A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

ZERO HORA 3 de julho de 2013 | N° 17480


MATHEUS AYRES*



Vivemos um tempo absolutamente surpreendente em nosso país, em nossos Estados e, de forma especial, em nossas cidades. São movimentos focados e desfocados, reunindo gente de um lado, gente de outro lado e ainda gente que não sabe de que lado está. Aliás, é um caso de estar do lado de alguém? Ou seria de ninguém? É singular, pois nunca na história deste país (desculpem, não pude evitar) viram-se manifestações tão grandes, articuladas, incentivadas e comentadas a partir da internet e suas redes sociais. Outro ponto incomum: todos participam. Do mais rico ao mais pobre. Em debates pela TV e em conversas de bar. Invadiu-se a sala de aula, estendeu-se aos corredores, à sala dos professores e ao pátio das escolas. Há quem diga que este assunto trouxe as famílias de volta para o entorno da mesa, para dividir as refeições e também as opiniões, inclusive, tem gente deixando de ver novela (é, até parece brincadeira). Outra realidade é que o almoço entre colegas de trabalho, que até há algumas semanas era dedicado ao futebol, ao sexo oposto e outros tantos assuntos, agora se tornou verdadeiro almoço de capacitação.

Dentre aqueles que estudam mais afinco toda esta realidade, analisando a história, apoiando-se em explicações de cientistas políticos e em testemunhos de quem já esteve na rua, parece que existe um consenso. E este, é de que não existe consenso. Não há perspectiva do que irá acontecer e até onde irão os gritos, os protestos e, infelizmente, nem os vandalismos e abusos de forças institucionais. Por mais complexo, e até mesmo engraçado que seja, o que se observa é que as explicações tomam diferentes rumos com o andar das postagens, digo, dos acontecimentos. Os meios de comunicação fazem seu esforço, alguns políticos também, há até poucos líderes que surgiram tentando explicar a(s) vontade(s) da população, entretanto, como em uma linha de tempo de qualquer rede social, não se sabe qual será a próxima atualização.

Mas, então, não se sabe nada? Não há ideologias? Não se encontram partidos políticos e bandeiras? Não há líderes? E as PECs? E toda esta corrupção? Calma. Respire. Silencie. Respire novamente. Percebe? Todos nós estamos envolvidos, uns mais, outros menos. Você também.

Você concorda que está nessa? Então devemos pensar qual deve ser nossa postura. Devemos buscar viver aquilo que talvez não estejamos – há algum tempo – acostumados a fazer. Precisamos trabalhar na construção de uma verdadeira e nova consciência política. Portanto, para começar, não mergulhe em qualquer opinião. Investigue. Estude. Leia ambos os lados. Entenda o que está por detrás de cada post e de cada manifestação. O que vemos, escutamos e compartilhamos são novas ideologias ou mesmo antigas. Você concorda com ela(s)? Sendo de esquerda, de centro ou de direita: estude. Não seja massa de manobra. #Vemprarua mas antes #estudeemcasa.

*SOCIÓLOGO, CIENTISTA SOCIAL E PROFESSOR

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