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sábado, 22 de junho de 2013

BM AGIU PARA PROTEGER PESSOAS



ZERO HORA 22 de junho de 2013 | N° 17469

Tarso diz que BM agiu para proteger pessoas


Proteção à integridade física e à vida. Essa é a ordem que tem norteado as ações da Brigada Militar (BM) nos protestos promovidos no Rio Grande do Sul e que ganhou força na quinta-feira quando autoridades identificaram uma nova estratégia entre os vândalos que se misturam ao movimento: a de incendiar alvos.

O maior receio era de que fossem provocados incêndios em prédios onde houvesse pessoas. Ontem, o governador Tarso Genro reafirmou ter dado à BM orientação para uma atuação em “benefício das pessoas”:

– Cumpriram a orientação que eu tinha dado de só interferir quando ocorresse possibilidade de dano às pessoas, o que ocorreu ontem (quinta-feira) de maneira bem clara. A BM liberou passagem do Corpo de Bombeiros para combate de incêndios que estavam se processando e que tínhamos a informação de que seriam processados. Identificamos pessoas com materiais inflamáveis, os famosos coquetéis molotov. Então a BM impediu a aproximação para poupar vidas das pessoas que estavam trabalhando em determinados lugares, seja em órgão públicos ou instituições.

Tarso e o comando da BM têm sido questionados, além de discussões que circulam em redes sociais, sobre eventual proteção especial que estaria sendo prestada a determinados prédios, como o do jornal Zero Hora, na Avenida Ipiranga. As respostas têm sido unânimes: de que locais identificados antecipadamente como alvos para depredação devem ser protegidos.

Foi o que aconteceu na quinta-feira, por exemplo, com a sede da Polícia Federal (PF), que fica a poucos metros do prédio do jornal. Horas antes do protesto, foi feita uma reunião no local com representantes da BM para traçar o plano de reforço de segurança, já que na segunda-feira o prédio havia sido apedrejado. Em entrevista coletiva ontem, o comandante-geral da BM, coronel Fábio Duarte Fernandes, confirmou ter recebido o pedido da PF.

O coronel também explicou que a apuração prévia sobre as intenções de atacar alvos com fogo permitiu que a “BM realizasse ações preventivas, em especial naqueles alvos identificados pelo movimento e pela inteligência que seriam atingidos.” O temor da ocorrência de tumultos que envolvessem um grande número de pessoas foi um dos motivos para que a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça, também considerados alvo dos vândalos, decretassem expediente reduzido na quinta-feira, liberando os funcionários duas horas antes do horário marcado para o começo das manifestações no Centro.

Durante encontro promovido com líderes de movimentos sociais, partidos e jornalistas, na tarde de quinta-feira, o governador já havia falado sobre a proteção a pessoas:

– Não estamos protegendo nenhuma instituição. Nosso dever é proteger as pessoas, seja em que lugar for. Houve ataque à sede da Polícia Federal (na segunda-feira), que pediu segurança. Se tiver ameaça a prédio público ou privado, somos obrigados por lei e pela Constituição a dar proteção às pessoas.

Na segunda-feira, antes da tentativa de se aproximar do prédio da Zero Hora, os vândalos haviam depredado a sede do Departamento de Identificação e apedrejado os prédios da Companhia de Processamento de Dados (Procempa) e da PF, ambos situados na Ipiranga.



ENTREVISTA - “Estamos privilegiando a vida”


Comandante-geral da Brigada Militar, o coronel Fábio Duarte Fernandes explicou ontem, em entrevista a Zero Hora, os motivos que levaram a Brigada Militar a impedir que a manifestação de cerca de 20 mil pessoas, em Porto Alegre, seguisse pela Avenida Ipiranga na noite de quinta-feira.


Zero Hora – As autoridades têm repetido que os alvos foram anunciados e o prédio de Zero Hora estava entre eles. O que os vândalos, os grupos anárquicos, buscam com o ataque a prédios como o da ZH e da Assembleia, por exemplo? Querem gerar repercussão ampla dos atos?

Coronel Fábio Duarte Fernandes – Eles querem uma identidade nacional, ataques a prédios públicos, de natureza privada também, que é o caso de empresas de comunicação. Isso causa efeito imediato. São símbolos que eles estão buscando para sedimentar as ações anárquicas deles, de vandalismo.

ZH – Por que a BM faz cordão para evitar que o protesto chegue na frente da ZH?

Coronel Fábio – Não é só a Zero Hora. Existem ali outros prédios e locais de risco importantes, temos escola, a Polícia Federal, a Procempa, a EPTC, posto de gasolina. No prédio da Zero Hora há centenas de trabalhadores fazendo seu trabalho, inclusive, a cobertura das manifestações. Então, estamos atuando preventivamente, dentro da orientação de preservação à vida. Ontem (quinta), por exemplo, recebemos ligação do superintendente da PF dizendo que a depredação estava forte e pediu para avançarmos o efetivo.

ZH – Por que a Brigada Militar não deixa os manifestantes passarem pelo outro lado da Ipiranga, junto ao colégio Protásio Alves?

Coronel Fábio – Estamos buscando ainda essa consolidação, essa análise. Mas foi uma decisão técnica da operação, pois eu preciso também proteger a tropa, não posso abrir flancos. Mas estamos avaliando melhor isso para segunda-feira.

ZH – Há quem reclame que está ocorrendo proteção “de empresa privada em detrimento das demais, do comércio em geral”. É verdade?

Coronel Fábio – Nós não protegemos empresas. Temos alvos identificados pelo setor de inteligência e nosso objetivo é preservar a vida das pessoas. Tínhamos aula no colégio Protásio Alves, a ZH com trabalhadores, a PF com trabalhadores. Estamos privilegiando a vida.

ZH – Por que na frente da ZH há concentração maior de PMs do que em outros locais da cidade?

Coronel Fábio – Não é verdade. O contingente na região central era muito superior ao que estava na Ipiranga. Era maior junto à prefeitura e ao Palácio Piratini, que são dois símbolos evidentes junto aos depredadores. Recebemos pedidos para dar proteção também para a Assembleia e para a Câmara de Vereadores. Eram muitos focos de proteção. Tinha no Centro Administrativo, no Palacinho, no QG da BM, no Palácio da Polícia.

ZH – Qual orientação de atuação frente às depredações?

Coronel Fábio – Estamos avaliando formas de minimizar isso de maneira mais eficiente.

ZH – Em que momento a tropa começa a lançar bombas: só para evitar que se aproximem de prédios, como o da ZH, ou quando já ocorreu algum ataque?

Coronel Fábio – A BM só age assim como forma de reação e defesa. Não há uso de artefatos aleatoriamente. Se comparar com atuação de outras polícias, se vê filmagens de policiais indo buscar um ou outro manifestante. Não fazemos isso. Não queremos contato direto. Só iniciamos nossa ação quando somos agredidos. E isso tem dado a compreensão, inclusive nacional, de que nossa atuação é exemplar. Só atuamos quando somos agredidos. Na quinta-feira, jogaram bomba molotov na tropa (nas proximidades da PF).

ZH – Seria possível bloquear a caminhada antes dessa região da Ipiranga, onde há prédios considerados “alvo”?

Coronel Fábio – Temos reunião na segunda-feira para avaliar a eficácia das ações. Isso não está descartado, de se fazer bloqueio em outras áreas. Essa região da Ipiranga reúne uma série de problemas. E nosso objetivo é que a cidade no outro dia continue, que as pessoas possam ir para o trabalho, que as sinaleiras funcionem. O sistema da cidade está integrado, os bancos, os hospitais. Essas preocupações às vezes são imperceptíveis para a sociedade, de que uma ação em determinado ponto pode gerar até uma morte de alguém internado em um hospital que precise de sangue, de transplante. A polícia tem obrigação de pensar tudo isso.

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