A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 22 de junho de 2013

DILMA: ESTOU OUVINDO VOCÊS!


ZERO HORA 22 de junho de 2013 | N° 17469

FIM DO SILÊNCIO. “Eu estou ouvindo vocês”, diz Dilma



Recado aos “arruaçeiros”, pacto com prefeitos e governadores, preocupação com a imagem do Brasil no Exterior e medidas para combater a corrupção foram alguns dos destaques do pronunciamento feito ontem à noite pela presidente Dilma Rousseff em cadeia de rádio e TV.

O Palácio do Planalto quebrou o silêncio às 21h de ontem, depois de três dias de intensos protestos e atos de violência pelo país. Por 10 minutos, em cadeia de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff disse que vai convidar representantes dos manifestantes, mas afirmou que os órgãos de segurança têm “dever de coibir dentro da lei toda forma de vandalismo”:

– Quero repetir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que pedem mudança. Quero dizer a vocês que foram pacificamente às ruas: eu estou ouvindo vocês! E não vou transigir com a violência e a arruaça. Será sempre em paz, com liberdade e democracia que vamos continuar construindo juntos este nosso grande país.

Pacto pela qualidade dos serviços públicos

Dilma também afirmou que vai conversar nos próximos dias com chefes de outros poderes, governadores e prefeitos das principais cidades do país a fim de realizar um grande pacto em torno da melhora dos serviços públicos. De acordo com o pronunciamento, a proposta de Dilma terá três eixos. O primeiro terá como foco a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, a fim de privilegiar o transporte coletivo. O segundo, a destinação de 100% dos recursos do petróleo para a educação. E o terceiro, trazer, de imediato, milhares de médicos do Exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

No discurso, a presidente afirmou que é preciso “oxigenar o nosso velho sistema político” e encontrar meios que tornem as instituições “mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade”:

– É a cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar.

Sem dar detalhes, Dilma disse que quer contribuir para a construção de uma “ampla e profunda” reforma política, a fim de aumentar a participação popular. E, numa resposta às críticas contra as agremiações partidárias, disse que é “equívoco” achar que qualquer país possa “prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático”.

A presidente destacou que é preciso criar formas mais claras de combate à corrupção e defendeu a ampliação da Lei de Acesso à Informação, proposta sancionada em seu governo, para os demais poderes da República e as instâncias federativas:

– Ela é um poderoso instrumento do cidadão para fiscalizar o uso correto do dinheiro público. Aliás, a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor.

Mostrando sua preocupação com os reflexos negativos na imagem do país em plena Copa das Confederações, afirmou que o brasileiro, que sempre é bem recebido no Exterior, precisa receber muito bem os estrangeiros visitando o Brasil.

Ela disse ainda que o país irá fazer uma “grande Copa do Mundo” em 2014, refutando os boatos de cancelamento. E procurou defender as obras do evento. Em seu discurso, afirmou que não foram usados recursos da educação e da saúde na construção dos estádios, mas financiamentos que terão de ser pagos pelos Estados e empresas responsáveis pelos projetos.

A presidente decidiu fazer o pronunciamento à nação ontem pela manhã, durante reunião com sua equipe. Foi feito um balanço da violência e meios para coibi-la. O tema foi debatido com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Dilma esteve também com Aldo Rebelo (Esportes), Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Gilberto Carvalho (Secretaria-geral da Presidência).


TRÊS EIXOS - As promessas de Dilma na TV não são novidade

- Ao prometer 100% dos recursos do petróleo para a educação, Dilma apenas quis dizer que não deve retirar o pedido de urgência para votação do projeto que se encontra na Câmara.

- O Plano de Mobilidade Urbana depende de um grande acerto com as prefeituras.

- Contratar médicos do Exterior para ampliar os serviços do SUS já havia sido cogitado pelo próprio governo.


DILMA ROUSSEFF, presidente - Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil. Todas as instituições e os órgãos da Segurança Pública têm o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e vandalismo. Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem. O Brasil, único país que participou de todas as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.


TARSO GENRO, governador - Os anarquistas têm influência e controle direto dos atos de vandalismo. Isso já foi identificado pela polícia. São jovens desorientados que caem na marginalidade, entendem que a violência é solução para tudo. Odeiam a comunidade negra, odeiam os homossexuais, odeiam os partidos, odeiam tudo aquilo que não são eles mesmos. São os introdutores do vírus da violência num movimento que tem enorme respeito social pela pauta generosa que tem apresentado.

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