PORTO ALEGRE - ATO 1 - O COMEÇO EM PAZ
Cartazes, vozes e gestos pacíficos
A segunda-feira foi outra vez de manifestações pelas ruas de Porto Alegre. O protesto, pacífico em seu início, terminou de forma mais violenta do que em atos anteriores.
Zero Hora conta, em quatro momentos, como foi a noite que sacudiu a Capital.
Como todos até agora, o protesto de ontem começou em paz. A diferença é que a reunião multicolorida dos que nunca fizeram passeata foi substituída pela marcha dos que estão acostumados a reivindicar. Na onda de descontentamento gestada na internet, sindicalistas e veteranos ativistas sociais fizeram prevalecer suas palavras de ordem. Nem assim conseguiram evitar a violência logo depois.
Os criativos protestos rabiscados com pincel atômico em pedaços de papelão sumiram na manifestação de ontem em Porto Alegre, ofuscados por bandeiras de organizações sindicais, faixas de corporações ou cartazes impressos aos milhares.
O ato de ontem diante da prefeitura, em contraste com a espontaneidade dos anteriores, foi marcado pela entrada em campo de militantes profissionais, cada um vendendo a sua própria pauta como sendo a causa do movimento popular. Eles formaram vários grupos claramente identificáveis, que não se misturavam.
Uma turma de servidores do Ministério Público, alguns deles engravatados, mandou confeccionar camisetas, adesivos e bottoms e foram para a rua protestar contra a PEC 37 – que tira poderes do Ministério Público. A Força Sindical, que se denunciava pelas capas de chuva cor de laranja, vendia a ideia de que o protesto era por uma reforma política e pelo fim do fator previdenciário. O chamado Bloco de Luta pelo Transporte Público, com forte presença de estudantes ligados a partidos como PSTU e PSOL e sindicatos (caso do Cpers, que compareceu em peso com suas bandeiras amarelas) levou até caminhão de som, uma novidade nos protestos da Capital. Pelo alto falante, centraram a reivindicação no passe livre.
O detalhe que mais intrigou, no entanto, foi presença de milhares de cópias de um mesmo cartaz, bem impresso em papel espesso e resistente, que anunciava “As cinco causas” do protesto. A primeira delas, em letras garrafais: Não à PEC 37. As demais: Saída imediata de Renan Calheiros, Investigação de irregularidades na Copa, Corrupção como crime hediondo e Fim do foro privilegiado. Sem assinatura, o cartaz era distribuído por gente que dizia não saber sua origem:
– Me ofereci para distribuir, mas não sei quem fez. Estou tentando focalizar – disse o manifestante Derik Matos, 25 anos.
O arquiteto Carlos Alberto Santana, 49 anos, ficou intrigado e tentou investigar.
– Isso me deixou espantado, porque significa uma manipulação dos manifestantes por quem tem dinheiro. Não é barato de fazer. É o poder econômico puxando para um lado. Um dos rapazes que está distribuindo me disse que são 10 mil cartazes, feitos por empresários.
Uma demonstração da disputa pela alma dos manifestantes deu-se com uma jovem que ganhou um dos cartazes com as supostas cinco causas e foi parar no meio de um grupo todo vestido de preto e com lenços vermelhos no pescoço, que se identificava como Levante Popular da Juventude. A jovem recebeu uma doutrinação:
– Isso aí não é o que a gente defende, estão te manipulando – disse uma integrante do Levante.
A jovem tentou afastar-se.
– Não, fica com a gente – pediu outra mulher.
– Mas vocês estão brigando comigo.
– Estamos só te explicando. Fica com a gente.
Resultado: a jovem rasgou o cartaz em pedacinhos e abraçou o novo grupo.
ITAMAR MELO
A segunda-feira foi outra vez de manifestações pelas ruas de Porto Alegre. O protesto, pacífico em seu início, terminou de forma mais violenta do que em atos anteriores.
Zero Hora conta, em quatro momentos, como foi a noite que sacudiu a Capital.
Como todos até agora, o protesto de ontem começou em paz. A diferença é que a reunião multicolorida dos que nunca fizeram passeata foi substituída pela marcha dos que estão acostumados a reivindicar. Na onda de descontentamento gestada na internet, sindicalistas e veteranos ativistas sociais fizeram prevalecer suas palavras de ordem. Nem assim conseguiram evitar a violência logo depois.
Os criativos protestos rabiscados com pincel atômico em pedaços de papelão sumiram na manifestação de ontem em Porto Alegre, ofuscados por bandeiras de organizações sindicais, faixas de corporações ou cartazes impressos aos milhares.
O ato de ontem diante da prefeitura, em contraste com a espontaneidade dos anteriores, foi marcado pela entrada em campo de militantes profissionais, cada um vendendo a sua própria pauta como sendo a causa do movimento popular. Eles formaram vários grupos claramente identificáveis, que não se misturavam.
Uma turma de servidores do Ministério Público, alguns deles engravatados, mandou confeccionar camisetas, adesivos e bottoms e foram para a rua protestar contra a PEC 37 – que tira poderes do Ministério Público. A Força Sindical, que se denunciava pelas capas de chuva cor de laranja, vendia a ideia de que o protesto era por uma reforma política e pelo fim do fator previdenciário. O chamado Bloco de Luta pelo Transporte Público, com forte presença de estudantes ligados a partidos como PSTU e PSOL e sindicatos (caso do Cpers, que compareceu em peso com suas bandeiras amarelas) levou até caminhão de som, uma novidade nos protestos da Capital. Pelo alto falante, centraram a reivindicação no passe livre.
O detalhe que mais intrigou, no entanto, foi presença de milhares de cópias de um mesmo cartaz, bem impresso em papel espesso e resistente, que anunciava “As cinco causas” do protesto. A primeira delas, em letras garrafais: Não à PEC 37. As demais: Saída imediata de Renan Calheiros, Investigação de irregularidades na Copa, Corrupção como crime hediondo e Fim do foro privilegiado. Sem assinatura, o cartaz era distribuído por gente que dizia não saber sua origem:
– Me ofereci para distribuir, mas não sei quem fez. Estou tentando focalizar – disse o manifestante Derik Matos, 25 anos.
O arquiteto Carlos Alberto Santana, 49 anos, ficou intrigado e tentou investigar.
– Isso me deixou espantado, porque significa uma manipulação dos manifestantes por quem tem dinheiro. Não é barato de fazer. É o poder econômico puxando para um lado. Um dos rapazes que está distribuindo me disse que são 10 mil cartazes, feitos por empresários.
Uma demonstração da disputa pela alma dos manifestantes deu-se com uma jovem que ganhou um dos cartazes com as supostas cinco causas e foi parar no meio de um grupo todo vestido de preto e com lenços vermelhos no pescoço, que se identificava como Levante Popular da Juventude. A jovem recebeu uma doutrinação:
– Isso aí não é o que a gente defende, estão te manipulando – disse uma integrante do Levante.
A jovem tentou afastar-se.
– Não, fica com a gente – pediu outra mulher.
– Mas vocês estão brigando comigo.
– Estamos só te explicando. Fica com a gente.
Resultado: a jovem rasgou o cartaz em pedacinhos e abraçou o novo grupo.
ITAMAR MELO
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