A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 22 de junho de 2013

DILMA FALA, E CONDENA ARRUAÇA


ZERO HORA 22 de junho de 2013 | N° 17469

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


Enfim, a presidente Dilma Rousseff, que tantas vezes ocupou cadeias de rádio e TV para tratar de questões menores, usou o horário mais nobre da televisão para falar sobre os protestos que levaram milhares de pessoas às ruas do Brasil nos últimos dias. Durante 10 minutos, destacou a importância das manifestações populares e condenou a ação de uma minoria que se aproveita do momento para destruir patrimônio público e privado, saquear, queimar e semear pânico.

– Não vou transigir com a violência e a arruaça – prometeu.

Na Rede Globo, dona da maior audiência no horário, o pronunciamento da presidente foi ao ar bem no meio do Jornal Nacional. Pouco antes, o telejornal exibiu imagens de vândalos depredando lojas, bancos e prédios públicos. Dilma disse que não se pode desperdiçar essa energia dos jovens que criticam, protestam e questionam. Embora se saiba que este é um movimento sem líderes, disse que vai receber dirigentes de organizações para conversar.

De todas as causas que aparecem nos protestos, Dilma elegeu seis para apresentar esboços de soluções. Começou anunciando que vai chamar governadores e prefeitos para celebrar um pacto por melhores serviços, começando por um plano nacional de mobilidade urbana. É a resposta ao clamor por um transporte coletivo mais barato e de melhor qualidade, ponto de partida das manifestações combinadas pelas redes sociais.

Para as outras duas palavras mais repetidas nos protestos, educação e saúde, apresentou propostas concretas. Comprometeu-se em lutar pela aprovação do projeto que destina para a educação 100% dos royalties do petróleo do pré-sal e anunciou a contratação de milhares de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no SUS, ignorando a resistência das entidades de classe. Em relação à Copa, garantiu que o dinheiro investido nos estádios é de financiamentos e será devolvido.

Diante da hostilidade dos manifestantes aos partidos, Dilma defendeu uma reforma política que amplie a participação popular e a criação de mecanismos de controle para combater a corrupção.

A presidente frustrou os que esperavam anúncios de impacto. Não tinha como fazer pirotecnia: ela sabe que não pode fazer promessas irresponsáveis, no calor dos protestos, sob pena de a emenda sair pior do que o soneto.


Para escapar dos protestos

Diante da onda de protestos, a Famurs alterou a programação e o local do 33º Congresso de Municípios. Em vez de dois dias, os debates se concentrarão no dia 26 de junho. O local mudou do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, para o auditório do MP na Capital. Os ministros da presidente Dilma Rousseff que haviam confirmado presença no congresso cancelaram a participação. A posse do presidente Valdir Andres (PP) será às 7h30min.


PMDB e o choque de realidade

Principal nome do PMDB para concorrer ao Piratini em 2014, José Ivo Sartori deu um choque de realidade nos militantes que pedem a sua candidatura. Rejeitando o rótulo de salvador da pátria, questionou a plateia durante plenária em Antônio Prado sobre o que deveria ser feito com o Estado e ressaltou que o quadro é preocupante:

– As mudanças no Estado não são tarefa para um governo, mas para vários.


ALIÁS

Tarso Genro lançou a ideia de criação do passe livre estudantil, mas a iniciativa foi recebida com desconfiança nas redes sociais, por não ficar claro quem vai pagar a conta e porque os protestos vão muito além das tarifas.

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