A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 22 de junho de 2013

SIGLAS ATUAM NOS BASTIDORES DAS MOBILIZAÇÕES

CORREIO DO POVO 22/06/2013

Partidos disputam espaço nas manifestações


À direita, à esquerda ou ao centro, há participação de partidos políticos nos protestos que tomaram conta das ruas do país, apesar de inicialmente os movimentos se autodenominarem apartidários, de a exposição das bandeiras das siglas serem rechaçadas, e de centenas de milhares de jovens que estão nos protestos externarem sua descrença na representação partidária e no sistema eleitoral vigentes no Brasil.

No RS, integrantes do PSol e do PSTU, setores do PT, da juventude do PDT, da juventude do PSDB e, em um segundo momento, do PMDB, mesmo que sem carregar os símbolos de suas siglas, disparam manifestos na Internet, estão organizando manifestações na Capital ou nas demais cidades, marcham pelas ruas e, agora, começam a se identificar.

PSol e PSTU, como organização política, estão na origem da formação, em Porto Alegre, do Bloco de Luta em Defesa do Transporte Público, que começou suas manifestações em 2012, cresceu no início deste ano em função dos debates sobre o preço das passagens de ônibus e criou sua página no Facebook em fevereiro. Militantes do PT vinculados à vereadora Sofia Cavedon também fazem parte dele, mas o partido, como organização política, não.

O Bloco está entre os principais movimentos dos atuais protestos e, mesmo que estes se identifiquem como sem lideranças, pelo menos duas delas (do Bloco) ganharam visibilidade na semana que passou. Matheus Gordo, que é coordenador-geral do DCE da Ufrgs e membro da Assembleia Nacional de Estudantes — Livre, uma das entidades responsáveis pela organização dos protestos em diferentes capitais do país, integra o PSTU e concorreu a vereador pela sigla no ano passado em Porto Alegre. Lucas Maróstica, coordenador do Coletivo Juntos, é filiado ao PSol, trabalha junto ao gabinete da vereadora Fernanda Melchionna (PSol) e também tentou disputar vaga na Câmara da Capital. Sua candidatura foi indeferida.

Militantes que se definem como sem partido conhecem a atuação do PSol e do PSTU, mas seguem definindo o movimento como majoritariamente apartidário e chegam a apontar a existência do que chamam de “infiltrados” de outras siglas nos protestos, sem citar partidos específicos. “A Juventude do PDT em Porto Alegre participa dos protestos desde o início, desde as manifestações sobre a tarifa de ônibus”, assegurou ontem o presidente da Juventude Socialista do PDT no RS, João Henrique Cella de Souza.

Legendas disputam espaço

Os tucanos também afirmam estar entre os jovens que bradam sua indignação nas ruas de diferentes cidades do Rio Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre. “Nós do PSDB temos participado como cidadãos que estão descontentes. Não é mais só pelos R$ 0,20. O nosso pessoal já estava apoiando na redução do preço das passagens, agora é contra a corrupção e contra o aumento da inflação”, discursa a presidente da Juventude do PSDB/RS, Micheli Petry.

Ela divide os responsáveis por atos de vandalismo durante os protestos em dois grupos. “Uma parte são os oportunistas que se não estivessem ali iam estar no Centro batendo carteira. E uma parte são os que estão fazendo bandalheira ou para chamar a atenção da mídia ou para desacreditar o movimento. Ou seja, pode ser gente que tem interesse em acabar com as manifestações”, especula.

As aspirações e as críticas dos tucanos são alvo de indignação por parte dos integrantes dos partidos mais à esquerda que estão na organização dos movimentos. Eles acusam “a direita” de tentar se apropriar das manifestações nas ruas e temem que as bandeiras da anticorrupção e do repúdio aos atuais índices de inflação sirvam de mote para o “Fora Dilma” que já está nas redes sociais.

Quem admite ter chegado há pouco tempo é o PMDB que, na Capital, começou a participar das atividades de rua dia 19. “O pessoal diz que tudo começou de forma apartidária, mas o que ocorreu foi o contrário. Agora é que passou a ser assim. Como é que podem dizer que o Anonymous é apartidário se ele é de um monte de gente que era de tudo que era partido, inclusive do PMDB, perdeu o seu CC e aí resolveu incomodar?”, diz o presidente da Juventude do PMDB gaúcho, Daniel Kieling.


Fonte: Flávia Bemfica / Correio do Povo

Nenhum comentário: