ZERO HORA 28 de junho de 2013 | N° 17475
Adão Villaverde*
Os jovens inconformados e, por que não, os indignados que ocupam as ruas do mundo já há algum tempo tomaram os espaços públicos de cidades brasileiras, num singular processo, afirmando e reafirmando que rejeitam governos, partidos, instituições, a grande mídia, empresas, entidades, entre outras formas de representação ou de sua delegação.
Os protestos manifestam características absolutamente comuns entre si. De um lado, movem-se revelando uma enorme insatisfação com um modo de vida altamente sacrificante imposto pela tragédia urbana diária de viverem assardinhados em transportes coletivos caros, de baixa qualidade e de horários incertos, ou no caos da falta de mobilidade, oscilando numa corrida só, entre casa, emprego e estudos, restando escasso tempo para o sono e muito menos para o lazer.
De outro, mesmo com os avanços das políticas públicas do Estado brasileiro, registram que a saúde, a educação, a segurança, a habitação, o meio ambiente e a mobilidade urbana poderiam estar em muito melhores condições, se recursos públicos não fossem drenados para investimentos privados da Copa, cujos jogos ainda inviabilizam a presença do povo por preços completamente inacessíveis.
Mas a grande novidade destas movimentações, envolvendo milhões de corações e mentes no Brasil e no mundo, são as conexões entre o “espaço público do ciberespaço” e o espaço público urbano real. Onde as ruas fazem emergir das trágicas condições urbanas de nossas grandes metrópoles aquelas dúvidas a dividir, suas inquietudes, suas esperanças, suas indignações e as preocupações necessárias com seu futuro. Identificando as cidades, cada dia um pouco mais, como gelatinosas áreas de insegurança, de incerteza, de violência e de ausência de perspectivas.
Isto revela que os modelos teórico-práticos que norteiam a sociedade e orientaram e embalaram nossa geração são insuficientes para explicar o presente e antecipar o futuro, num acelerado cenário de revolução técnico-científica na era da microeletrônica e da nanotecnologia.
Foi em sintonia com as vozes das ruas pedindo mudanças, que a presidenta Dilma apresentou os pactos pela qualidade do transporte público, pela saúde, pela educação e desinterditou a pauta da reforma política, dando vazão aos anseios dos movimentos, através da proposta do plebiscito e da pressão sobre o Congresso. Evidenciando que o que parecia impossível se mostra possível, através da luta e da mobilização das ruas.
Por isto, é gratificante ver a geração do livre espaço público da internet nos espaços reais dos voláteis contornos de nossos frágeis territórios, materializando sonhos e desejos e, quem sabe, estimulando consciências utópicas, que não terminam confundidas apenas com medíocres desejos de consumo. Que estes protestos aprofundem este caminho!
Adão Villaverde*
Os jovens inconformados e, por que não, os indignados que ocupam as ruas do mundo já há algum tempo tomaram os espaços públicos de cidades brasileiras, num singular processo, afirmando e reafirmando que rejeitam governos, partidos, instituições, a grande mídia, empresas, entidades, entre outras formas de representação ou de sua delegação.
Os protestos manifestam características absolutamente comuns entre si. De um lado, movem-se revelando uma enorme insatisfação com um modo de vida altamente sacrificante imposto pela tragédia urbana diária de viverem assardinhados em transportes coletivos caros, de baixa qualidade e de horários incertos, ou no caos da falta de mobilidade, oscilando numa corrida só, entre casa, emprego e estudos, restando escasso tempo para o sono e muito menos para o lazer.
De outro, mesmo com os avanços das políticas públicas do Estado brasileiro, registram que a saúde, a educação, a segurança, a habitação, o meio ambiente e a mobilidade urbana poderiam estar em muito melhores condições, se recursos públicos não fossem drenados para investimentos privados da Copa, cujos jogos ainda inviabilizam a presença do povo por preços completamente inacessíveis.
Mas a grande novidade destas movimentações, envolvendo milhões de corações e mentes no Brasil e no mundo, são as conexões entre o “espaço público do ciberespaço” e o espaço público urbano real. Onde as ruas fazem emergir das trágicas condições urbanas de nossas grandes metrópoles aquelas dúvidas a dividir, suas inquietudes, suas esperanças, suas indignações e as preocupações necessárias com seu futuro. Identificando as cidades, cada dia um pouco mais, como gelatinosas áreas de insegurança, de incerteza, de violência e de ausência de perspectivas.
Isto revela que os modelos teórico-práticos que norteiam a sociedade e orientaram e embalaram nossa geração são insuficientes para explicar o presente e antecipar o futuro, num acelerado cenário de revolução técnico-científica na era da microeletrônica e da nanotecnologia.
Foi em sintonia com as vozes das ruas pedindo mudanças, que a presidenta Dilma apresentou os pactos pela qualidade do transporte público, pela saúde, pela educação e desinterditou a pauta da reforma política, dando vazão aos anseios dos movimentos, através da proposta do plebiscito e da pressão sobre o Congresso. Evidenciando que o que parecia impossível se mostra possível, através da luta e da mobilização das ruas.
Por isto, é gratificante ver a geração do livre espaço público da internet nos espaços reais dos voláteis contornos de nossos frágeis territórios, materializando sonhos e desejos e, quem sabe, estimulando consciências utópicas, que não terminam confundidas apenas com medíocres desejos de consumo. Que estes protestos aprofundem este caminho!
*ENGENHEIRO, PROFESSOR E DEPUTADO ESTADUAL (PT-RS)
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