Músico pode ser processado por criticar aumento salarial - ELDER OGLIARI - Agência Estado - O ESTADO DE SÃO PAULO, 03/08/2011
O músico Tonho Crocco terá de dar explicações à Justiça por ter criado o rap Gangue da Matriz, no qual criticou o aumento de 73% que os deputados estaduais do Rio Grande do Sul concederam a eles mesmos em dezembro do ano passado. A primeira audiência, de conciliação, está marcada para o dia 22 de agosto. Se o caso prosseguir, o artista responderá a ação penal e poderá ser condenado a período de um mês a dois anos de detenção por crime contra a honra dos parlamentares.
A música, que foi divulgada pelo YouTube e entrou no repertório do cantor e compositor, diz frases como "36 contra 11, aí é covardia", referindo-se ao placar da votação, "o crime aconteceu em plena luz do dia", "subiram seus salários, me senti um otário" e "Gangue da matriz, ali no Alto da Bronze", e cita os nomes de todos os deputados que votaram a favor do aumento. Alguns deputados ficaram indignados com os termos da letra e pediram providências ao então presidente da Assembleia, Giovani Cherini (PDT), que notificou o Ministério Público Estadual da reclamação dos colegas.
Cherini deixou o cargo em janeiro e agora é deputado federal. Em nota divulgada hoje ele lembra que a denúncia à Justiça foi feita pelo Ministério Público Estadual. Sustenta, ainda, que "exercer a liberdade sem responsabilidade atenta contra o direito alheio e pode igualmente atentar contra a democracia". O atual presidente da Assembleia, Adão Villaverde (PT), disse que desconhecia a iniciativa de seu antecessor e anunciou que vai trabalhar pela retirada da ação.
A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
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