ZERO HORA 12 de julho de 2013 | N° 17489
EDITORIAIS
Pela primeira vez desde 1998, as centrais sindicais brasileiras uniram-se em torno da realização, no dia de ontem, de uma paralisação nacional pelo atendimento de uma pauta de reivindicações. Um verdadeiro abismo separa, no entanto, os movimentos de 1998 e 2013. Enquanto naquele ano os líderes sindicais insurgiam-se contra a reforma previdenciária e as privatizações do presidente Fernando Henrique Cardoso, num movimento que concorria para reforçar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto no pleito de outubro, desta vez a maior parte dos sindicatos apoia o governo de forma aberta ou velada e não há campanha eleitoral à vista.
Não resta dúvida de que os sindicalistas profissionais foram apanhados de surpresa pela extensão do descontentamento manifestado espontaneamente nas semanas anteriores. O movimento de ontem, batizado de Dia Nacional de Luta, foi uma tentativa dos sindicatos de assumir o leme da insatisfação popular. Se dependessem apenas da capacidade de mobilização dos trabalhadores organizados, o movimento de ontem provavelmente não teria ocorrido. Não há o que estranhar nessa apatia. Segundo o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 95% dos reajustes analisados no ano passado resultaram em ganhos reais aos salários. Isso faz de 2012 o ano mais expressivo em termos de negociações com reajuste acima da inflação desde 1996, o segundo ano de vigência do Plano Real.
Paralisações de categorias tradicionais como metalúrgicos, professores e bancários foram registradas em pelo menos 18 Estados. Em outros 11 Estados, manifestantes realizaram bloqueios parciais ou totais de rodovias federais e estaduais. Embora as oito centrais sindicais que subscreveram o chamado à paralisação tenham chegado a um conjunto de reivindicações de comum acordo, concentradas principalmente no fim do fator previdenciário e na jornada de trabalho de 40 horas semanais sem redução salarial, as declarações dos líderes deixam claras as diferenças políticas entre eles. Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o Congresso Nacional é “o grande vilão”. Para a Força Sindical, a presidente Dilma Rousseff “se recusou a negociar”.
É positivo que o movimento sindical organizado some-se ao debate sobre os rumos do país e cobre soluções para as mazelas que afligem o mundo do trabalho. À parte incidentes isolados, não foram registradas ontem as explosões de violência e vandalismo que tisnaram as mobilizações de junho. Espera-se que os líderes trabalhistas mantenham o movimento em limites ordeiros e responsáveis. Não se pode tolerar, por exemplo, a ruptura de acordos como o que garantiu a circulação de trens, feito na quarta-feira e ignorado por manifestantes que apelaram para a depredação na manhã de ontem.
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Pela primeira vez desde 1998, as centrais sindicais brasileiras uniram-se em torno da realização, no dia de ontem, de uma paralisação nacional pelo atendimento de uma pauta de reivindicações. Um verdadeiro abismo separa, no entanto, os movimentos de 1998 e 2013. Enquanto naquele ano os líderes sindicais insurgiam-se contra a reforma previdenciária e as privatizações do presidente Fernando Henrique Cardoso, num movimento que concorria para reforçar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto no pleito de outubro, desta vez a maior parte dos sindicatos apoia o governo de forma aberta ou velada e não há campanha eleitoral à vista.
Não resta dúvida de que os sindicalistas profissionais foram apanhados de surpresa pela extensão do descontentamento manifestado espontaneamente nas semanas anteriores. O movimento de ontem, batizado de Dia Nacional de Luta, foi uma tentativa dos sindicatos de assumir o leme da insatisfação popular. Se dependessem apenas da capacidade de mobilização dos trabalhadores organizados, o movimento de ontem provavelmente não teria ocorrido. Não há o que estranhar nessa apatia. Segundo o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 95% dos reajustes analisados no ano passado resultaram em ganhos reais aos salários. Isso faz de 2012 o ano mais expressivo em termos de negociações com reajuste acima da inflação desde 1996, o segundo ano de vigência do Plano Real.
Paralisações de categorias tradicionais como metalúrgicos, professores e bancários foram registradas em pelo menos 18 Estados. Em outros 11 Estados, manifestantes realizaram bloqueios parciais ou totais de rodovias federais e estaduais. Embora as oito centrais sindicais que subscreveram o chamado à paralisação tenham chegado a um conjunto de reivindicações de comum acordo, concentradas principalmente no fim do fator previdenciário e na jornada de trabalho de 40 horas semanais sem redução salarial, as declarações dos líderes deixam claras as diferenças políticas entre eles. Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o Congresso Nacional é “o grande vilão”. Para a Força Sindical, a presidente Dilma Rousseff “se recusou a negociar”.
É positivo que o movimento sindical organizado some-se ao debate sobre os rumos do país e cobre soluções para as mazelas que afligem o mundo do trabalho. À parte incidentes isolados, não foram registradas ontem as explosões de violência e vandalismo que tisnaram as mobilizações de junho. Espera-se que os líderes trabalhistas mantenham o movimento em limites ordeiros e responsáveis. Não se pode tolerar, por exemplo, a ruptura de acordos como o que garantiu a circulação de trens, feito na quarta-feira e ignorado por manifestantes que apelaram para a depredação na manhã de ontem.
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