A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

DILMA DIZ QUE MENSAGEM DAS RUAS É DE REPÚDIO À CORRUPÇÃO E AO USO INDEVIDO DE DINHEIRO PÚBLICO


Dilma diz que mensagem das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público. Presidente defende manifestações e afirma que governo federal ouve ‘vozes pela mudança’. Ministros avaliam que sociedade quer mais qualidade nos serviços públicos mas negam que protestos mostrem rejeição a governos

CATARINA ALENCASTRO
LUIZA DAMÉ 
O GLOBO
Atualizado:18/06/13 - 14h09

Dilma Rousseff defende manifestações e diz que governo ouve ‘vozes pela mudança’Divulgação


BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff aproveitou o final de seu discurso de lançamento do novo código da Mineração, no Palácio do Planalto, para defender o seu governo contra os protestos que levaram ontem às ruas quase 250 mil manifestantes. Ela disse nesta terça-feira que o Brasil fica mais forte com protestos, e que o governo ouve as “vozes pela mudança”. A presidente afirmou que a mensagem das ruas, além de reivindicar melhores serviços públicos, condena a corrupção e o mau uso dos recursos públicos.

— Essa mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário. Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público. Essa mensagem direta das ruas contempla o valor intrínseco da democracia — disse a presidente.

A presidente disse que tem orgulho dos que saíram de casa para reclamar.

— O Brasil hoje acordou mais forte. É bom ver tantos jovens e adultos, o neto, o pais, o avô juntos com a bandeira do Brasil cantando o hino nacional, dizendo com orgulho ‘eu sou brasileiro’ e defendendo um país melhor. O Brasil tem orgulho deles. Devemos louvar o caráter pacífico dos atos de ontem — disse a presidente, que reconheceu o direito ao protesto, mas disse que a violência deve ser condenada rigorosamente:

— Infelizmente, é verdade, aconteceram atos minoritários e isolados de violência contra pessoas e contra o patrimônio público e privado, que devemos condenar e coibir com vigor. Toda violência é destrutiva, lamentável e só gera mais violência. Não podemos aceitar jamais conviver com ela.

Dilma disse que os manifestantes passaram uma “mensagem direta”, pedindo mais saúde, educação, melhor transporte e menos corrupção. Segundo a presidente, que mencionou que sua geração também foi às ruas contra o status quo, os pedidos têm que ser ouvidos. Ela disse que quem protestou ontem pode estar certo de que seu governo também quer mais:

— O meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. O meu governo está empenhado e comprometido com a transformação. As vozes das ruas querem mais. Mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades. Eu quero aqui garantir que o meu governo também quer mais, e que nós vamos conseguir mais para o nosso país e para o nosso povo.

Ministros seguiram o tom do discurso da presidente e consideraram legítimo o direito de manifestação da população. O ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, disse que não há crise nem rejeição a governos, mas uma cobrança da sociedade por melhor qualidade nos serviços públicos.

— Toda manifestação numa sociedade democrática é válida, por isso nós temos uma democracia, para permitir que haja manifestações da coletividade, inclusive como essas. E é bom que haja para que a sociedade consiga interagir com a classe política, com o Estado. Não há crise. É uma realidade normal de uma sociedade democrática haver movimentos de manifestação aqui e em qualquer lugar do mundo. É bom que haja, não vejo mal nisso. Agora eu não acho que isso represente uma crise — disse Adams.

Os protestos, para o ministro, não representam uma rejeição aos governos nem aos partidos políticos:

— Não, não há rejeição aos governos. É uma manifestação da sociedade a favor de reivindicações, de melhorias, de mais qualidade da atuação estatal, de qualidade de atuação do serviço público, que eu acho que é legítimo e necessário para que a sociedade, digamos assim, possa ser ouvida inclusive pela classe política como um todo.

Adams disse que a atuação da polícia tem de ser "proporcional e garantir a manifestação da sociedade democrática e pacífica". A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, afirmou que a violência foi rejeitada pela sociedade.

— A presidente fez um pronunciamento contundente, firme a favor da democracia de entendimento que todo nós devemos ouvir o pronunciamento das ruas. Todo o governo está orientado a interpretar essas manifestações e perceber que o governo deve se empenhar cada vez mais pela qualidade de vida e pelo enfrentamento da violência. Do ponto de vista dos direitos humanos está claro que a violência de todo tipo é rejeitada — disse a ministra.

Maria do Rosário disse que nesta tarde vai repetir esse discurso na reunião do Conselho Nacional de Direitos Humanos. A ministra não concorda que as manifestações demonstrem que o governo federal está tão bem como dizem seus integrantes.

— É preciso que todas as autoridades façam a leitura desse movimento. Conseguimos superar a miséria extrema, que é um marco importantíssimo para o Brasil, novas agendas e novas reivindicações se colocam. É importante porque fortalece a democracia. Questões da subjetividade dos direitos também são colocadas, como acesso à cultura, acesso à livre orientação sexual, da possibilidade de as instituições serem mais abertas, não apenas o Poder Executivo, mas o Judiciário e o Legislativo também — afirmou.

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