A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

COMEÇOU BEM. TERMINOU MAL

ZERO HORA 21 de junho de 2013 | N° 17468

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


As imagens bonitas de milhares de pessoas, com e sem guarda-chuva, enfrentando a noite de véspera do inverno para se manifestar em Porto Alegre, não podem ser diminuídas pelas tristes cenas protagonizadas pelos vândalos que outra vez tentaram macular o protesto democrático. No momento em que um grupo invadia o Itamaraty, um dos prédios mais simbólicos de Brasília, em Porto Alegre um pequeno grupo de marginais chutava estabelecimentos comerciais na Azenha. Na João Pessoa, agência do Banrisul foi alvo dessa fúria assustadora.

Mais uma vez, ficou a sensação de que os protestos legítimos estão perdendo para a desordem por obra e graça de grupelhos que encontraram na violência o seu jeito de chamar a atenção. Os milhares de manifestantes pacíficos correm o risco de perder espaço para os bárbaros.

No Rio de Janeiro, uma multidão de 300 mil pessoas se uniu para protestar pacificamente. Mais uma vez, porém, houve violência e confrontos da polícia com grupos menores.A confusão de ontem lança dúvidas sobre o futuro do movimento, que até aqui tem amplo apoio da sociedade.

Depois da invasão do teto do Congresso, na segunda-feira, e do Itamaraty na noite de ontem, a presidente Dilma Rousseff tem sobradas razões para se preocupar. As imagens correm o mundo e deixam em quem as vê a impressão de que o país está em guerra civil.

Os excessos acabam roubando o tempo que as TVs dedicariam a mostrar o predominante lado bonito e civilizado dos protestos. Tem sido assim desde o primeiro ato: no começo, os repórteres relatam a participação popular, o conteúdo dos cartazes, a adesão das pessoas que manifestam apoio ao longo do trajeto. Seria ótimo poder mostrar essas cenas de paz do começo ao fim, mas não se pode fugir da notícia. É preciso mostrar o bom e o ruim.

Na seara dos partidos, a quinta-feira foi marcada pela gafe do presidente do PT, Rui Falcão, que repetiu o erro de Fernando Collor em 1992. Falcão sugeriu uma maré vermelha, em apoio ao PT, e encontrou o repúdio dos manifestantes apartidários. Collor sugeriu que os brasileiros usassem verde e amarelo no 7 de Setembro e os jovens se cobriram de luto. O resto da história todo mundo conhece.


Vera Guasso nega revista em reunião

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Processamento de Dados e principal líder do PSTU, Vera Guasso nega que os participantes da reunião do Bloco de Lutas, que, na terça-feira, discutiu a organização do protesto de ontem tenham sido revistados.

– Não houve nada disso – garantiu, contestando a versão de fontes que relataram detalhes da reunião a Zero Hora.

Vera Guasso também nega que na reunião tenham sido discutidas ações violentas. ZH tem provas de que se discutiu, sim, a possibilidade de depredações.


ALIÁS

Na conversa com os internautas, Tarso disse que gostaria de aprovar o fim do Tribunal de Justiça Militar e a criação do Conselho de Comunicação, mas não tem votos suficientes na Assembleia.


PORTAS ABERTAS AOS MANIFESTANTES



Foi corajoso e ousado o gesto do governador Tarso Genro de levar um grupo de manifestantes para dentro do Palácio Piratini e responder, em transmissão pela web, às perguntas dos internautas.

Tarso usou o veículo preferido dos manifestantes – a internet – para dialogar com o movimento. A TVCOM transmitiu ao vivo toda a conversa, que durou mais de uma hora e foi repleta de críticas à atuação da Brigada Militar.

Um dos militantes exibiu uma marca no rosto, que teria sido causada por uma agressão da Brigada, no último protesto. Outro chegou a chorar diante das câmeras ao relatar como foi tratado ao ser preso na segunda-feira.

Iniciativa do Gabinete Digital, coordenado pelo secretário-geral de Governo, Vinícius Wu, esta edição do projeto O Governador Escuta serviu para tentar acalmar os ânimos mais exaltados.

Tarso ouviu as críticas à ação da Brigada e reafirmou a orientação repassada à corporação: de proteger, em primeiro lugar, a vida das pessoas.

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