A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A ESTRATÉGIA DOS VÂNDALOS


ZERO HORA 26 de junho de 2013 | N° 17473

EM MEIO À MULTIDÃO


O quebra-quebra durante a manifestação de segunda-feira, em Porto Alegre, pode ser explicado por conta de uma nova tática violenta empregada pelos baderneiros.

Subdivididos em múltiplos grupos, e em número maior do que nas marchas anteriores, arruaceiros conseguiram suplantar a estratégia da BM. Se alastraram por ruas centrais, depredaram mobiliário urbano, saquearam lojas, quebraram carros, incendiaram contêineres. Os atos de vandalismo revoltaram a população.

Jovens e adolescentes, pertencentes a 15 ou 20 bondes, como são chamados, vindo de diversos bairros da Capital e de cidades da Região Metropolitana, se misturaram à multidão e fragmentaram a passeata ao rumar para caminhos diferentes do grande grupo em ruas do Centro e da Cidade Baixa. A BM, que nos momentos mais críticos das manifestações anteriores impôs uma espécie de frente única, com pelotão de PMs em linha, precisou se subdividir.

Bancos, comércios e lojas depredados

Um considerável número de PMs estava, desta vez, em viaturas, estrategicamente postados em locais considerados alvos preferenciais mais afastados da marcha principal. Os policiais foram acionados de imediato. Prenderam 48 suspeitos (13 foram recolhidos ao Presídio Central sob suspeita de crimes de furto, roubo e dano) e apreenderam 17 adolescentes. Mas as ações foram insuficientes para evitar a depredação ou saques a prédios públicos, estabelecimentos comerciais, nove agências bancárias, 21 estabelecimentos comerciais. Pelo menos 30 contêineres foram incendiados.

– A polícia preservou espaços politicamente importantes, mas outros locais ficaram descobertos. Houve perda de referências, com pessoas aproveitando para agir sem repressão. É preciso uma reavaliação pela polícia e pelos grupos de manifestantes – analisou o sociólogo Rodrigo de Azevedo, coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Especialista em segurança estratégica, Gustavo Caleffi disse que a BM tem mapeado os grupos organizados, e lembrou que a situação se agravou por conta dos bandos não organizados.

– A proporção do problema extrapolou todos os limites. Acho que a BM está agindo no formato adequado – opinou Caleffi.

O secretário da Segurança Pública, Airton Michels, reconheceu o avanço da delinquência, mas avaliou como “satisfatória” a ação.

– A Brigada teve o mesmo comportamento profissional, obedecendo a orientação do governador de priorizar vidas. O resultado das prisões é bom. Se não tivesse prendido 65, a cidade estaria desgastada hoje (ontem) – afirmou Michels, ontem à tarde, em entrevista coletiva.

carlos.wagner@zerohora.com.br joseluis.costa@zerohora.com.brCARLOS WAGNER E JOSÉ LUÍS COSTA

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