A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
GREVE CONTRA A CORRUPÇÃO
Juremir Machado da Silva - correio do povo, 20/10/2011
Na vida, o importante é buscar alternativas. A corrupção, no Brasil, é um problema tão velho quanto o sexo. É verdade que a corrupção é uma questão mundial, assim como o sexo. A ciência ainda não provou a existência de uma relação direta entre sexo e corrupção, algo como quanto mais sexo mais corrupção. Num caso desses, hipótese a ser trabalhada, haveria certamente manipulação dos dados, ou seja, corrupção na pesquisa.
Certo é que o combate à corrupção no Brasil precisa de novos instrumentos e estratégias. O uso das redes sociais não basta. Ajuda. Mas é muito pouco. Na Colômbia, mulheres fizeram greve de sexo em defesa da pavimentação de uma estrada. Chamaram o movimento, ou a falta de movimento, de Pernas Cruzadas. Surtiu efeito. O governo prometeu asfaltar 27 dos 57 quilômetros da rodovia. A líder da greve, ao saber da vitória, ainda que pela metade, vibrou: "Esta noite compareceremos diante dos nossos maridos. A vontade era muito grande e é preciso aproveitar". Um crítico amargo de qualquer movimento social teria exclamado: "O governo abriu as pernas".
Será que o fato de o governo não se comprometer a pavimentar toda a via levará as mulheres a praticar coito interrompido? A questão parece vulgar, mas faz sentido. Um novo pacto será feito. As colombianas não dão mole. Querem algo em troca. Com elas, é dando que se recebe ou é recebendo que se dá. É o famoso toma lá dá cá. Tudo isso para dizer que só a greve de sexo pode acabar com a corrupção no Brasil. Se as mulheres cruzarem as pernas algo acontecerá.
A greve de sexo foi inventada pelas mulheres gregas, o que não deve ter sido difícil, pois os gregos antigos preferiam a parceria dos seus colegas guerreiros. Insisto, só a greve de sexo salva o Brasil da corrupção que se espalha como um doença venérea. O problema da greve de sexo no Brasil é a corrupção. Por baixo do edredom poderá haver suborno, trapaça e propina. A greve de sexo para ter efeito exige uma extraordinária determinação moral e cívica. Apesar da ternura e do desejo, é preciso endurecer-se. Opa! Foi só um lapso.
Outro problema da greve de sexo no Brasil é o controle. Quem iria fiscalizar? Os fiscais não poderiam ser subornados? Por exemplo, em troca de sexo? Não apareceria gente pagando para dizer que furou a greve? Câmera seria ético? Greve de sexo no Brasil acabaria, com certeza, em sacanagem. O Brasil não é a Colômbia. Como fazer greve de sexo e, ao mesmo tempo, assistir aos capítulos das telenovelas e aos comerciais de cerveja praticando incitação explícita ao encontro dos corpos?
Há quem garanta que a corrupção no Brasil só existe por causa do sexo: dinheiro é capital sexual. Como se vê, a questão é de duplo sentido: dar menos ou mais? Por enquanto, o normal não passa de 10%. O Brasil está mais para braços cruzados do que pernas cruzadas. Uma greve de sexo estimularia a geração de pelegos e de fura-greves. Seria terrível para a cultura sindical. A corrupção prostitui. O Brasil, pelo jeito, vai continuar no vício. Em alguns lugares, porém, nem a corrupção funciona mais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário