A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

PASSEATA COM DIVERGÊNCIAS

ZERO HORA 25 de junho de 2013 | N° 17472

PORTO ALEGRE - ATO 2 - A CAMINHADA

A marcha ordenada do centro em direção à Zona Sul rachou, na noite de ontem. Parte dos manifestantes queria ir até a Avenida Ipiranga e parte desejava protestar em frente ao Palácio Piratini. Não alcançaram nenhum dos objetivos, já que as áreas estavam bastante policiadas. A passeata fez uma volta sobre si mesma e retornou ao ponto de partida, a prefeitura, onde se dissolveu em meio a brigas e confrontos com a Brigada Militar.

Às 18h, o caminhão de som do Bloco de Luta pelo Transporte Público, formado por uma série de sindicatos e organizações políticas de esquerda, foi posicionado na Borges, ao lado da prefeitura e de frente para o Guaíba. Dessa forma, conseguiu direcionar seu roteiro.

– Viva a marcha organizada da esquerda! – exultou a locutora pelos alto-falantes.

Como na quinta-feira, havia ontem dois eventos simultâneos no mesmo local. Um deles, batizado de Porto Alegre Vai Parar, tinha como bandeiras a luta contra a PEC 37 e contra a corrupção. Essa turma pregava um protesto sem presença ostensiva de partidos políticos.

A outra grande mobilização era a do Bloco de Luta, com ramificações no PSOL e no PSTU. O movimento defende eixos como a redução da passagem do transporte coletivo, a abertura das contas das empresas de ônibus e o fim da repressão e criminalização dos movimentos sociais. Esse grupo acabou preponderando ontem. Pelo alto-falante, introduziu palavras de ordem novas na onda de protestos, como ataques ao “empresário salafrário”

O caminhão arrastou atrás de si milhares de jovens pela Avenida Mauá, tendo como destino final o Palácio Piratini – uma meta que grupos traçaram na quinta-feira e não conseguiram atingir.

Uma das poucas notas fora do tom ocorreu na entrada da Loureiro da Silva, quando um grupo de rapazes tentou vandalizar cones da prefeitura.

Quando passava por policiais, a locutora do caminhão de som era provocativa:

– Não acabou, tem de acabar, eu quero o fim da polícia militar – bradava.

Ao redor, os manifestantes demonstraram com vaias que não estavam em sintonia com quem havia assumido o controle da caminhada:

– Desliga! Desliga! Desliga essa m.!

Na altura do Monumento aos Açorianos, uma parte dos manifestantes começou a afastar-se em direção a Ipiranga, mas os alto-falantes do caminhão de som conseguiram direcionar a multidão de volta para o Centro.

– Volta, pessoal. Vamos subir a Borges!

O plano de chegar ao Piratini, no entanto, foi frustrado. À medida que avançavam, os manifestantes descobriram que todas os caminhos que levavam ao Palácio estavam bloqueados por policiais: a Duque de Caxias, a Jerônimo Coelho, a Riachuelo. Por alguns minutos, os manifestantes ficaram desnorteados, de volta ao local da concentração, sem saber para onde ir.

O impasse foi resolvido na base da violência. Irritados, manifestantes derrubaram os gradis colocados pela BM na Jerônimo Coelho, atiraram garrafas e fogos de artifício nos policiais e começaram o quebra-quebra. Como já virou tradição, chegara a hora de o protesto virar batalha campal.

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