A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O MUNDIAL DOS DESCONTENTES

ZERO HORA 27 de junho de 2013 | N° 17474

BOLA DIVIDIDA | LUIZ ZINI PIRES



Brasil x Uruguai: na bola, o país está recuperando sua imagem vencedora. Mas o cenário fora do estádio assusta


Será difícil mudar a Copa do Mundo de 2014 de endereço, mas o cenário no Brasil não é favorável ao patrocinador, que financia o Mundial, nem ao torcedor estrangeiro, que legitima a competição com a sua presença no país-sede, e muito menos ao brasileiro que corre perigo de vida no entorno dos estádios, como o Mineirão, em Belo Horizonte (foto acima).

1. Uma famosa rede varejista brasileira especializada em artigos esportivos, que aplica a marca nas camisas dos árbitros que apitam a Libertadores, foi anunciada como o sexto e último patrocinador nacional da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Assinou o contrato em maio passado. Ao lado dos parceiros brasileiros, a Fifa ainda exibe 14 patrocinadores mundiais. Os dois torneios ajudam as marcas a receber uma atenção planetária. Entram em milhões de lares, escritórios, bares, restaurantes e telões em praças e avenidas. No Brasil da Copa das Confederações, o futebol foi driblado pela violência das ruas. A imagem que o mundo observa nas redes de TV não é aquela que os patrocinadores imaginavam ou queriam.

2. Tirar a Copa 2014 do Brasil é uma tarefa quase impossível. Não há tempo suficiente para habilitar outro país-sede. Não se muda o Mundial em 12 meses, não nos moldes atuais da competição. Mas a imagem da Copa no Brasil está trincada. Cenas de guerra nas ruas das mais conhecidas cidades brasileiras roubaram a confiança que a Fifa depositava no governo, nos políticos e nas forças de segurança. A Fifa vai pressionar ainda mais a CBF e as duas, unidas, vão encurralar as autoridades. Planos de segurança serão revistos, acelerados e ampliados. Será que os patrocinadores sentem-se confortáveis em exibir suas marcas em eventos em torno do estádios ou nas praças das cidades? Não.

3. O sucesso de uma Copa se mede também pelo índice de contentamento dos patrocinadores. Se eles, que financiam o Mundial, não ficarem satisfeitos, a Fifa terá dificuldades em renovar futuros contratos publicitários. Quem pagará a edição de 2018 e a de 2022? Do outro lado está o torcedor estrangeiro. Assustado, ao menos neste momento, ele pode guardar o passaporte em casa. Dos 600 mil turistas aguardados no Brasil no ano que vem, entre junho e julho, quantos continuam dispostos a enfrentar uma viagem? Ele, como o empresário, investe dinheiro na competição. Pode cancelar tudo, caso o cenário do futebol se volte contra ele, o filho, a família. Vai ficar em casa. Acompanhar pela TV.

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