A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O PODER DAS GANGUES



ZERO HORA 26 de junho de 2013 | N° 17473

EM MEIO À MULTIDÃO


Eles fazem parte da paisagem do centro de Porto Alegre. E os atos de protesto têm sido uma oportunidade de ouro para exercerem seus ofícios: bater, roubar e furtar. Em linhas gerais, é esse o perfil das dezenas de gangues de adolescentes, vindas de várias cidades da Região Metropolitana, que se envolvem em assaltos a pedestres, furtos e arrombamentos de lojas na área central da Capital.

Há duas semanas, Zero Hora observa e conversa com esses jovens. A rotina deles, que está registrada nas delegacias, chamou a atenção do delegado Hilton Muller, titular da 17ª Delegacia da Polícia Civil (Centro). Durante a semana, eles dormem em pequenos hotéis nos arredores da Estação Rodoviária da Capital. Ali, pagando uma diária de R$ 10, acomodam-se como podem, inclusive dormindo pelos corredores. Durante a tarde, os adolescentes saem para fazer os ataques a pedestres e ao comércio. Conforme a polícia, a maioria do material furtado e roubado seria vendida para receptadores.

Os laços que unem os membros das gangues são fortes. Isso por serem, geralmente, moradores da mesma rua e por alguns terem elos de parentesco. Eles têm um único mandamento: não deixar passar a oportunidade de furtar ou roubar. E foram os resultados dos saques na primeira semana das manifestações que acabaram tornando o evento uma espécie de “eldorado das gangues”.

Se distinguem pelos trajes: bermudão, rosto coberto, mochilas nas costas e tênis. Na quinta-feira passada, começaram a agir depois dos primeiros confrontos entre manifestantes e a Brigada Militar (BM). Minutos depois de iniciarem os enfrentamentos, duas gangues atacaram, com pedras e paus, o Centro Comercial João Pessoa. Depois, subiram pela Avenida João Pessoa, em direção ao centro da cidade, quebrando vidraças do comércio e levando o que encontravam pela frente. Deixaram um rastro de destruição, inclusive numa agência do Banrisul. Na noite de segunda, pela primeira vez as gangues enfrentaram uma ação organizada dentro da passeata. Jovens dos movimentos sociais, aliados à juventude de partidos políticos e a sindicalistas, identificaram as gangues e tentaram impedir os atos violentos dos grupos infiltrados.

A ação de isolamento das gangues funcionou por um determinado tempo. Acabou sendo derrotada quando parte do grupo se desgarrou e passou a saquear lojas e carros na Cidade Baixa e, mais tarde, pela região central. Na manhã de ontem, enquanto os comerciantes contabilizavam os prejuízos, adolescentes de gangues observavam o protesto de professores na frente da prefeitura.

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