À tarde os protestos se ampliaram em vários estados. Em algumas cidades, manifestantes voltaram às ruas em locais diferentes dos protestos da manhã. Como em São Luiz, Salvador e Belém.

Em Porto Alegre, cem mil pessoas, segundo a Polícia Militar e 110 mil pelas contas dos organizadores, caminharam entre os parques moinhos de vento e redenção. Muita gente vestiu as cores do Brasil. Cartazes e faixas pediam o impeachment da presidente Dilma e o fim da corrupção.

Em Curitiba, os manifestantes se reuniram na Praça Santos Andrade, no centro, e caminharam até a Boca Maldita, também no centro. Oitenta mil pessoas participaram do protesto, segundo a PM. Os organizadores falam em cem mil.

Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, os manifestantes saíram do centro da cidade e percorreram quatro quilômetros com faixas contra a corrupção. A passeata reuniu 32 mil pessoas, segundo os organizadores do movimento, 30 mil pelos cálculos da PM.

Em Franca, na mesma região, a praça principal foi o local escolhido para o protesto. Cartazes pediam o impeachment da presidente Dilma. Alguns agricultores chegaram a cavalo. Outros passearam pelas ruas de trator. A Polícia Militar contou 4,5 mil pessoas e os organizadores, 5 mil.

Em Natal, o protesto foi à tarde. Como no resto do Brasil, muitas pessoas usaram as cores da bandeira. De acordo com os organizadores, 40 mil pessoas participaram do ato. A PM contou 12 mil.

A manifestação em Teresina foi em frente à Assembleia Legislativa do Piauí e teve um velório simbólico do PT, onde foram queimados bonecos da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Um grupo de manifestantes usava camisa do Brasil pedindo “fora Dilma”. O protesto foi pacífico. A organização do evento disse que cerca de 5 mil pessoas estiveram na manifestação. E a Polícia Militar diz que foram 4 mil pessoas.

Em Vitória uma passeata saiu da sede da Petrobras, outra saiu da cidade de Vila Velha e atravessou a terceira ponte até Vitória. As duas se encontraram com um terceiro grupo na praça do Papa, a maior da cidade. De acordo com a PM, cem mil pessoas foram para as ruas de Vitória protestar. A organização do evento fala em 120 mil pessoas. A manifestação transcorreu tranquilamente.

Em Florianópolis, os manifestantes se reuniram no centro, em frente ao terminal de ônibus. E seguiram pela Avenida Beira Mar Norte, a principal da cidade. Faixas e cartazes pediam o impeachment da presidente Dilma. Tanto a PM, quanto os organizadores do movimento concordaram que havia 30 mil pessoas nas ruas.

Em João Pessoa, muitas famílias foram para a Praia de Tambaú. Muita gente pintou o rosto e usou nariz de palhaço. Um homem fez uma fantasia em protesto contra a corrupção na Petrobras. Para a PM, havia 4 mil manifestantes. Para os organizadores, eram 7 mil.

Em São Paulo, manifestações por toda a parte e de todo lugar. De caminhão, de moto e de metrô.

A maior concentração foi na Avenida Paulista, que duas horas antes do horário marcado, já estava lotada. Os comerciantes colocaram tapumes. Os moradores apoiaram a manifestação com bandeiras nas janelas. No cartaz, o orgulho de ser brasileiro. Em outro, o pedido em impeachment da presidente Dilma. Também tinha professores pedindo a saída de Lula, Dilma e do PT. Os manifestantes também pediam mais saúde, mais educação e menos corrupção.

“Eu estou cansada. A gente luta tanto, trabalha todos os dias e temos o que como resposta? Roubo, mais roubo. Brasileiro não aguenta mais”, diz Silmara Vettori, gerente comercial.

“É muita roubalheira, o Brasil não aguenta mais, entendeu”, diz um homem.

Banda podre do Executivo, Legislativo, Judiciário e empresários também foi alvo de protestos. Na cruz, inflação e juros e o questionamento: que país é esse?

“Não é o caso de intervenção militar, não é o caso de impeachment. É o caso de criar vergonha na cara e de termos um país decente, honesto, de gente trabalhadora e pôr um fim a toda essa corrupção que toma conta do país de maneira deslavada e vergonhosa”, diz Paulo Niemeyer, advogado.

Vinte jovens foram detidos, com eles foram encontrados rojões e socos ingleses. Eles vestiam camisetas de um grupo chamado "carecas do subúrbio". Os manifestantes apoiaram os policiais e hostilizaram os presos.

O helicóptero da Polícia Militar sobrevoou a Avenida Paulista para calcular o número de manifestantes. Nas contas da polícia, um milhão de pessoas foram até lá. E os organizadores concordaram com a PM. O protesto ocupou quase dois quilômetros da avenida e se espalhou por pelo menos 15 quarteirões. Não parava de chegar gente. No meio da tarde, uma das principais estações da Avenida Paulista fechou as portas porque não cabia mais ninguém.

Os caminhões que mais cedo percorreram ruas da capital se juntaram aos manifestantes.
A equipe do Fantástico esteve na esquina da Avenida Paulista chegando a Rua da Consolação. E foi no local que caminhoneiros que decidiram participar da manifestação fizeram o seu protesto. Eles não podem entrar na avenida por causa da quantidade de manifestantes então eles pararam ali e tão fazendo um buzinaço.

“É uma emoção indescritível, só quem está aqui pode sentir. Só quem é brasileiro independentemente de partido, que trabalha e paga imposto e quer um pouco de justiça social verdadeira sabe o que é estar aqui nessa Avenida Paulista hoje”, destaca uma manifestante.

A Polícia Militar de São Paulo informou como chegou ao número de um milhão de manifestantes na Avenida Paulista. A PM diz que usou uma ferramenta tecnológica com mapas e georreferenciamento, baseadas nas imagens aéreas colhidas por um dos helicópteros águia. Assim, determinando a extensão principal da manifestação, bem como, a ocupação das ruas adjacentes, foi adotado como parâmetro de cálculo, naquele momento, de cinco pessoas por metro quadrado.

Já o Instituto Datafolha, usando metodologia própria, calculou em 210 mil o número de manifestantes no protesto deste domingo (15), na Avenida Paulista. Segundo o Datafolha, esse número refere-se ao total de pessoas diferentes que participaram, em algum momento, da manifestação. O Datafolha não considerou as pessoas nas adjacências da Avenida Paulista. O Instituto salientou, no entanto, que 210 mil é o maior número medido em um ato político em São Paulo, desde as Diretas Já, quando em 1984, o Datafolha calculou que 400 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé.

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