FOLHA.COM 01/07/13 - 07:05
Sexta-feira passada, dia 28, o motorista que tentava entrar ou sair de São Paulo no fim da tarde ficou emparedado. Manifestações fechavam a rodovias Dutra, Fernão Dias e Anhanguera.
Os protestos começaram por volta de 18h e as estradas só foram liberadas entre 21h30 e 22h. Ou seja: três das principais vias de acesso e saída da metrópole ficaram paradas por quase quatro horas.
Perto de 21h, vi na TV uma cena ao vivo da Dutra. O engarrafamento era tão extenso que os motoristas haviam desligado os carros e estavam batendo papo fora dos carros. A repórter disse que a estrada havia sido fechada, nos dois sentidos, por cerca de 300 manifestantes. Alguns sites e jornais calculavam um número pouco maior: 500 pessoas.
Todos os sites, jornais e TVs classificaram as manifestações de “pacíficas”.
Seria bom começarmos a discutir melhor o significado de “pacífico”. Não é porque um protesto não tem pedradas que deixa de ser violento.
Acho uma tremenda violência deixar milhares de pessoas trancadas em carros por três, quatro ou até cinco horas, enquanto manifestantes exercem seu direito legítimo de protestar.
Quem lê o blog sabe que, desde o início das manifestações, tenho defendido os protestos e elogiado a recente tomada de consciência política de boa parte da população. Mas não posso concordar com um protesto realizado por um número pequeno de manifestantes – 300 a 500 – que fecha uma estrada bem na hora do rush, numa sexta-feira, causando prejuízos a um número muito maior de cidadãos.
É uma equação complicada: defender o direito de quem quer protestar e, ao mesmo tempo, o direito de quem só quer chegar em casa.
No sábado, um grupo de 30 pessoas – repito, 30 – bloqueou a Avenida Paulista por dez minutos em protesto contra o presidente da CBF, José Maria Marin. Acho justíssimo reclamar de Marin, mas um grupo tão pequeno fechar uma via tão importante quanto a Paulista, onde existem hospitais, é um absurdo.
Se qualquer grupo de 30 ou 300 pessoas achar que deve bloquear a Dutra, a Paulista, a Avenida Brasil ou qualquer outra via importante de nossas metrópoles, os protestos vão perder a relevância para se tornarem apenas estorvos. Os manifestantes perigam atirar no governo e acertar em outros cidadãos.
POR ANDRE BARCINSKI
Sexta-feira passada, dia 28, o motorista que tentava entrar ou sair de São Paulo no fim da tarde ficou emparedado. Manifestações fechavam a rodovias Dutra, Fernão Dias e Anhanguera.
Os protestos começaram por volta de 18h e as estradas só foram liberadas entre 21h30 e 22h. Ou seja: três das principais vias de acesso e saída da metrópole ficaram paradas por quase quatro horas.
Perto de 21h, vi na TV uma cena ao vivo da Dutra. O engarrafamento era tão extenso que os motoristas haviam desligado os carros e estavam batendo papo fora dos carros. A repórter disse que a estrada havia sido fechada, nos dois sentidos, por cerca de 300 manifestantes. Alguns sites e jornais calculavam um número pouco maior: 500 pessoas.
Todos os sites, jornais e TVs classificaram as manifestações de “pacíficas”.
Seria bom começarmos a discutir melhor o significado de “pacífico”. Não é porque um protesto não tem pedradas que deixa de ser violento.
Acho uma tremenda violência deixar milhares de pessoas trancadas em carros por três, quatro ou até cinco horas, enquanto manifestantes exercem seu direito legítimo de protestar.
Quem lê o blog sabe que, desde o início das manifestações, tenho defendido os protestos e elogiado a recente tomada de consciência política de boa parte da população. Mas não posso concordar com um protesto realizado por um número pequeno de manifestantes – 300 a 500 – que fecha uma estrada bem na hora do rush, numa sexta-feira, causando prejuízos a um número muito maior de cidadãos.
É uma equação complicada: defender o direito de quem quer protestar e, ao mesmo tempo, o direito de quem só quer chegar em casa.
No sábado, um grupo de 30 pessoas – repito, 30 – bloqueou a Avenida Paulista por dez minutos em protesto contra o presidente da CBF, José Maria Marin. Acho justíssimo reclamar de Marin, mas um grupo tão pequeno fechar uma via tão importante quanto a Paulista, onde existem hospitais, é um absurdo.
Se qualquer grupo de 30 ou 300 pessoas achar que deve bloquear a Dutra, a Paulista, a Avenida Brasil ou qualquer outra via importante de nossas metrópoles, os protestos vão perder a relevância para se tornarem apenas estorvos. Os manifestantes perigam atirar no governo e acertar em outros cidadãos.
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