ZERO HORA, 25 de junho de 2013 | N° 17472
DARCY FRANCISCO CARVALHO DOS SANTOS
Uma consequência das manifestações recentes, possivelmente, será o aumento da carga tributária. Em economia, não há mágica, porque sempre alguém paga a conta. O aumento de despesa pública resulta aumento de imposto ou em inflação, o que é pior, porque afeta principalmente os mais pobres.
Tudo em economia tem suas consequências. O governo incentivou a venda de veículos e isso implicou um crescimento de 60% do consumo de gasolina entre 2008 e 2012.
Assim, aumentou a dependência externa do petróleo bruto em 20% e, como não há capacidade de refino para essa demanda adicional, passamos a depender de gasolina importada na ordem de 12% do mercado, percentual esse que sobe para 14% no óleo diesel.
A consequência para a balança comercial foi inevitável. No corrente ano, ela passou a apresentar resultado negativo, tendo como uma de suas causas a importação de petróleo e derivados.
O maior problema, entretanto, está na Petrobras, que vende esses derivados internamente a preços menores que o de aquisição. A gravidade do problema fica escancarada na afirmação de um diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), quando diz que “ela é a única empresa de petróleo que quanto mais vende gasolina e diesel, mais o seu prejuízo aumenta”.
O problema se agravará mais ainda com a valorização do dólar. Há estimativas de que, se o dólar for para R$ 2,30, a defasagem entre os preços de aquisição e o de venda dos combustíveis chegará a 30%.
A saída que restará à Petrobras será o aumento dos preços, porque, isso não ocorrendo, acabará com sua margem de investimentos, que é tão necessária para a exploração do pré-sal, em que a estatal deve participar obrigatoriamente com um mínimo de 30% nas licitações, conforme estabelecido pelo regime de partilha instituído em 2010.
Para que não ocorra reajuste de preço, o governo terá que subsidiá-lo, o que significa mais imposto. Ocorrendo reajuste, o aumento de custo decorrente terá que ser repassado para as passagens de ônibus, o que ninguém aceita.
Diante de tudo isso, foi criado um grande impasse. Medidas como passe livre para estudantes, por mais meritórias que sejam, só poderão ser implementadas repassando-se a conta para a sociedade, por meio de aumento da passagem para os demais usuários ou por subsídio que, em última análise, terá que ser financiado por aumento de imposto.
DARCY FRANCISCO CARVALHO DOS SANTOS
Uma consequência das manifestações recentes, possivelmente, será o aumento da carga tributária. Em economia, não há mágica, porque sempre alguém paga a conta. O aumento de despesa pública resulta aumento de imposto ou em inflação, o que é pior, porque afeta principalmente os mais pobres.
Tudo em economia tem suas consequências. O governo incentivou a venda de veículos e isso implicou um crescimento de 60% do consumo de gasolina entre 2008 e 2012.
Assim, aumentou a dependência externa do petróleo bruto em 20% e, como não há capacidade de refino para essa demanda adicional, passamos a depender de gasolina importada na ordem de 12% do mercado, percentual esse que sobe para 14% no óleo diesel.
A consequência para a balança comercial foi inevitável. No corrente ano, ela passou a apresentar resultado negativo, tendo como uma de suas causas a importação de petróleo e derivados.
O maior problema, entretanto, está na Petrobras, que vende esses derivados internamente a preços menores que o de aquisição. A gravidade do problema fica escancarada na afirmação de um diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), quando diz que “ela é a única empresa de petróleo que quanto mais vende gasolina e diesel, mais o seu prejuízo aumenta”.
O problema se agravará mais ainda com a valorização do dólar. Há estimativas de que, se o dólar for para R$ 2,30, a defasagem entre os preços de aquisição e o de venda dos combustíveis chegará a 30%.
A saída que restará à Petrobras será o aumento dos preços, porque, isso não ocorrendo, acabará com sua margem de investimentos, que é tão necessária para a exploração do pré-sal, em que a estatal deve participar obrigatoriamente com um mínimo de 30% nas licitações, conforme estabelecido pelo regime de partilha instituído em 2010.
Para que não ocorra reajuste de preço, o governo terá que subsidiá-lo, o que significa mais imposto. Ocorrendo reajuste, o aumento de custo decorrente terá que ser repassado para as passagens de ônibus, o que ninguém aceita.
Diante de tudo isso, foi criado um grande impasse. Medidas como passe livre para estudantes, por mais meritórias que sejam, só poderão ser implementadas repassando-se a conta para a sociedade, por meio de aumento da passagem para os demais usuários ou por subsídio que, em última análise, terá que ser financiado por aumento de imposto.
| *ECONOMISTA
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