SOB PRESSÃO
Os protestos em pelo menos seis municípios no Rio Grande do Sul ontem tiveram como foco o poder legislativo local. As reivindicações variam desde fortes críticas à CPI da Kiss à redução de tarifas de ônibus e até a diminuição do número de assessores de parlamentares.
Manifestantes em diversos municípios do Rio Grande do Sul realizaram protestos ontem em câmaras de vereadores. Foi o caso de Santa Maria, Cachoeirinha, Gravataí, São Borja, Lajeado e Santa Rosa.
Em torno de 1 mil pessoas ocuparam de surpresa o legislativo em Santa Maria e entoaram cânticos de ironia à CPI da Kiss e à administração do prefeito Cezar Schirmer (PMDB). Na tentativa de acalmar os ânimos, o presidente da Câmara, Marcelo Bisogno, afirmou que o “movimento é legítimo” e que a Casa o respeitava. Sob fortes vaias, Bisogno deu por interrompida a sessão. O líder da oposição, Werner Rempel (PPL), também tentou intervir junto a alguns manifestantes pedindo que não houvesse nenhum excesso.
Foi pedida a abertura de uma comissão de ética e decoro parlamentar tendo como objetivo a cassação dos vereadores Maria de Lourdes Castro (PMDB), presidente, e Sandra Rebelato (PP), relatora da CPI. A Polícia Civil entregou a cópia de uma gravação feita em abril de um diálogo entre Maria de Lourdes, seu colega Tavores Fernandes (DEM) e dois assessores, que colocaria em xeque a lisura da comissão.
Os ativistas também cobraram a cassação de Schirmer. Cerca de 250 manifestantes pretendiam passar a noite na Câmara de Vereadores. Para 1º de julho, ficou acertado que haverá audiência pública para discutir a redução da tarifa de ônibus.
Em Cachoeirinha, cerca de 2 mil pessoas saíram pelas ruas cobrando a diminuição do preço da passagem (que subiu de R$ 2,45 para R$ 2,80), além de melhorias na educação e na saúde. O protesto chegou a bloquear a ponte de entrada do município na freeway e a alça de acesso à Avenida Assis Brasil, na zona norte de Porto Alegre, afetando o trânsito na região. Em seguida, os manifestantes caminharam pela Avenida General Flores da Cunha, uma das principais da cidade, e se dirigiram para a Câmara de Vereadores. Por meio de um carro de som, sobraram críticas aos salários do prefeito Vicente Pires (PSB) e dos parlamentares. Também protestaram contra projeto que prevê a criação de mais cargos em comissão. Apesar das críticas, a manifestação foi pacífica.
Ganho de legislador igual ao de professor
Em Gravataí, o protesto reuniu cerca de 150 a 200 manifestantes em frente da Câmara de Vereadores. Em Santa Rosa, no Noroeste, no final da sessão, os manifestantes entraram no plenário e entregaram carta ao presidente da Câmara, Paulo Roberto dos Santos (PPS), reivindicando a construção de um canil municipal, a melhoria do transporte público local, entre outros itens.
Em Lajeado, no Vale do Taquari, a quantidade de pessoas levou a sessão a ser realizada em um ginásio de esportes. Os ativistas puderam se pronunciar e reivindicaram a redução do número de assessores de vereadores de dois para um a cada parlamentar, igualdade nos salários dos legisladores e dos professores e exoneração dos cargos em comissão da folha salarial do município. Em São Borja, dezenas de manifestantes acompanharam a sessão da Câmara de Vereadores, na qual cobraram redução de preço no transporte público.
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