A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

VANDALISMO EM FORTALEZA

ZERO HORA 28 de junho de 2013 | N° 17475


CENAS DE VIOLÊNCIA



Em meio ao cheiro de gás lacrimogêneo, havia um consenso: uma minoria de cerca de cem vândalos conseguiu estragar o protesto de 5 mil. Ao chegar nas barreiras montadas em torno do estádio Castelão, que recebia a semifinal da Copa das Confederações entre Espanha e Itália, houve cenas de violência, a depredação de um ônibus e de dois carros de reportagem – um deles, incendiado. Pelo menos 84 pessoas foram detidas no protesto.

Durante a semana, não havia tensão em Fortaleza. Organizadores e polícia não repetiam a troca de acusações vista em Belo Horizonte. Ao contrário, integrantes das associações de cabos e soldados da PM cearense até anunciaram que participariam do ato, que começou ainda pela manhã, na Universidade Estadual do Ceará.

Mas, depois de uma caminhada tranquila, na qual os manifestantes pediam a redução de R$ 0,20 na tarifa de ônibus e a suspensão da construção de um aquário municipal e de uma ponte estaiada, a violência começou em uma das barreiras montadas em torno do estádio. Cerca de uma centena de pessoas encapuzadas passaram a atirar pedras, coquetéis molotov e bolinhas de gude na polícia e atear fogo em pneus.

– Eram grupos que tentavam vandalizar placas e lixeiras já durante o caminho. Não tinham cartazes, não gritavam nada e nem mostravam a cara. Não podemos chamar de manifestantes – disse o observador do Ministério Público Valmir Medeiros.

Os policiais responderam com bombas de efeito moral e balas de borracha, e a violência saiu do controle. Moradores esconderam-se nas casas, sendo alvo de pedras e bombas de gás desviadas. Sem saber como evitar o tumulto, torcedores que chegavam para o jogo caminharam tossindo e chorando até o estádio.

– É o inferno – resumiu Ana Carolina Alves.

Como saldo, as ruas do humilde bairro da Serrinha acabaram o dia – feriado em Fortaleza – cheias de pedras, cacos de vidro, e moradores apavorados.

RODRIGO MÜZELL | ENVIADO ESPECIAL/FORTALEZA

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