EM PORTO ALEGRE. Tarso busca diálogo com movimentos
Preocupado com a onda de protestos que varre o Brasil, o governador Tarso Genro buscou radicalizar o diálogo ao receber líderes de movimentos sociais, partidos e jornalistas no Gabinete Digital, no Palácio Piratini, para debater reivindicações, o rumo das manifestações e o futuro do sistema político e de sociedade.
Fazendo uso da tecnologia, a mesma que impulsiona os jovens nas ruas, Tarso tentou erguer a bandeira da paz e tornou o debate nacional ao incluir na discussão, via web, ativistas de cidades como São Paulo, Rio e Fortaleza.
Transmitido pelo site do governo, da Carta Capital e pela TV COM, a conversa chegou a derrubar a página do Gabinete Digital devido ao elevado número de acessos. Tarso recebeu elogios pela iniciativa, ouviu atento, respondeu questionamentos sobre excessos da Brigada Militar, abordou o “esgotamento dos partidos tradicionais e a necessidade de uma reforma política” e apelou pela paz nas ações. Ele explicou que os policiais estão orientados a reagir em casos extremos de proteção pessoal ou risco à integridade de outros. Sobre as causas que levam milhares às ruas, apontou três crises: a de representação política, a dos partidos e a do modo de vida da sociedade “consumista e predatória”:
– O Parlamento está desconsiderado, vazio. É um jogo de interesses regionais e partidários. Só podemos vencer isso com uma reforma política.
Criação de um canal virtual para críticas
Um momento de destaque veio com o depoimento de Bruno Galli, que relatou ter sido preso por filmar agressões a manifestantes. Emocionado, ele contou ter sido chutado, derrubado e algemado por sete horas em um posto policial.
Tarso assegurou que excessos estão sendo apurados – e disse que, em caso de confirmações, as punições serão severas. Ele também foi questionado sobre o que um ativista chamou de “proteção” da Brigada Militar ao prédio de Zero Hora. Na manifestação de segunda-feira, o protesto tomava o rumo do local até que foi dispersado pela BM. O mesmo ocorreu ontem:
– Não estamos protegendo nenhuma instituição. Nosso dever é proteger as pessoas, seja em que lugar for. Houve ataque à sede da Polícia Federal, que pediu segurança. Se tiver ameaça a prédio público ou privado, somos obrigados por lei e pela Constituição a dar proteção às pessoas.
Temas como a democratização da mídia, desmilitarização das polícias, gastos excessivos com a Copa e a precariedade do transporte público, saúde e educação foram pautados com força.
– Nossas urgências não cabem só nos programas sociais. Isso traz insurgência de 500 mil pessoas – afirmou Rodrigo Barcellos, do Bloco de Luta pelo Transporte Público.
Tarso sugeriu a criação de um canal virtual para canalizar críticas ou denúncias ao trabalho da BM. E transmitiu um recado:
– É necessário que as lideranças dirijam o movimento. Um movimento sem direção pode se tornar anárquico. E um movimento anárquico pode ser cooptado pelo fascismo. A história mostra isso com o Mussolini e o Hitler.
CARLOS ROLLSING
PORTAS ABERTAS AOS MANIFESTANTES
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Foi corajoso e ousado o gesto do governador Tarso Genro de levar um grupo de manifestantes para dentro do Palácio Piratini e responder, em transmissão pela web, às perguntas dos internautas.
Tarso usou o veículo preferido dos manifestantes – a internet – para dialogar com o movimento. A TVCOM transmitiu ao vivo toda a conversa, que durou mais de uma hora e foi repleta de críticas à atuação da Brigada Militar.
Um dos militantes exibiu uma marca no rosto, que teria sido causada por uma agressão da Brigada, no último protesto. Outro chegou a chorar diante das câmeras ao relatar como foi tratado ao ser preso na segunda-feira.
Iniciativa do Gabinete Digital, coordenado pelo secretário-geral de Governo, Vinícius Wu, esta edição do projeto O Governador Escuta serviu para tentar acalmar os ânimos mais exaltados.
Tarso ouviu as críticas à ação da Brigada e reafirmou a orientação repassada à corporação: de proteger, em primeiro lugar, a vida das pessoas.
ALIÁS
Na conversa com os internautas, Tarso disse que gostaria de aprovar o fim do Tribunal de Justiça Militar e a criação do Conselho de Comunicação, mas não tem votos suficientes na Assembleia.
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