A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

terça-feira, 17 de março de 2015

CORRUPÇÃO NA POLÍTICA MOTIVOU IDA À MARCHA



ZERO HORA 17 de março de 2015 | N° 18104


PROTESTO DO PARCÃO À REDENÇÃO



INSTITUTOS DE PESQUISA traçaram o perfil dos participantes da manifestação realizada domingo.

Descontentamento com a classe política, com a corrupção e necessidade de mudanças foram os principais motivos que levaram pessoas às ruas na Capital no domingo, conforme dois institutos de pesquisa que entrevistaram participantes da marcha que saiu do Parque Moinhos de Vento.

Em levantamento do Instituto Index, a corrupção representou por larga margem o principal problema do país, com 60,1% das citações, enquanto a administração pública foi a segunda opção mais lembrada, com 8,6% das menções.

Além disso, 78,1% dos entrevistados opinaram que os desvios aumentaram muito nos últimos quatro anos, durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, e 86,4% consideram o combate à corrupção no Brasil como “não eficiente” e “nada eficiente”.

Em escala de um a cinco para o nível de corrupção, a maioria dos entrevistados apontou o grau máximo tanto para partidos políticos (76%), quanto para Congresso (73,4%) e para a Presidência da República (71,3%).

Na pesquisa do Instituto Amostra, em opção sem resposta múltipla, 78,8% dos entrevistados disseram acreditar que o movimento de protesto não pode ter a participação de partidos e políticos, contra 20% que admitem essa possibilidade.










Como cada um contou a multidão

BRUNA VARGAS


DATAFOLHA E POLÍCIA MILITAR usaram métodos diferentes para mensurar presença em São Paulo



Após os protestos, o Brasil dormiu e acordou sem saber ao certo quantos manifestantes passaram pela Avenida Paulista, ponto mais movimentado entre as manifestações de domingo. Enquanto a Polícia Militar de São Paulo divulgava 1 milhão de pessoas, o instituto Datafolha garantia que os insatisfeitos não passavam de 210 mil. Em Porto Alegre, segundo a Brigada Militar, teriam sido mais de 100 mil nas ruas.

– Não tem nada muito técnico nesses cálculos. Normalmente, dão um número redondo – avalia o estatístico Jéferson Daniel Matos, que atuou na Fundação de Economia e Estatística e agora está no Tribunal Regional do Trabalho.







OS CÁLCULOS
POLÍCIA MILITAR DE SÃO PAULO
O cálculo na Avenida Paulista e adjacências foi feito por uma ferramenta tecnológica chamada “Copom Online”, que usaria recursos de mapas e georreferenciamento baseados em imagens aéreas captadas por um helicóptero. Para realizar a contagem, foi adotado como constante o número de cinco pessoas por metro quadrado.
DATAFOLHA
Para os protestos de domingo, foram tiradas as medidas da Avenida Paulista, desconsiderando os canteiros. A área de 16 mil metros quadrados (m2) foi dividida em setores, distribuídos entre uma equipe de 60 pessoas. Elas faziam a contagem de manifestantes por metro quadrado, de hora em hora.
– Esse é o ponto essencial para uma medição mais precisa. Se considerarmos apenas uma visão aérea e contarmos cinco pessoas por metro quadrado, chegamos naquele 1 milhão que a polícia divulgou – diz Mauro Paulino, diretor-geral do Instituto Datafolha.
O procedimento ocorreu ao longo de toda a via, entre 14h e 18h. No “horário de pico”, às 16h, o Datafolha registrou 188 mil pessoas no local. Ao todo, 210 mil teriam passado pelo protesto.
Além da contagem, as equipes aplicaram questionários em amostragem de 330 manifestantes para saber o horário em que chegaram ao local. O público foi dividido entre “persistentes”, os que acompanharam o protesto do início ao fim, e “entrantes”, que fizeram parte do percurso. A soma dos dois dados resultou no total divulgado.
BRIGADA MILITAR
De cima da passarela da Avenida Goethe, os policiais observaram a movimentação ao longo da via a partir das 15h. Segundo o coronel Paulo Stocker, subcomandante-geral da BM, a média ficou entre cinco e seis pessoas por metro quadrado. Ainda assim, a BM preferiu usar quatro pessoas por metro quadrado para o primeiro cálculo: 45 mil manifestantes.
– Depois, observamos um grupo que carregava uma faixa preta, posicionado no fim da via. Quando ele completou o trajeto, a Goethe seguia cheia. Aí chegamos em 90 mil pessoas – explica Stocker.
Os 10 mil restantes seriam as pessoas que seguiram transitando pela avenida “por cerca de 10 minutos após a última contagem”, somados a pessoas que ocupavam “os barrancos e o interior” do Parque Moinhos de Vento.

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