A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 14 de março de 2015

PROTESTOS CONTRA IMPEACHMENT



ZERO HORA 14 de março de 2015 | N° 18101

MARCELO GONZATTO | São Paulo

MANIFESTAÇÕES PELO PAÍS

MANIFESTANTES FORAM ÀS RUAS ontem em 24 Estados e no Distrito Federal para defender a manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff. Mobilizações foram organizadas por movimentos sociais e sindicatos



O protesto convocado por organizações sociais para a sexta- feira ensaiou dar mais ênfase a cobranças ao governo federal, mas, na prática, um dos temas centrais da mobilização que ocorreu em 24 Estados e no Distrito Federal foi mesmo a defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff.

Em São Paulo, onde ocorreu o maior, milhares de manifestantes ligados a CUT, MST e UNE e apoiadores em geral fecharam a Avenida Paulista e marcharam até a Praça da República sob chuva forte em diversos momentos para condenar um eventual processo de impeachment – além de defender a Petrobras, os direitos trabalhistas e a reforma política. Muitos usavam adesivos com a inscrição “Fica Dilma”.

Sem presença de grandes estrelas, logo no início do protesto ficou claro que uma das prioridades dos participantes era fazer um contraponto à manifestação anti-Dilma prevista para amanhã – embora isso não tenha sido exposto explicitamente nos materiais de divulgação. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, esclareceu o que significava o slogan de “defesa da democracia” anunciado como um dos motes da mobilização:

– A eleição já acabou. O Brasil precisa encerrar o terceiro turno. As pessoas têm o direito de se manifestar contra ou a favor do governo, mas não podemos viver esse clima de continuidade eleitoral o resto da vida. Precisamos criar condições de o Brasil crescer.

Freitas defendeu, ainda, a continuidade de investimentos para garantir o crescimento do país, em vez da recente política de austeridade iniciada pelo governo federal. Entre os participantes que enfrentaram sucessivas pancadas de chuva (mais de 50 mil, conforme os organizadores, ou cerca de 12 mil, segundo a PM), havia desde líderes sindicais até servidores públicos, estudantes e aposentados dispostos a defender pautas variadas – tendo o mandato de Dilma como ponto em comum.

Uma parte dos participantes foi convocada por líderes sindicais para reforçar a manifestação. Um grupo de moradores do bairro do Limão vestindo coletes da CUT informou que não sabia bem que bandeiras defenderia no local, mas que havia sido convencido por uma líder sindical a lutar por “direitos dos trabalhadores”. Eles informaram ter recebido carona até a Avenida Paulista, mas nenhuma outra vantagem.

A representante do Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo que convocou o grupo, Noélia Bandeira, 45 anos, afirma que todos foram convidados para defender seus próprios interesses.

– Não podemos perder conquistas como seguro-desemprego e 13º salário – afirmou Noélia.

REFORMA POLÍTICA E EDUCAÇÃO NA PAUTA

Muitos outros participaram sem vinculação a organizações. O casal de aposentados Kiyosumi e Helena Misawa, ambos de 67 anos, foram à rua pedir uma reforma política que privilegie financiamento público de campanhas.

– Hoje, é o capital que elege os políticos – afirmou Kiyosumi.

As irmãs Dalita, 29 anos, e Deborah Guimarães, 24, tomaram a Paulista em favor da educação – mas também para garantir Dilma até o fim do mandato.

– A Dilma foi eleita pelo povo, e não pode ser tirada pela elite econômica – defendeu Dalita, enfrentando a chuva que desafiou os milhares de participantes.

No Rio Grande do Sul, as manifestações promovidas por movimentos sociais e sindicatos em defesa do mandato da presidente Dilma ocorreram na quinta- feira. Os manifestantes fizeram um ato na Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, e percorreram ruas da Capital.



ATOS OCORRERAM EM VÁRIAS CAPITAIS
RIO DE JANEIRO
O líder do MST João Pedro Stedile disse durante a manifestação no centro da cidade que não aceita “infiltração de capitalistas” e do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no governo federal. Ele pediu também que a presidente Dilma Rousseff “saia do Palácio” para ouvir os trabalhadores. De acordo com a Polícia Militar, 1,5 mil pes- soas participaram do ato, mas os organizadores contabilizam 5 mil pessoas participando da caminhada da Cinelândia até a sede da Petrobras.
RECIFE
Bandeiras e camisetas da campanha de Dilma, além de faixas que clamam por reformas políticas, foram usadas no ato que reuniu milhares de pessoas – as estimativas variam de 2 mil (companhia de trânsito) a 5 mil (organizadores). Também havia camisetas com a imagem de Dilma e a mensagem “renovar a esperança”.
BRASÍLIA
Reunidos na rodoviária, os manifestantes gritavam “não vai ter golpe” e “o povo na rua, Dilma continua”. As estimativas de público ficam em torno de mil pessoas.
SALVADOR
Em Salvador, o ato ocorreu pela manhã e teve a presença do ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli. “Respeitem a soberania popular e a democracia” e “Todos pela democracia, abaixo os golpistas” foram duas das faixas erguidas pelos cerca de mil participantes.
BELO HORIZONTE
Estudantes participaram do protesto entoando que “não vai ter golpe”. Eles também defendem a presidente, cantando “Dilma guerreira da pátria brasileira”. Os manifestantes reunidos pela CUT, MST e outros movimentos sociais somavam de 1,2 mil pessoas, conforme a polícia, a 5 mil pessoas, segundo os organizadores. A presidente Dilma tinha agenda prevista na capital mineira ontem, mas cancelou em razão de problemas de saúde sua mãe, de acordo com o Planalto.
MACEIÓ
Cinco mil pessoas, segundo a CUT local, e 1,8 mil, de acordo com a Polícia Militar, participaram de uma passeata pelas principais ruas da cidade. A manifestação teve a presença de caravanas do interior do Estado.

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