JORGE CARLOS MASTROBERTI, AUDITOR PÚBLICO DO TCE/RS- ZERO HORA 09/09/2011
O tema em pauta nos noticiários é a lembrança da passagem dos 50 anos do movimento para fazer valer o princípio da legalidade no território nacional. Vale lembrar que o fato motivador do acontecimento político foi para garantir o direito constitucional do vice-presidente a tomar posse como chefe maior da nação em razão da renúncia do então presidente eleito. Havia suspeitas do alinhamento do vice com os dirigentes do temido bloco dos países comunistas. O maior temor era por parte dos americanos-do-norte, que não queriam de forma alguma ter seus interesses ameaçados no continente. Tentaram, mas não conseguiram escantear a Constituição da República.
O movimento pela legalidade conseguiu vingar com muito esforço, valentia e perseverança de seus integrantes. Não éramos e não somos uma republiqueta das bananas que qualquer um vai chegando e faz o que bem entende.
Saber sobre o passado recente do país é importante para os cidadãos que hoje circulam pelo mesmo chão daqueles que marcaram sua época.
Hoje, mais do que nunca, faz-se necessário para nós, brasileiros, o ecoar do brado retumbante pela garantia da entrada em vigor do princípio da ética e da moralidade e pelo banimento da corrupção e dos corruptores já.
Os recentes acontecimentos no cenário político do nosso país corroboram essa assertiva. Para mudar o cenário atual, não é suficiente aumentar a fiscalização e demitir os responsáveis pela malversação da coisa pública. Isto é um paliativo que tem duração efêmera. Basta uma releitura dos noticiários sobre o tema nos últimos anos e veremos que mudaram os personagens, mas a peça teatral é a mesma.
Isso em parte esclarece o motivo de muitos indivíduos inconformados partirem em busca de soluções fazendo uso de meios ilícitos ou desonestos. O que nasceu bom acaba por se tornar ruim. Que vençam os mais espertos e ardilosos é a norma que impera no mercado. Como e quando não interessa. Foi-se o tempo em que a força de vontade, o empenho nos estudos e no trabalho eram suficientes para a realização dos sonhos dos trabalhadores.
O proletariado, ampla maioria da população nacional, pode não ter suficiente cultura escolar, mas possui o conhecimento e a experiência adquirida na dureza do dia a dia da vida que ajuda a enxergar bem mais além daquilo que é ensinado em sala de aula. Por tudo isso, merece ser respeitado.
O que está fazendo muita falta para nós é a ausência do trabalho e a revisão na base do sistema educacional do país para melhorar a formação do brasileiro na sua essência. Os valores relativos a ética, moral cívica, respeito ao direito do próximo e dignidade humana são disciplinas que necessitam ingressar urgentemente nos currículos escolares. Turva a visão daqueles que creem que essas matérias são coisas de filósofos que não tinham o que fazer na antiguidade.
Aprender matemática, português, geografia e história são conhecimentos válidos para o vivente situar-se no tempo e no espaço, todavia, não estão garantindo à população as condições para se tornarem cidadãos de fato e de direito.
Qual é o problema? O que está a impedir a entrada em vigor da moralidade e do banimento dos corruptores de uma vez por todas? Qual a ameaça que paira no ar? Só falta dizer que são princípios de caráter subjetivo e de difícil interpretação.
Estão esperando que a população vá para as ruas protestar, para depois acionar a segurança pública visando reprimir os “comunistas baderneiros”. O povo brasileiro não merece.
A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
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