THAÍS FURTADO
Como jornalista e professora universitária que pesquisa as crianças, os jovens e sua relação com o consumo, me chamou a atenção o fato de uma geração conhecida por ser consumista ter resolvido gritar por mudanças no Brasil. Gosto da forma como o sociólogo Colin Campbell pensa o consumo, pois ele o relaciona com o desejo e com a construção da identidade. Resumidamente, diz que aquilo que consumimos mostra quem somos, mas é o desejar algo que nos faz sentir vivos. Sob esse ponto de vista, é o desejo de consumir, e não exatamente os produtos que compramos, que auxilia na construção da nossa identidade. É por isso que os jovens uma hora querem algo e, logo em seguida, já estão desejando outra coisa. Concretizar o consumo é ótimo, mas o excitante mesmo é o desejar.
Vendo hoje essa massa de jovens com os olhos brilhando, berrando e carregando cartazes nas ruas, o que mais enxergo é justamente o desejo. Esses jovens, considerados consumistas, estão agora desejando mudanças. Não por acaso, usam músicas e slogans de comerciais – como “o gigante acordou”, ou “vem pra rua” – para expressar suas vontades. Os desejos são tantos, que o foco está difuso, pois o que pulsa não é exatamente conquistar algo, mas é o próprio desejar. Da mesma forma como querem um produto, agora desejam algo maior, que não se pode pagar com dinheiro algum. Desta vez, é por meio desses sonhos que eles querem descobrir quem são. Só essa mudança já seria motivo de comemoração.
No entanto, existem pontos polêmicos nesse movimento. Um deles é que se juntaram grupos com desejos muito diferentes, alguns até opostos. São pessoas que buscam construir suas identidades inclusive com ações diferenciadas. Uns com paz, outros com violência. Uns com convicção, outros por modismo. Além disso, por mais que o puro desejar seja o que move esses grupos, o que acontecerá se eles não conquistarem tudo o que desejam? O mais provável é que esses desejos morram e outros ocupem o seu lugar. É por isso que acredito que os mais velhos, os intelectuais, os artistas, os professores, não podem perder a oportunidade que se abre. É o momento de conquistar essa geração para o desejo de debater, de refletir, de aprender. É o momento de as escolas e as universidades “venderem” conhecimento, “venderem” sonhos e, ao mesmo tempo, organizarem o debate para que os desejos legítimos, um a um, possam ser conquistados. Pode ser uma utopia, mas esse é o meu desejo.
*Coordenadora do curso de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre
Vendo hoje essa massa de jovens com os olhos brilhando, berrando e carregando cartazes nas ruas, o que mais enxergo é justamente o desejo. Esses jovens, considerados consumistas, estão agora desejando mudanças. Não por acaso, usam músicas e slogans de comerciais – como “o gigante acordou”, ou “vem pra rua” – para expressar suas vontades. Os desejos são tantos, que o foco está difuso, pois o que pulsa não é exatamente conquistar algo, mas é o próprio desejar. Da mesma forma como querem um produto, agora desejam algo maior, que não se pode pagar com dinheiro algum. Desta vez, é por meio desses sonhos que eles querem descobrir quem são. Só essa mudança já seria motivo de comemoração.
No entanto, existem pontos polêmicos nesse movimento. Um deles é que se juntaram grupos com desejos muito diferentes, alguns até opostos. São pessoas que buscam construir suas identidades inclusive com ações diferenciadas. Uns com paz, outros com violência. Uns com convicção, outros por modismo. Além disso, por mais que o puro desejar seja o que move esses grupos, o que acontecerá se eles não conquistarem tudo o que desejam? O mais provável é que esses desejos morram e outros ocupem o seu lugar. É por isso que acredito que os mais velhos, os intelectuais, os artistas, os professores, não podem perder a oportunidade que se abre. É o momento de conquistar essa geração para o desejo de debater, de refletir, de aprender. É o momento de as escolas e as universidades “venderem” conhecimento, “venderem” sonhos e, ao mesmo tempo, organizarem o debate para que os desejos legítimos, um a um, possam ser conquistados. Pode ser uma utopia, mas esse é o meu desejo.
*Coordenadora do curso de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre
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