Pais promovem atos para protestar com os filhos em várias cidades. Domingo, no Rio, está marcada a manifestação #Vem pra Praça, na Barra da Tijuca
LETICIA HELENA
LETICIA HELENA
O GLOBO
Atualizado:22/06/13 - 11h14
Grupo de mães da Barra organiza um protesto, no domingo, no Pomar da Barra Laura Marques / O Globo
RIO — A geração dos carinhas pintadas vem aí e com força total. Filhos de jovens que foram às ruas para derrubar o governo Collor, bebês, crianças e pré-adolescentes participam, no domingo, de manifestações no Rio e em Niterói para provar que cidadania vem de berço. E como pintar o sete é com eles mesmos, os rostos coloridos em verde e amarelo promete dar o tom das marchas das crianças. Os movimentos infantis surgiram por iniciativa de pais e mães, que queriam engrossar o coro dos protestos espalhados pelo país, sem deixar os pimpolhos em casa. Com o poder de difusão das redes sociais, a ideia cresceu e se espalhou. Em todo o país, até o dia 30, já foram convocados cerca de 20 encontros para pequenos cidadãos e a tendência é que esse número cresça ainda mais.
— O retorno foi impressionante. Criamos um grupo fechado, de mães da Barra e do Recreio, e lançamos a ideia. Em pouco tempo, tínhamos mais de 300 adesões — conta a fotógrafa Alessandra Hardman, mãe de Júlia, de 11 anos, e Ana, de 3, diretora da Associação Metropolitana dos Estudantes (Ames) na época do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello e uma das organizadoras do #Vem pra Praça, marcado para 10h, no Praça do Pomar.
A fotógrafa e as amigas Martha Andrea Dantas, mãe de Catharina, de 9 anos; e Oto, de 4; e Heloisa Dantas, grávida e mãe do Lucas, de 2, estão desde quarta-feira preparando faixas e cartazes para o protesto. Elas contaram com a ajuda de um grupo de alunos da unidade Barra da Escola Parque: Raphael Vasconcellos, Vanessa Moreira, Maria Gabriela Dallier e Gustavo Paraense. Os jovens tambem estarão no Vem Pra Praça no domingo. Ex-aluna do Instituto de Educação, Alessandra desconfia que as filhas herdaram seu gosto pela política. Júlia chegou a criar uma fábula para explicar à Ana o que faziam os manifestantes no teto do Congresso Nacional, em Brasília.
— Contei para ela que lá vivia uma rainha e que ela não estava cuidando direito do Brasil. Por isso, as pessoas estavam reclamando — diz Júlia que, com sua historinha, acabou atraindo a atenção da irmã caçula para assistir às manifestações pela TV.
Na casa da fisioterapeuta Eneida Queiroz, política também está no DNA. A filha Joyce, de 3 anos, estará, domingo, de verde e amarelo no Aterro do Flamengo. A manifestação, por sinal, já nasce sob o signo da união: as mães que organizavam o Ato Brincante juntaram-se às que marcavam uma concentração no Baixo Bebê, no Leblon, batizada de Todos Juntos Somos Fortes. O ponto de encontro será atrás do Porcão, às 10h.
— Na época do Fora Collor eu tinha 13 anos, mas estava lá — lembra Eneida. - Desta vez, vi, numa comunidade do Facebook um movimento de mães em São Paulo e gostei da ideia. Com duas amigas, começamos a convocação. A participação das crianças é importante para os políticos pensarem que país pretendem deixar para elas.
Enquanto o futuro não chega, o fofíssimo Antonio, de 11 meses, foi escalado pelos pais, Olavo von Sydow Canavarro e Danielle Marques, para atuar como uma espécie de apresentador da manifestação. Uma foto do menino segurando um cartaz de convocação para o evento no Aterro está fazendo o maior sucesso na rede.
— O Antonio é o nosso maior motivador. Quero um país mais justo para ele — diz Danielle.
O mesmo pensamento leva às ruas a designer Cristiana Queiroga, do Todos Juntos Somos Fortes, mãe de Luca, de 4 anos, e Estela, de 7 meses. De tanto acompanhar as manifestações pela web, ela achou que já era hora de protestar no mundo real. E ainda propôs transformar as canções dos Saltimbancos na trilha sonora do movimento dos carinhas pintadas.
— Sempre achei que os Saltimbancos tinham tudo a ver com política, eram protesto puro. Por isso, vamos fazer máscaras dos bichos e cantar as músicas durante a manifestação. Com as crianças nas ruas, vamos mostrar que queremos um país melhor para nossos filhos — afirma.
Confira aqui alguns protestos
Amanhã
Pintando o futuro - 8h30m às 11h, na Praça Quinze, no Centro do Rio.
Ato Brincante Niterói - 8h30m às 11h30m, na Praça Getúlio Vargas, em Icaraí.
Ato Brincante BH - 9h, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
Ato Brincante SP - 9h às 16h, no Parque Mário Covas, em São Paulo.
Todos Juntos Somos Fortes + Ato Brincante RJ - 10h, no Aterro do Flamengo, no Rio.
#Vem Pra Praça - 10h, na Praça do Pomar, na Barra
Crianças, Cidadãos do Futuro - Mamaço, Slingada e Brincadeiras! - 10h, no Trapiche da Beira Mar Norte, em Florianópolis.
As crianças vão para a rua - 10h, na Praça Raul Soares, em Belo Horizonte.
Sábado, dia 29
Marcha das Crianças em Porto Alegre - 15h, no Parque da Redenção
Domingo, dia 30
Marcha das Crianças em Brasília - 9h, no Parque da Cidade.
Marcha das Crianças em Fortaleza - 9h, no Passeio Público.
Atualizado:22/06/13 - 11h14
Grupo de mães da Barra organiza um protesto, no domingo, no Pomar da Barra Laura Marques / O Globo
RIO — A geração dos carinhas pintadas vem aí e com força total. Filhos de jovens que foram às ruas para derrubar o governo Collor, bebês, crianças e pré-adolescentes participam, no domingo, de manifestações no Rio e em Niterói para provar que cidadania vem de berço. E como pintar o sete é com eles mesmos, os rostos coloridos em verde e amarelo promete dar o tom das marchas das crianças. Os movimentos infantis surgiram por iniciativa de pais e mães, que queriam engrossar o coro dos protestos espalhados pelo país, sem deixar os pimpolhos em casa. Com o poder de difusão das redes sociais, a ideia cresceu e se espalhou. Em todo o país, até o dia 30, já foram convocados cerca de 20 encontros para pequenos cidadãos e a tendência é que esse número cresça ainda mais.
— O retorno foi impressionante. Criamos um grupo fechado, de mães da Barra e do Recreio, e lançamos a ideia. Em pouco tempo, tínhamos mais de 300 adesões — conta a fotógrafa Alessandra Hardman, mãe de Júlia, de 11 anos, e Ana, de 3, diretora da Associação Metropolitana dos Estudantes (Ames) na época do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello e uma das organizadoras do #Vem pra Praça, marcado para 10h, no Praça do Pomar.
A fotógrafa e as amigas Martha Andrea Dantas, mãe de Catharina, de 9 anos; e Oto, de 4; e Heloisa Dantas, grávida e mãe do Lucas, de 2, estão desde quarta-feira preparando faixas e cartazes para o protesto. Elas contaram com a ajuda de um grupo de alunos da unidade Barra da Escola Parque: Raphael Vasconcellos, Vanessa Moreira, Maria Gabriela Dallier e Gustavo Paraense. Os jovens tambem estarão no Vem Pra Praça no domingo. Ex-aluna do Instituto de Educação, Alessandra desconfia que as filhas herdaram seu gosto pela política. Júlia chegou a criar uma fábula para explicar à Ana o que faziam os manifestantes no teto do Congresso Nacional, em Brasília.
— Contei para ela que lá vivia uma rainha e que ela não estava cuidando direito do Brasil. Por isso, as pessoas estavam reclamando — diz Júlia que, com sua historinha, acabou atraindo a atenção da irmã caçula para assistir às manifestações pela TV.
Na casa da fisioterapeuta Eneida Queiroz, política também está no DNA. A filha Joyce, de 3 anos, estará, domingo, de verde e amarelo no Aterro do Flamengo. A manifestação, por sinal, já nasce sob o signo da união: as mães que organizavam o Ato Brincante juntaram-se às que marcavam uma concentração no Baixo Bebê, no Leblon, batizada de Todos Juntos Somos Fortes. O ponto de encontro será atrás do Porcão, às 10h.
— Na época do Fora Collor eu tinha 13 anos, mas estava lá — lembra Eneida. - Desta vez, vi, numa comunidade do Facebook um movimento de mães em São Paulo e gostei da ideia. Com duas amigas, começamos a convocação. A participação das crianças é importante para os políticos pensarem que país pretendem deixar para elas.
Enquanto o futuro não chega, o fofíssimo Antonio, de 11 meses, foi escalado pelos pais, Olavo von Sydow Canavarro e Danielle Marques, para atuar como uma espécie de apresentador da manifestação. Uma foto do menino segurando um cartaz de convocação para o evento no Aterro está fazendo o maior sucesso na rede.
— O Antonio é o nosso maior motivador. Quero um país mais justo para ele — diz Danielle.
O mesmo pensamento leva às ruas a designer Cristiana Queiroga, do Todos Juntos Somos Fortes, mãe de Luca, de 4 anos, e Estela, de 7 meses. De tanto acompanhar as manifestações pela web, ela achou que já era hora de protestar no mundo real. E ainda propôs transformar as canções dos Saltimbancos na trilha sonora do movimento dos carinhas pintadas.
— Sempre achei que os Saltimbancos tinham tudo a ver com política, eram protesto puro. Por isso, vamos fazer máscaras dos bichos e cantar as músicas durante a manifestação. Com as crianças nas ruas, vamos mostrar que queremos um país melhor para nossos filhos — afirma.
Confira aqui alguns protestos
Amanhã
Pintando o futuro - 8h30m às 11h, na Praça Quinze, no Centro do Rio.
Ato Brincante Niterói - 8h30m às 11h30m, na Praça Getúlio Vargas, em Icaraí.
Ato Brincante BH - 9h, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
Ato Brincante SP - 9h às 16h, no Parque Mário Covas, em São Paulo.
Todos Juntos Somos Fortes + Ato Brincante RJ - 10h, no Aterro do Flamengo, no Rio.
#Vem Pra Praça - 10h, na Praça do Pomar, na Barra
Crianças, Cidadãos do Futuro - Mamaço, Slingada e Brincadeiras! - 10h, no Trapiche da Beira Mar Norte, em Florianópolis.
As crianças vão para a rua - 10h, na Praça Raul Soares, em Belo Horizonte.
Sábado, dia 29
Marcha das Crianças em Porto Alegre - 15h, no Parque da Redenção
Domingo, dia 30
Marcha das Crianças em Brasília - 9h, no Parque da Cidade.
Marcha das Crianças em Fortaleza - 9h, no Passeio Público.
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