A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CONTRA A CORRUPÇÃO - A SOCIEDADE TEM QUE LIDERAR O MOVIMENTO, DIZ SENADOR

Senador Pedro Simon, da frente suprapartidária contra a corrupção, diz que sociedade tem que liderar o movimento - O GLOBO, 17/08/2011 às 23h14m; Daniel Biasetto


RIO - Apesar de nascer desacreditada por alguns colegas, a frente suprapartidária de combate à corrupção e à impunidade lançada no Senado, na última segunda-feira, terá sua primeira reunião oficial na próxima terça-feira, na Comissão de Direitos Humanos. Diversas entidades vão discutir a proposta do grupo liderado pelo senador Pedro Simon (PDMB-RS) de criar um movimento que ganhe as ruas no estilo Diretas Já. Em entrevista ao GLOBO, por telefone, Simon diz já contar com o apoio de 22 senadores e de importantes segmentos da sociedade. "Dilma está fazendo o que seus antecessores não fizeram. Estamos fazendo o movimento para que ela não seja isolada".

Como vai ser a primeira reunião do movimento?

PEDRO SIMON: Na terça-feira será a grande reunião, na qual vamos discutir os caminhos a serem seguidos juntamente com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil). Já na quarta-feira, a OAB vai lançar o Observatório da Corrupção, e, depois disso, vamos nos reunir na Universidade de Brasília com os jovens e depois na OAB do RS. O convite à UNE será definido na primeira reunião.

O senhor chegou a fazer um paralelo com as Diretas Já...

SIMON: Quando nós lançamos as Diretas Já, e eu fui o presidente da comissão, o movimento caiu na piada, ninguém levou a sério, os generais ditadores se irritaram de um lado, o empresariado do outro, toda a imprensa, ninguém levou a sério. Mas o povo começou a sair na rua, o movimento começou a crescer e deu no que deu. A ditadura acabou.

Qual o principal objetivo da frente?

SIMON: O que a gente quer agora é fazer o movimento pela ética, pela moral, pela seriedade, e que a sociedade participe. Se ficar só no Congresso, só no Executivo e só no Judiciário, não vai acontecer nada. Se a sociedade disser chega de impunidade, vamos realmente fazer as coisas acontecerem.

Não há conflito com a CPI da Corrupção?

SIMON: O Alvaro Dias diz isso, mas é o seguinte: eu assinei a CPI da Corrupção. Mas agora, nesse momento, são duas posições diferentes. O Alvaro é o líder do PSDB e quer criar uma CPI para desgastar o governo, fazer oposição. Nós queremos um entendimento para ter a possibilidade de iniciar o fim da impunidade. Uma coisa não está ligada à outra.

Apenas 10% do Senado apoiando o movimento não é muito pouco?

SIMON: Hoje não temos praticamente nada. Se bem que tem muito mais do que no início da campanha das Diretas. Por isso, temos que ver se a sociedade vai aceitar, se o povo vai iniciar um grande movimento pelo fim da impunidade no Brasil. Mas se você analisar, na segunda-feira, 22 senadores se manifestaram a favor.

A corrupção está centralizada em qual setor?

SIMON: Na impunidade. Todo mundo rouba à vontade e ninguém vai para cadeia. Esse é o problema. Não pense que corrupção é coisa do Brasil. No mundo inteiro tem corrupção, mas no mundo inteiro o corrupto vai para cadeia. Repare no escândalo que fizeram aqui com as algemas? No Brasil, a impunidade é uma pífia realidade.

Como o senhor vê ações de Dilma contra a corrupção?

SIMON: Estou vendo com simpatia, porque o Fernando Henrique e o Lula não fizeram nada nesse sentido, não tomaram nenhuma decisão. O Lula, quando nós fomos lá cobrar a história do Waldomiro (Waldomiro Diniz, subchefe da Casa Civil) que praticou (corrupção), ele deixou. Quando nós quisemos tirar a CPI, ele não deixou. A Dilma já demitiu de cara o maior amigo dela, o chefe da Casa Civil (Antonio Palocci). E já demitiu três ministros. Então, ela está tomando uma posição que os outros não fizeram em 16 anos.

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