Um plano em cinco pactos
Em reunião emergencial com governadores e prefeitos, a presidente Dilma Rousseff traçou um plano de ação para responder às demandas das ruas. São cinco pactos que incluem R$ 50 bilhões de investimento em obras de mobilidade urbana.
Na abertura de reunião com prefeitos de capitais e governadores, a presidente Dilma Rousseff anunciou a criação de cinco pactos como forma de responder às demandas das ruas. Entre as propostas, está o investimento de R$ 50 bilhões em obras de mobilidade urbana, a criação de um conselho para ouvir os usuários do transporte coletivo e abertura de 10 mil vagas para médicos no interior do país e nas periferias de grandes cidades.
Em mais um dia marcado por manifestações em todo o país – cujo estopim foi o valor das tarifas de ônibus urbano –, a presidente reconheceu que decidiu destinar mais recursos para qualificar o transporte das pessoas nas cidades.
– Fazer mais metrôs, VLTs (veículo leve sobre trilhos) e corredores de ônibus. Avançar mais rápido em direção ao transporte público de qualidade e acessível. Essa decisão é reflexo do pleito por melhoria no transporte coletivo no nosso país – afirmou, ressaltando a criação do Conselho Nacional de Transporte Público, com representantes da sociedade civil e dos usuários.
Além dos pactos relacionados ao transporte público e à saúde, a presidente propôs pactos de responsabilidade fiscal, de reforma política e de qualificação da educação.
Dez mil médicos
Na área da saúde, Dilma afirmou que a contratação de 10 mil médicos, que inclui estrangeiros, é medida emergencial. O foco da busca de profissionais do Exterior será em áreas descobertas. Segundo ela, não se trata de medida “hostil ou desrespeitosa” à categoria no Brasil, mas ressaltou que é preciso encontrar pessoas com disposição para trabalhar nos locais mais afastados. A presidente ressaltou que o Brasil é um dos países que menos emprega médicos estrangeiros: são 1,8% no Brasil, contra 37% na Inglaterra e 25% na Austrália. Ela insistiu que existem “regiões onde a população não tem atendimento médico”:
– Isso não pode continuar. A saúde deve prevalecer sobre quaisquer outros interesses.
Para a educação, a presidente voltou a defender o projeto que destina 100% dos royalties do petróleo para o setor. Ela disse acreditar que “os senhores congressistas aprovarão esse projeto que tramita no Legislativo com urgência”.
– Nenhuma nação se desenvolve sem alfabetização na idade certa e sem creches para a população que mais precisa, sem educação em tempo integral, sem ensino técnico profissionalizante, sem universidade de excelência, sem pesquisa, ciência e inovação – afirmou.
Oposição e MPL fazem críticas
Após reunião com a presidente Dilma Rousseff, o Movimento Passe Livre (MPL) saiu do Planalto dizendo que o governo não apresentou nenhuma proposta concreta para zerar as tarifas ou melhorar o transporte público.
– Diálogo é um passo importante, mas sem ações concretas não existe avanço – disse Mayara Vivian, uma das líderes do grupo, que foi recebido mais cedo, antes dos governadores e prefeitos.
Os líderes do MPL defenderam o empenho do governo na PEC 90, que torna o transporte público um direito social, mas Dilma se comprometeu apenas a fiscalizar os gastos dos recursos públicos com transporte.
– Se tem dinheiro para construir estádio, tem para tarifa zero – insistiu Mayara.
A oposição acusou Dilma de atropelar o Congresso ao propor um plebiscito sobre a reforma política. Os presidentes do PSDB, DEM e PPS (futuro MD) avaliam que ela não deu respostas suficientes aos brasileiros que protestam por melhores condições de vida.
– É competência exclusiva do Congresso convocar plebiscito. Para desviar atenção, ela transfere ao Congresso uma prerrogativa que já é do Legislativo e não responde aos anseios da população – disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
– Nenhum de nós é contra consulta popular, mas fazer plebiscito sobre o que o Congresso precisa fazer? Não adianta querer entrar agora com manobra diversionista. A reforma é importante, mas vamos cuidá-la com o devido amparo legal – completou o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).
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