A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CENÁRIOS DE GUERRA NA NOITE DE BELO HORIZONTE

ZERO HORA 27 de junho de 2013 | N° 17474

BH FERVE. Cenários de guerra na noite da capital mineira


Dentro do Mineirão, 60 mil vozes vibraram com a vitória da Seleção por 2 a 1 sobre o Uruguai – resultado que garantiu a equipe de Felipão na final da Copa das Confederações. Fora do estádio, pelo menos 50 mil pessoas se manifestaram de forma pacífica, até que um grupo tentou desbancar a barreira imposta pela polícia, em perímetro delimitado em combinação entre ativistas e governo na terça-feira.

marcos castiel - Enviado Especial/belo horizonte


Belo Horizonte foi palco de dois confrontos na tarde de ontem. Um, com vitória brasileira. Outro, com derrota dos manifestantes pacíficos para as ações violentas de vândalos que não respeitaram a barreira imposta pela Polícia Militar nos arredores do Mineirão – palco do triunfo da Seleção sobre o Uruguai, por 2 a 1, que garantiu vaga na final da Copa das Confederações.

O protesto de ontem reeditou as cenas dos dois episódios violentos nos jogos anteriores, desta vez potencializado por um cenário de guerra. Em toda a região da Pampulha, a ação de vândalos culminou em novos confrontos com a Polícia Militar.

No trajeto de 10 quilômetros, que a reportagem trilhou junto aos manifestantes, desde a Praça Sete até o Mineirão, a paz reinou durante três horas. Porém, a aproximação do “perímetro Fifa” trouxe à tona, mais uma vez, o clima bélico. A partir daí, era hora de retirar a máscara de gás de dentro da mochila para cobrir um conflito.

A reportagem acompanhou o agrupamento de manifestantes que partiram para o confronto. Havia organização militar entre alguns. Estes se dividiram da massa que caminhava e, em grupos, rumaram para zonas diferentes do Mineirão. Já com máscaras de gás e os rostos tapados.

Na entrada principal, enquanto mascarados atiravam pedras e bombas na PM, outro grupo invadiu ruas vicinais. No caminho, destruíram carros e atearam fogo numa concessionária Kia.

A batalha durou mais de duas horas, até que a tropa de choque e a cavalaria conseguissem evacuar a área e liberar a avenida Antônio Carlos, principal via de acesso ao Mineirão.

Até o fechamento desta edição, a PM não havia divulgado o balanço de feridos – apenas o de detidos: pelo menos 40, em confrontos que se estenderam até o fim da noite. Douglas Henrique de Oliveira, de 21 anos, caiu de um viaduto e, mesmo após ter recebido atendimento em um hospital, morreu.

O recado, a curto prazo, faz com que Fifa e governo voltem suas atenções para a decisão de domingo, no Maracanã – o Brasil espera por Itália ou Espanha, que se enfrentam hoje, em Fortaleza. A longo prazo, gera um questionamento que permeia tanto a entidade máxima do futebol como os atuais governantes: se há, de fato, segurança para a finalíssima da competição e também para o país seguir como sede da Copa do Mundo, no ano que vem.

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