ZERO HORA 18/06/2013 | 04h39
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Rosane de Oliveira
A invasão da esplanada do Congresso produziu para o mundo um símbolo das manifestações de rua no Brasil. Poucas fotografias serão mais expressivas do que a dos manifestantes dançando no teto e projetando suas sombras nas abóbodas brancas desenhadas por Oscar Niemeyer.
Só nas Diretas Já (1984) e no Fora Collor (1992) se viu tanta gente nas ruas do Rio e de São Paulo como nas manifestações de ontem, que se espalharam por todo o Brasil. O mar de gente que tomou ruas e avenidas de capitais e de cidades de porte médio não tinha uma causa única pela qual lutar – e é isso que faz tão singulares essas manifestações.
O aumento da passagem de ônibus, que estava na origem dos protestos, tornou-se apenas um ponto sob o guarda-chuva que abriga a causa de cada um. Os alvos são os governos, os partidos, a corrupção, os maus serviços públicos, os gastos com as obras da Copa e até a PEC 37, que tira poder do Ministério Público na investigação criminal.
A principal explicação para o sucesso da mobilização no Rio e em São Paulo é a reação à violência da polícia, que, nos protestos anteriores, exagerou no uso de gás lacrimogêneo e de balas de borracha. Ao atingir pessoas que não estavam praticando atos de vandalismo, a polícia catalisou as insatisfações e levou às ruas pessoas que na semana passada só acompanhavam o movimento pelas redes sociais.
Orientada pelos governos, que não querem correr o risco de produzir um mártir, a polícia das principais cidades, especialmente a de São Paulo, tentou evitar o confronto. No Rio Grande do Sul, essa orientação vigora desde outubro de 2012, a partir do episódio do tatu-bola, em Porto Alegre.
O governador Tarso Genro considerou a reação da polícia desproporcional e determinou que agisse com moderação a partir dali, mas ontem a BM teve de jogar bombas de efeito moral diante dos atos de vandalismo. Manifestantes atacaram policiais com paus e pedras e depredaram pelo menos uma viatura, colocando em risco a vida dos PMs.
A falta de foco torna imprevisíveis os rumos dos protestos, sintetizados na frase “contra tudo o que está aí”. A dúvida é se será fogo de palha, que passará como passaram as manifestações contra o pastor Marco Feliciano, ou se o descontentamento se converterá em alguma ação mais concreta contra governos ou instituições.
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A invasão da esplanada do Congresso produziu para o mundo um símbolo das manifestações de rua no Brasil. Poucas fotografias serão mais expressivas do que a dos manifestantes dançando no teto e projetando suas sombras nas abóbodas brancas desenhadas por Oscar Niemeyer.
Só nas Diretas Já (1984) e no Fora Collor (1992) se viu tanta gente nas ruas do Rio e de São Paulo como nas manifestações de ontem, que se espalharam por todo o Brasil. O mar de gente que tomou ruas e avenidas de capitais e de cidades de porte médio não tinha uma causa única pela qual lutar – e é isso que faz tão singulares essas manifestações.
O aumento da passagem de ônibus, que estava na origem dos protestos, tornou-se apenas um ponto sob o guarda-chuva que abriga a causa de cada um. Os alvos são os governos, os partidos, a corrupção, os maus serviços públicos, os gastos com as obras da Copa e até a PEC 37, que tira poder do Ministério Público na investigação criminal.
A principal explicação para o sucesso da mobilização no Rio e em São Paulo é a reação à violência da polícia, que, nos protestos anteriores, exagerou no uso de gás lacrimogêneo e de balas de borracha. Ao atingir pessoas que não estavam praticando atos de vandalismo, a polícia catalisou as insatisfações e levou às ruas pessoas que na semana passada só acompanhavam o movimento pelas redes sociais.
Orientada pelos governos, que não querem correr o risco de produzir um mártir, a polícia das principais cidades, especialmente a de São Paulo, tentou evitar o confronto. No Rio Grande do Sul, essa orientação vigora desde outubro de 2012, a partir do episódio do tatu-bola, em Porto Alegre.
O governador Tarso Genro considerou a reação da polícia desproporcional e determinou que agisse com moderação a partir dali, mas ontem a BM teve de jogar bombas de efeito moral diante dos atos de vandalismo. Manifestantes atacaram policiais com paus e pedras e depredaram pelo menos uma viatura, colocando em risco a vida dos PMs.
A falta de foco torna imprevisíveis os rumos dos protestos, sintetizados na frase “contra tudo o que está aí”. A dúvida é se será fogo de palha, que passará como passaram as manifestações contra o pastor Marco Feliciano, ou se o descontentamento se converterá em alguma ação mais concreta contra governos ou instituições.
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