Bloqueios retêm cargas rumo ao porto
Fechamento de rodovias impede a chegada de 1,8 mil caminhões, a maioria com grãos, ao terminal marítimo de Rio Grande
Apesar de o governo federal ter resolvido endurecer com as manifestações dos caminhoneiros, os bloqueios de rodovias já deixam um saldo de transtorno na circulação de mercadorias, atraso de entregas e diminuição no fluxo de exportações. Apenas ontem, cerca de 1,8 mil caminhões com descarregamento programado não chegaram ao porto de Rio Grande.
Deste total, 1,3 mil transportariam grãos e o restante equipamentos agrícolas e cargas refrigeradas. No Rio Grande do Sul, foram registradas ontem interrupções em pelo menos 19 pontos de 10 rodovias. No país, o terceiro dia de mobilização atingiu seis Estados. Na terça-feira, foram nove.
Demonstrando irritação, a presidente Dilma Rousseff prometeu que não haverá tolerância com os bloqueios e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avisou que a Polícia Federal (PF) vai investigar os protestos. A programação original da mobilização, porém, prevê o encerramento hoje.
– É fundamental no país que estradas não sejam interrompidas. E o meu governo não ficará quieto diante desse processo de interrupção de rodovias – disse Dilma.
A PF vai apurar um possível um locaute – as manifestações seriam organizadas por empresários do transporte, o que é proibido, e não por autônomos. O alvo é Nélio Botelho, presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUCB), que segundo o governo seria empresário e teria contratos com a Petrobras. A Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou o bloqueio dos bens do MUCB e de Botelho, além de multa de R$ 6,3 milhões, mais R$ 100 mil por hora em caso de novas interrupções.
Os atrasos nas entregas de produtos são inevitáveis. Conforme a Associação Gaúcha de Supermercados, as interrupções causaram desabastecimento pontual de carne com osso adquiridas fora do Estado. No Noroeste gaúcho, os protestos causam transtornos aos laticínios. Com unidade em Palmeira das Missões, a Nestlé adotou um plano especial para receber leite.
CAIO CIGANA
Motorista é morto em Camaquã
Um caminhoneiro foi morto ontem por volta das 21h, na BR-116, próximo ao local em que integrantes da categoria faziam protestos. O motorista – cuja identidade não havia sido revelada – foi atingido por um objeto, possivelmente uma pedra, na região de Camaquã, no sul do Estado.
Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele teria sido agredido por manifestantes ao tentar sair do posto de combustíveis no qual teria sido obrigado a parar. Com ferimentos no rosto, ele pediu auxílio à PRF e iria registrar ocorrência na Polícia Civil e buscar atendimento num hospital. Ele voltou à rodovia e passou a trafegar observado à distância por policiais rodoviários em uma viatura.
Sete quilômetros depois do posto, o caminhão saiu da pista. No para-brisa, havia um buraco, e o motorista estava desacordado, com um ferimento na garganta. Conforme a PRF, foi chamado socorro, e o médico teria constatado morte por engasgamento com o sangue.
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