EDITORIAL ZERO HORA 10/08/2011
A onda de violência que atinge Londres e outras importantes cidades um ano antes da realização dos Jogos Olímpicos na Inglaterra assombra o mundo a ponto de disputar espaço na mídia com o recrudescimento da crise econômica em alguns dos principais mercados globais. Os dois fenômenos, porém, estão interligados. O combustível da explosão de fúria pode ser facilmente identificado nas periferias da metrópole britânica: desemprego, educação deficiente e exclusão de jovens e imigrantes. Infelizmente, esse coquetel de indignidades está presente tanto nos países ricos quanto nos chamados emergentes e nas nações pobres. Quando falta o pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. Vale o mesmo para quando faltam emprego, oportunidades, educação e assistência social.
De alguma forma, os casos de vandalismo que vêm ocorrendo hoje na Inglaterra, sob a forma de depredações generalizadas, ataques a meios de transporte, incêndios em prédios e carros, saques a lojas e confronto direto com as forças policiais guardam alguma semelhança com os levantes registrados em 2005 em periferias da França. Em ambos os casos, o estopim foram mortes atribuídas à violência policial em regiões habitadas predominantemente pelos mais atingidos por crises econômicas, com a perda do emprego e de vantagens sociais. E, apesar do surpreendente grau de violência, o levante nos grandes centros urbanos ingleses tem alguma relação com a recente revolta de jovens chilenos, inconformados particularmente com a política educacional, e com a ocupação de praças por adolescentes em Barcelona e em Madri, na Espanha, onde a taxa de desocupação atinge níveis recordes.
O aspecto inovador, particularmente nos episódios da Inglaterra, é que as redes sociais têm se revelado, maciçamente, um aliado importante tanto para o bem quanto para o mal. Assim como vêm se prestando para a promoção de quebra-quebras e para driblar a repressão policial, têm ajudado também na mobilização dos que se dispõem a reparar os danos provocados por vândalos, cuja conta acaba sendo transferida para toda a sociedade.
Independentemente dos excessos, que às autoridades não resta outra saída a não ser punir, quando não conseguem evitá-los, o certo é que as motivações precisam ser claramente identificadas, facilitando a adoção de medidas preventivas de médio e longo prazos. Rebeliões de jovens como as registradas na Inglaterra são mais do que simplesmente um caso de polícia, pois chamam a atenção também para graves falhas nas políticas públicas, como as que fizeram recrudescer a crise global. É preciso, por isso, que os governantes – e não somente os dos países afetados diretamente pelo problema – coloquem em prática providências que imponham não apenas custos adicionais para quem costuma sofrer mais com as crises, mas acenem com uma perspectiva gradual e definitiva de rearranjo da economia.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Eu me preocupo com o nosso povo diante das mazelas que estão contaminando os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no nosso país. Há sinais de perigo tamanho são as benevolências que levam à impunidade dos bandidos e dos corruptos e governantes coniventes com a incidência de atos de violência cada vez mais rotineiros, criminosos e cruéis; com o desprezo da vida e do patrimônio do cidadão; com os saques contínuos dos cofres públicos que limitam investimentos em saúde, educação, segurança, justiça e paz social; com a centralização, morosidade e divergências no Judiciário; com a fraqueza e desmoralização do MP e forças policiais; e com a impotência e descrédito do povo brasileiro nas leis, na autoridade e nas instituições democráticas.
Leia o artigo PODERES APÁTRIDAS.
http://ordemeliberdadebrasil.blogspot.com/2010/10/poderes-apatridas_18.html
http://blogdainseguranca.blogspot.com/2009/05/os-poderes-de-estado-preferem-culpar.html
A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
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