A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

PROTESTO NA MATRIZ TERMINA COM BADERNA GENERALIZADA


ZERO HORA 28 de junho de 2013 | N° 17475

Arrastões na área central


O pesadelo voltou a se materializar pelas ruas da Capital. O estopim do confronto na Praça da Matriz foi uma correria provocada por gangue que percorreu as ruas promovendo saques e destruição.

Amanifestação diante do Palácio Piratini corria em clima de quermesse quando, às 20h30min, um grupo com dezenas de adolescentes e jovens saiu do interior da Praça da Matriz. Em bando, tomaram a rua lateral, correram até o Palácio da Justiça e começaram a jogar pedras e fogos de artifício em policiais militares.

Os PMs responderam com gás lacrimogêneo. Começava ali mais uma noite de selvageria. Nas horas seguintes, gangues espalharam o terror pelo Centro e pela Cidade Baixa. Era o grande temor dos policiais, que têm investigado a infiltração de bondes criminosos nos protestos convocados pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público e uma série de sindicatos e organizações sociais. Nos protestos anteriores, vândalos e saqueadores aproveitaram o momento em que os manifestantes saíam em marcha para depredar e roubar. A estratégia era aproveitar que os PMs estavam ocupados acompanhando os manifestantes para, no vácuo, atacar lojas.

Ontem, as gangues se posicionaram na praça, alheias ao protesto, à espera da caminhada. Quando perceberam que não haveria marcha, iniciaram a confusão. O homem que vendia churrasquinho perto do Palácio da Justiça teve de colocar capacete e máscara, recolher a churrasqueira e sair em disparada. No meio das explosões e do corre-corre, manifestantes começaram a se dispersar.

Em meio à confusão, oito pessoas de mãos dadas gritavam pedindo paz em frente à catedral. Atrás deles, outros jogavam pedras na BM. Nesse momento, as gangues encontraram sua chance. Uma parcela seguiu pela Duque de Caxias e outra pela Jerônimo Coelho, destruindo o que podiam. Na descida pela Marechal Floriano, quebraram as vidraças de um hotel e de um bar, derrubaram contêineres, arrancaram lixeiras públicas e arrombaram portas de estabelecimentos comerciais. Do andar de cima, moradores jogavam objetos nos arrombadores.

– Marginais! – gritavam.

O grupo, formado por dezenas de arruaceiros, seguiu até o Largo Zumbi dos Palmares e logo retornou ao Centro. Na Lima e Silva, quebraram os vidros de quatro carros estacionados e tentaram arrancar os rádios. Quando tentavam arrebentar as portas metálicas de uma loja, os frequentadores de um bar vizinho intervieram e entraram em conflito com os bandidos. Com a chegada da BM, os clientes do bar muniram-se de pedras e se colocaram a postos para ajudar a polícia em caso de novo confronto.

Os vândalos já estavam espalhados por toda a área central, em fúria. Na Travessa do Carmo, queimaram um contêiner, mas foram expulsos por moradores, que desceram com tacos de beisebol e facões. Às 21h35min, cinco adolescentes seguiam pela Loureiro da Silva, em direção à João Pessoa:

– Vamos quebrar tudo aqui. Para que ir na João Pessoa, se a polícia está lá? – questionava um deles.

A João Pessoa, de fato, havia sido transformada em palco de barbáries e começava a ser tomada pela BM. Uma viatura foi recebida com pedradas, levando os policiais a deter 40 jovens para revista.

Em uma rua vicinal, a Otávio Corrêa, professores da UFRGS saíram às pressas da sede da sua associação, onde participavam de uma eleição, para conferir os danos causados por uma horda que varrera a rua, quebrando todos os carros estacionados.

– Eram uns 200 adolescentes loucos, enfurecidos. Pegaram pedras do calçamento, subiram nos carros e arrebentaram tudo – contou um segurança.

Vários estabelecimentos não foram saqueados porque reforçaram as grades durante o dia, colocaram tapumes e sacos de areia para formar uma barreira interna e deixaram seguranças de prontidão.

– É medieval, mas está acontecendo – lamentou o presidente do Sindilojas, Ronaldo Sielichow.


Cenas do Centro sitiado










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