A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 14 de março de 2015

EU VOU PARA O PARCÃO



ZERO HORA 14 de março de 2015 | N° 18101


REGINA LINDEN RUARO*



No próximo domingo, vou protestar com meu direito fundamental de liberdade de expressão e lutar pela manutenção da liberdade de imprensa. Mas não me atri- buam o qualificativo de golpista ou de alinhada com a direita, muito menos me identifiquem com quem quer o impea- chment. Não pertenço a partido político nem fui financiada, porque consciência, moral, ética, honestidade, resguardo do dinheiro público, não têm preço. Estarei lá para protestar contra todos que tenham sangrado os cofres públicos, contra a corrupção, descontente com promessas de campanha que se configuraram em estelionato eleitoral. Vou pelo direito de saber quem deixou a Petrobras nessas condições. Para que paguem por seus crimes e restituam o dinheiro desviado. Pelo fim dos projetos de poder, dos empréstimos sem transparência.

Sou da classe média, mas não me enquadrem como pertencente a um grupo estigmatizado que leva a pecha de “coxinha”. Trabalho três turnos pela minha vida inteira e o custo pessoal é alto. Não me passem a fatura do desvio praticado. Como contribuinte, quero que o arrecadado dos altos impostos seja usado para custear direitos sociais da população desfavorecida que amarga em filas e no chão dos corredores de hospitais, em uma educação pública de qualidade já no Ensino Fundamental, em segurança pública, em infraestrutura e em melhoria das condições de vida da nação. Não posso conviver com um salário mínimo insuficiente para o mínimo existencial enquanto alguns políticos empurram o orçamento estatal para o buraco. Quem quer enriquecer não pode estar no serviço público. Busco solidariedade com o próximo que perde seus direitos custeando falcatruas. Lá, passarei recado para a presidente e políticos: humildade é uma qualidade, autocrítica contribui para corrigir o rumo, alternância no poder é democracia. Atribuir os problemas econômicos a fatores externos ou causas naturais do meio ambiente é fazer como o avestruz faz: coloca a cabeça no buraco. Aos políticos e intelectuais que atribuem aos movimentos sociais das redes o título de golpistas, não sou oito ou oitenta, só não aceito pano de fundo nem cortina de fumaça. Creio no Brasil e não pretendo ser a última a “apagar a luz”.

*Advogada e professora da PUCRS

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